17.3.10

Mamãe eu (não) quero

Acho que não estamos honrando Darwin e nossos genes não estão evoluindo lá essas coisas. Vejamos:
1. O vinho da caveira. Em 1805, o Tenente Gabriel Moraga foi enviado pelo governador da Califórnia para explora o Grande Vale Central e tirar de lá os nativos e dar nomes a tudo o que encontrasse. Um dia, Gabriel e seus cavaleiros chegaram a um rio, cujas margens estavam coalhadas de crânios. Ninguém conseguiu explicar como aquelas ossadas apareceram por lá. Talvez o que restou de alguma batalha ou de uma peste. Alguma coisa, muito tempo atrás tinha dado errado. Só que, honrando sua missão, Gabriel deu um nome ao rio recém descoberto. E conseguiu ser o mestre do óbvio: “El Rio de Las Calaveras” – “O Rio das Caveiras”.
Corta para os tempos atuais. Não é que um vinicultor, Jeff Stai, dono da Twisted Oak Winery, que funciona ali pertinho do rio, em Vallecito (na Califórnia, claro), resolveu dar a algumas de suas marcas o nome de caveira. Temos o “Calaveras County Viognier”, o “Calaveras County Grenache” etc. No rótulo, um fundo preto com a figura de uma caveira em vermelho.
No mínimo de mau gosto. Mas dizem o que o vinho é até razoável. Não o beberia sozinha.
2. Perfume de vinho. Já pensou em usar perfumes inspirados em cepas? Digamos, aparecer num jantar com aromas de Sauvignon Blanc, Chardonnay, Riesling, Merlot?
Eu jamais me interessaria por essa novidade. Num jantar, por exemplo, quando certamente eu teria um vinho à minha frente, como poderia analisar ou desfrutar de seus aromas, com o nariz deformado por um dos tais perfumes de vinho. Ou por qualquer outro perfume.
O fabricante, Salud, confessa que conseguiu essas suas fragrâncias estudando várias cepas e tirando delas “suas notas individuais, como grama fresca, frutas vermelhas e taninos”. Como? Qual o aroma do tanino? No meu quintal, grama fresca tem um cheiro. Será que é igual em todo lugar?
Reconhece também que “o verdadeiro conhecedor de vinho nunca usaria perfume numa degustação em razão da interferência do bouquet da varietal”. E tenta remendar o soneto: “Acreditamos que (essa interferência) é que faz de nossos perfumes de vinho tão intrigantes, pois nossos blends vão na verdade destacar os atributos de ambos”. Inacreditável.
O pior, porém, é você, cheirando a vinho e dirigindo um carro. De repente, os guardas mandam que pare e, pronto: vai direta para o bafômetro. Ninguém vai acreditar que esteja transpirando um Merlot – ou qualquer das outras possibilidades.
Veja como funciona toda essa idiotice no site do fabricante: Salud Spa Bar.
3. Queijo de peito. A impressão que dá é de que o dono da Klee Brasserie, um bistrô especializado em pratos alemães e austríacos, no bairro de Chelsea, em Manhattan, NY, resolveu meter os peitos pra valer. Não só os dele, o da mulher também.
O chef Daniel Angerer está fazendo um queijo especialíssimo a partir do leite materno. Sim, do leite com o qual sua esposa, Lori, deveria estar alimentando sua filha, Arabella, hoje com dez semanas. Talvez, Lori seja muito produtiva e o queijo é produzido com uma sobra de seu leite.
Daniel divulgou a novidade do queijo humano em seu blog e logo os clientes começaram a pedir para experimentar. O chef preparou canapés feitos com figos, pimenta húngara para que os freqüentadores do restaurante experimentassem.
Diz o chef que a resposta tem sido positiva, na média. Algumas pessoas ficam um tanto melindradas. Muitos criticam o que acham uma combinação de sexo e queijo. Porém, argumenta a esposa: “Os seios estão aqui para produzir alimento”.
“Algumas pessoas aceitam a prova explicando que não foram amamentadas quando criança. E que essa é uma grande oportunidade para saciar essa necessidade”. (Não deram o nome de seus psicólogos).
O Departamento de Saúde norte-americano não proíbe essa prática explicitamente, mas aconselhou ao chef a evitar dividir o leite de sua mulher com o mundo. “O restaurante sabe que queijo feito com leite materno não é para o consumo do público, seja vendido ou ofertado”, disse um representante do departamento.
Você já percebeu que estão roubando o doce da criança. Talvez o casal, lembrando o sucesso da Carmem Miranda, esteja dando a chupeta para o bebê não chorar.
A estupidez humana é infinita, disse Albert Einstein. Temos aqui três exemplos.

Nenhum comentário: