23.12.11

Ainda dá tempo


Meio fora de hora, encerro os trabalhos de Natal, tentando driblar o maior de meus resfriados do ano (tenho sempre uns dois, um deles de interromper o trânsito). É sobre as dificuldades de presentearmos com vinhos e seus acessórios.
Só temos até amanhã, sábado, para fazermos nossas escolhas. E se nosso alvo seja não apenas um amante da bebida, mas um daqueles obcecados assinante da Wine Spectator, da Jancis Robinson, sabe do último traque de Robert Parker, têm uma vistosa coleção de vinhos. Toda a vez que você menciona um rótulo ele responde que já conhece (e que não tolerou). Ou, com ar desdenhoso, nos sapeca um “nunca ouvi falar”, sintoma certo de nossa imensa ignorância na matéria. É isso, no final, esse tipo de gente se exercita a partir do acham que conhecem e da estúpida certeza de que sabem tudo sobre a matéria. Para essa figura, não adianta pensarmos em vinhos.
Fazer o quê, leitora? Apelamos para os acessórios. Mas essas pessoas vivem catando modelos e mais modelos de abridores, tampas, decantadores entre dezenas e dezenas de ofertas criativas, sim, embora basicamente inúteis (e caríssimas, invariavelmente).
Veja nesse exemplo, onde temos acessórios e (como dizer?) geringonças, dispositivos tentando facilitar a vida de quem quer apenas tomar uma taça de vinho. São bandejas especiais para taças, que parecem palhetas de pintor, as taças ficam dependuradas. E mais aeradores (ou preservadores) espécie de decantadores que misturam o ar o vinho através de uma torre de acrílico, sem que uma gora seja desperdiçada; um abridor elétrico para rolhas, acompanhado de um termômetro infravermelho e tela digital para leitura; pulseiras de plástico para taças (você fica sabendo quem está bebendo o quê), suportes de plásticos coloridos para a base das taças; um cooler que resfria uma garrafa de vinho em seis minutos; uma tampa para vinhos com segredo, tal e qual o segredo das maletas executivas. Você bebe o seu Lafite e mais ninguém (atenção para anotar o segredo). Tudo isso e mais um “casaco” para manter o seu vinho resfriado adequadamente.
Pode também apelar para o cômico: um prendedor de taças (que fica segura pelo seu pescoço, livrando suas mãos).
Quando você conhece bem o amante de vinhos para quem quer presentear (sabe seus gostos, o tipo de taças e acessórios que usa) a coisa fica mais fácil: escolha aqueles vinhos que você mais admira, o que não quer dizer que sejam os mais caros.
Mas tem aqueles com os quais você não está familiarizado: você corre o risco de escolher mal o vinho ou o acessório. Então, como sugeriu um blogueiro, leve uma comida: algo para contribuir para o natal do presenteado, um tender especial, um azeite de primeiríssima, queijos artesanais (não necessariamente importados: os da Serra da Canastra são divinos). Todo bom amante de vinhos gosta de comer bem.
Minha sugestão é muito simples: dê vinhos, mas vinhos brasileiros. As nossas ofertas aumentaram em quantidade e sobretudo em quantidade. Temos vinhos de norte a sul do país, ofertas que valem ser provadas, vinhos que vêm conquistando prêmios e mais prêmios internacionais.
Para quaisquer das turmas, em particular para o a dos narizes em pé, é o tipo de presente que vai demonstrar que os ventos estão mudando (e mudando a nosso favor). Tente escolher alguns dos vinhos selecionados no 8º Concurso Nacional de Vinhos Finos. Você fará a escolha mais acertada, sem patriotadas. Os vinhos são bons, mesmo.
Corra que ainda dá tempo. E feliz Natal, mais uma vez.

19.12.11

Papai Noel existe

Minha sobrinha-neta, a Bebel, que vai fazer cinco anos, está aqui na Serra para passar o Natal. Ela mora em Campinas, onde nasceu, de pais cariocas, embora fale “polta”, deixando para trás o “porta” e o falar chiado da parentada daqui. E, como toda a criança nessa idade, imagino, começa a duvidar de quase tudo. Está há dois dias aqui em casa e, claro, já descobriu aquela caixa grande, com embrulho rebuscado, que tentei esconder num vão da casa. Perguntou logo se era o seu presente de Natal. Disse que não sabia direito, teria que esperar por Papai Noel. Mas ele existe, perguntou ela? Minha resposta foi uma tentativa de reproduzir o que escreveu o editor do falecido jornal americano, The Sun, para a menina Virgínia O’Hanlon. Ela queria a confirmação para a existência de Papai Noel e, aconselhada por seu pai, escreveu uma cartinha para o editor, Francis Church. Na sua cartinha, Virgínia dizia que muitos de seus amiguinhos afirmavam não existir Papai Noel. “Por favor, diga-me a verdade, Papai Noel existe?” Eis a resposta do editor (que, por minha vez, editei): “Virgínia, seus amiguinhos estão errados. Estão na idade de duvidar de tudo. Só acreditam no que veem. Acham que nada existe a não ser o que suas cabecinhas posam compreender. E todas as cacholas, Virgínia, sejam de gente grande ou de crianças, são pequenas. Nesse nosso grande universo somos meros insetos, formiguinhas, nossa inteligência é incapaz de perceber toda a verdade e conhecimento. Sim, Virgínia, Papai Noel existe. Existe tanto quanto amor, generosidade e devoção que fartamente nos dão beleza e alegria. Ai de nós se não existisse Papai Noel. Seria tão triste quanto à ausência de Virgínias. Não haveria poesia, romance nem a fé das crianças para fazer tolerável essa existência. Não teríamos prazer a não ser no que víssemos ou sentíssemos. A luz eterna com a qual a infância preenche o mundo seria apagada. Não acreditar em Papai Noel? Você pode também não acreditar em fadas! Pode pedir a seu pai para contratar homens e vigiar todas as chaminés na véspera do Natal e flagrar Papai Noel. Mesmo que eles não vejam Papai Noel descendo, o que seria provado? Ninguém vê Papai Noel, mas não existe sinal de que ele não exista? Você já viu fadas dançando no jardim? Claro que não, mas não temos provas de que elas não estejam lá. Ninguém pode imaginar todas as maravilhas não vistas ou invisíveis que existem no mundo. Você pode abrir uma boneca para descobrir o que faz ela falar, mas há um véu cobrindo o mundo invisível que nem o mais forte dos homens, nem mesmo um time de todos os mais fortes homens que já viveram podem rasgá-lo. Apenas fé, fantasia, poesia, amor, romance podem abrir essa cortina e ver essa beleza e glória celestial. Ela é real? Ah, Virgínia, em todo esse mundo não existe nada mais real e duradouro. Sem Papai Noel? Graças a Deus, ele vive e vive para sempre. Daqui a mil anos, Virgínia, daqui a dez vezes dez mil anos ele continuará a alegrar os corações das crianças”. Descobri essa carta num site interessantíssimo, o http://www.lettersofnote.com/, que reúne cartas, cartões postais, telegramas, faxes, memos desde Virgínias até Groucho Marx, John Kennedy, Benjamim Franklin. George Orwell, Elizabeth Taylor etc. Veja http://www.lettersofnote.com/2009/12/yes-virginia-there-is-santa-claus.htmlos originais da cartinha da Virgínia e do editor do The Sun. Na parte das chaminés achei prudente acrescentar janelas e portas. No fim, Bebel apenas me olhou desconfiada e saiu, talvez em direção daquele embrulho pobremente escondido. Feliz Natal, Bebel e leitores! Da Adega Estojos de Natal. Vou participar de um “Amigo Oculto” (ou “Secreto”) onde sei que vários participantes pediram vinho. Fora desse tipo de festas, conheço muito gente para quem uma garrafa de vinho seria o presente ideal, o mais oportuno – afinal, estamos em tempo de festas. Por isso, a iniciativa da Vinícola Aurora de oferecer estojos de vinhos premiados para essas festas é um senhor quebra-galho. Facilita demais o processo de escolha. Embalagens especiais com uma ou duas garrafas de vários vinhos e espumantes, com uma ou duas taças e até mesmo um decantador. Há estojos em que encontramos também um diário de viagens: a época é de férias. Eis as opções: Aurora Espumante Moscatel (o mais premiado do Brasil no exterior), com 2 taças de vidro; Aurora Espumante Prosecco (com 2 taças); Espumantes Conde de Foucauld Branco, Brut ou Demi-Sec – cada maleta contém 1 garrafa e 2 taças de vidro para espumantes; Marcus James Happy Hour frisantes - embalagem com 1 garrafa de Marcus James Happy Hour Branco e 1 garrafa de Marcus James Happy Hour Rosé; Aurora Varietal Cabernet Sauvignon - 1 garrafa e 1 taça de vidro; Marcus James Cabernet Sauvignon apresenta-se em 2 opções: 1 garrafa com 1 decantador de vidro e 1 garrafa com 1 taça de vidro; Aurora Colheita Tardia vinho de sobremesa– 1 garrafa e 1 taça de vidro; Saint Germain Cabernet Franc - 1 garrafa e 1 taça de vidro; Country Wine com 2 garrafas – 1 garrafa de Country Wine Tinto Suave e 1 garrafa de Country Wine Branco Suave. Veja mais no site da http://www.vinicolaaurora.com.br/ou na matéria da revista http://www.revistafator.com.br/ver_noticia.php?not=185426