O mais famoso crítico de vinhos do mundo, Robert Parker, anda nervoso ultimamente. Ele chamou de “medroso nazista do vinho” o diretor cinematográfico Jonathan Nossiter (do documentário Mondovino) e agora autor. Em 2004, Parker e o enólogo e consultor Michel Rolland foram criticados naquela fita. Para Nossiter, Parker tem muita influência e gosta de vinhos tintos de baixa acidez, muita cor, muito carvalho, muito álcool, “bombas de fruta”, que sacrificariam a estrutura dos grandes vinhos tradicionais. Ele também acha que Rolland é um burocrata do vinho, forçando todas as vinícolas onde é consultor a se enquadrar no molde de Parker.
Não sei se Parker sabe que ao chamar alguém de nazista, ele enquadrou-se na Lei de Godwin, criada em 1990 por Mike Godwin (advogado e autor americano). Ela diz: quando uma discussão esquenta, é quase certo que te xinguem de nazista ou equivalente. Seria um recurso diante da falta de argumentos.
Para piorar as coisas, Nossiter acaba de publicar um livro, “Le Gout et le Pouvoir” (“O Gosto e o Poder”), onde, parece, não apenas continua a censurar Parker e outros críticos, Roland e outros enólogos, revistas (como a Wine Spectator) e também restaurantes que exageram nos preços da bebida. Cita até uma casa onde uma garrafa de 6 Euros (15 reais) é vendida por 13 Euros (33 reais) – a taça.
Nossiter, segundo Parker, tem apenas “metade do cérebro de um macaco”. Segundo o que li das notas sobre o lançamento do livro, escrito em francês e realizado numa livraria de Bordeaux, Nossiter o classifica como “um antiguia de vinhos” e que, como no seu filme de 2004, marreta a crítica dominante e os preços extorsivos. O americano, que mora no Rio, comenta que Parker comete uma traição ao provar 300 vinhos de enfiada e depois publicar notas aritméticas. “Se houver 40 pessoas numa degustação, teremos 40 diferentes experiências”, diz. “Esse livro é um antiguia: não pretende impor gostos, mas defender o paladar dos indivíduos dos críticos badalados”, explicou o autor.
Tudo isso acontece na esteira do lançamento da biografia (não autorizada) do poderoso Parker, assinada por Hanna Agostini, que durante anos representou o crítico Bordeaux. Ela coordenava degustações e traduzia o trabalho do americano para o francês. Foi demitida pela suspeita de usar o nome do chefe para faturar em projetos de consultoria. Robert Parker: Anatomie d'un Mythe sugere, por exemplo, que o crítico tivesse aceitado ser padrinho da filha de um produtor de Bordeaux, que assim passou a ganhar favores (ou notas altas). É duro ser uma celebridade.
O livro de Nossiter, pelo que li, é mais um alerta contra a padronização dos vinhos. Produtores, particularmente os das grandes corporações, são levados a fazer um vinho do jeito que Parker gosta, caso queiram boas notas das revistas, que vão se traduzir em grandes vendas e lucros maiores. Se o Michel Rolland é visto como a pessoa capaz de fazer esse tipo de vinho, teremos mais e mais vinícolas correndo atrás dele para repetirem o estilo. Ficamos imprensadas entre “Parkerizações” e “Bobificações”.
Não sei se Parker sabe que ao chamar alguém de nazista, ele enquadrou-se na Lei de Godwin, criada em 1990 por Mike Godwin (advogado e autor americano). Ela diz: quando uma discussão esquenta, é quase certo que te xinguem de nazista ou equivalente. Seria um recurso diante da falta de argumentos.
Para piorar as coisas, Nossiter acaba de publicar um livro, “Le Gout et le Pouvoir” (“O Gosto e o Poder”), onde, parece, não apenas continua a censurar Parker e outros críticos, Roland e outros enólogos, revistas (como a Wine Spectator) e também restaurantes que exageram nos preços da bebida. Cita até uma casa onde uma garrafa de 6 Euros (15 reais) é vendida por 13 Euros (33 reais) – a taça.
Nossiter, segundo Parker, tem apenas “metade do cérebro de um macaco”. Segundo o que li das notas sobre o lançamento do livro, escrito em francês e realizado numa livraria de Bordeaux, Nossiter o classifica como “um antiguia de vinhos” e que, como no seu filme de 2004, marreta a crítica dominante e os preços extorsivos. O americano, que mora no Rio, comenta que Parker comete uma traição ao provar 300 vinhos de enfiada e depois publicar notas aritméticas. “Se houver 40 pessoas numa degustação, teremos 40 diferentes experiências”, diz. “Esse livro é um antiguia: não pretende impor gostos, mas defender o paladar dos indivíduos dos críticos badalados”, explicou o autor.
Tudo isso acontece na esteira do lançamento da biografia (não autorizada) do poderoso Parker, assinada por Hanna Agostini, que durante anos representou o crítico Bordeaux. Ela coordenava degustações e traduzia o trabalho do americano para o francês. Foi demitida pela suspeita de usar o nome do chefe para faturar em projetos de consultoria. Robert Parker: Anatomie d'un Mythe sugere, por exemplo, que o crítico tivesse aceitado ser padrinho da filha de um produtor de Bordeaux, que assim passou a ganhar favores (ou notas altas). É duro ser uma celebridade.
O livro de Nossiter, pelo que li, é mais um alerta contra a padronização dos vinhos. Produtores, particularmente os das grandes corporações, são levados a fazer um vinho do jeito que Parker gosta, caso queiram boas notas das revistas, que vão se traduzir em grandes vendas e lucros maiores. Se o Michel Rolland é visto como a pessoa capaz de fazer esse tipo de vinho, teremos mais e mais vinícolas correndo atrás dele para repetirem o estilo. Ficamos imprensadas entre “Parkerizações” e “Bobificações”.
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