Meio fora de hora, encerro os trabalhos de Natal, tentando
driblar o maior de meus resfriados do ano (tenho sempre uns dois, um deles de
interromper o trânsito). É sobre as dificuldades de presentearmos com vinhos e
seus acessórios.
Só temos até amanhã, sábado, para fazermos nossas escolhas.
E se nosso alvo seja não apenas um amante da bebida, mas um daqueles obcecados assinante
da Wine Spectator, da Jancis Robinson, sabe do último traque de Robert Parker, têm
uma vistosa coleção de vinhos. Toda a vez que você menciona um rótulo ele
responde que já conhece (e que não tolerou). Ou, com ar desdenhoso, nos sapeca
um “nunca ouvi falar”, sintoma certo de nossa imensa ignorância na matéria. É
isso, no final, esse tipo de gente se exercita a partir do acham que conhecem e
da estúpida certeza de que sabem tudo sobre a matéria. Para essa figura, não
adianta pensarmos em vinhos.
Fazer o quê, leitora? Apelamos para os acessórios. Mas essas
pessoas vivem catando modelos e mais modelos de abridores, tampas, decantadores
entre dezenas e dezenas de ofertas criativas, sim, embora basicamente inúteis
(e caríssimas, invariavelmente).
Veja nesse exemplo, onde temos acessórios e (como dizer?) geringonças, dispositivos
tentando facilitar a vida de quem quer apenas tomar uma taça de vinho. São
bandejas especiais para taças, que parecem palhetas de pintor, as taças ficam
dependuradas. E mais aeradores (ou preservadores) espécie de decantadores que
misturam o ar o vinho através de uma torre de acrílico, sem que uma gora seja
desperdiçada; um abridor elétrico para rolhas, acompanhado de um termômetro infravermelho
e tela digital para leitura; pulseiras de plástico para taças (você fica sabendo
quem está bebendo o quê), suportes de plásticos coloridos para a base das
taças; um cooler que resfria uma garrafa de vinho em seis minutos; uma tampa
para vinhos com segredo, tal e qual o segredo das maletas executivas. Você bebe
o seu Lafite e mais ninguém (atenção para anotar o segredo). Tudo isso e mais
um “casaco” para manter o seu vinho resfriado adequadamente.
Pode também apelar para o cômico: um prendedor
de taças (que fica segura pelo seu pescoço, livrando suas mãos).
Quando você conhece bem o amante de vinhos para quem quer
presentear (sabe seus gostos, o tipo de taças e acessórios que usa) a coisa
fica mais fácil: escolha aqueles vinhos que você mais admira, o que não quer
dizer que sejam os mais caros.
Mas tem aqueles com os quais você não está familiarizado:
você corre o risco de escolher mal o vinho ou o acessório. Então, como sugeriu
um blogueiro, leve uma comida: algo para contribuir para o natal do
presenteado, um tender especial, um azeite de primeiríssima, queijos artesanais
(não necessariamente importados: os da Serra da Canastra são divinos). Todo bom
amante de vinhos gosta de comer bem.
Minha sugestão é muito simples: dê vinhos, mas vinhos
brasileiros. As nossas ofertas aumentaram em quantidade e sobretudo em
quantidade. Temos vinhos de norte a sul do país, ofertas que valem ser
provadas, vinhos que vêm conquistando prêmios e mais prêmios internacionais.
Para quaisquer das turmas, em particular para o a dos
narizes em pé, é o tipo de presente que vai demonstrar que os ventos estão
mudando (e mudando a nosso favor). Tente escolher alguns dos vinhos
selecionados no 8º
Concurso Nacional de Vinhos Finos. Você fará a escolha mais acertada, sem
patriotadas. Os vinhos são bons, mesmo.
Corra que ainda dá tempo. E feliz Natal, mais uma vez.