22.6.10

Não evite o melhor

Na coluna passada eu aconselhava “evite o melhor”, o oposto do que afirmo agora. Em pleno Dia dos Namorados tramei uma degustação pretendendo dar uma lição num candidato a namorado. Para mim, ele se apresentava como o bam bam bam do vinho. Cheia de brios, resolvi dar uma lição. Dei, mas o resultado foi o desaparecimento do futuro namorado. Faltou-me humildade. Eu deveria ter pensado mais em mim e menos nos vinhos. E a verdadeira combinação, no caso, não era vinho & comida. Era coisa muito melhor.
Volto ao assunto porque em plena semana dos Namorados, o chefão da celebrada Champagne Taittinger, Pierre Emmanuel Taittinger, afirmou que seu champanhe, indubitavelmente um artigo de luxo, não teme a concorrência dos Proseccos, Cavas e de qualquer outro tipo de espumante. O que ele mais teme é a concorrência do Viagra.
A afirmação foi feita num debate sobre o desempenho dos artigos de luxo nesse ambiente de crise econômica, que se abate mais dramaticamente sobre o hemisfério norte.
Pierre Taittinger explica que “nada é melhor do que uma taça de champanhe para ajudar a esquecer as tensões e pressões do mundo moderno”. Eu não pensei nisso.
“Estou preocupado com o débito dos países, o dinheiro será mais curto. Mas sempre haverá tempo para fazer amor e beber champanhe”. Eu também não pensei nisso.
Ao citar o Viagra como o grande concorrente, o presidente da Taittinger não fez mais do que lembrar o que não mencionei na coluna passada: vinho combina muito bem com sexo.
Enquanto a Soninha aqui ficou envolvida no grande debate mundial sobre harmonização de vinhos e comidas, sobre o que é melhor, selecionar primeiro a comida para depois escolher o vinho. Ou o inverso: primeiro escolher o vinho e só depois a comida. Ou não dar a mínima bola para isso tudo: comer e beber o que estiver na frente.
Pois é, mas como diz um colunista, “se o vinho é gostoso nos seus lábios é melhor ainda nos lábios do seu parceiro”. Combinar vinho e comida, portanto, não é o fim da história. É apenas uma pequena parte.
Os vinhos combinam muito bem com, digamos, “atividades”. Um vinho branco pela manhã, um Riesling, por exemplo, para animar o dia que vem pela frente. Um bom Pinot Noir à noite, aquecendo o papo com os amigos. Um vinho para refrescar, um vinho para animar, acompanhando uma leitura, um filme.
O tal candidato nunca deixou de lançar aqueles olhares. E a boba da Soninha incapaz de perceber que ele queria jogar o mais popular jogo dos casais que acabam de se conhecer. Papear sobre o que eles têm em comum. Quais seus restaurantes preferidos? E filmes, livros, passeios, moda? A lista é infindável. Era só não falar sobre vinhos que a coisa poderia engrenar.
Mesmo assim, fui convidada para jantar num Dia dos Namorados. O que fiz? Um jantar vegetariano para um sujeito que detestava esse tipo de dieta.
Eu deveria fazer o mais simples, pois combinar vinho com sensualidade ou sexo é bem mais fácil do que com comida, graças à versatilidade da natureza do sexo. Ele vai bem com qualquer vinho. Seu único trabalho é escolher.
Isto é, se no tal jantar acontecer aquele zumbido, aquela química e em seguida beijos e toques, você escolhe se o vinho vai ser antes ou depois do sexo. Apenas isso.
Eu poderia escolher um restaurante e aceitar qualquer vinho que ele me oferecesse. Se pedissem minha opinião poderia sugerir um tinto (parece que os tintos aumentam o desejo sexual nas mulheres, segundo os italianos). Contudo, minha escolha final seria champanhe. E nacional. Pronto.
Não acho que vinho ou catuaba tenham toda essa eficácia. Não dou bola para essas pesquisas. O que importa é a mágica, o clima que um encontro desses pode proporcionar. Boa vontade o meu parceiro teve, tanto que não se poupou jogando olhares e na primeira oportunidade me convidou. Logo o quê? Para um jantar de Namorados.
De qualquer modo, vinho e sexo combinam bem. E melhor ainda quando esse encontro produz faíscas. As faíscas do champanhe, primeiramente. Você percebe sua pele aquecer, o tempo começa a correr mais vagarosamente, seu coração parece repleto. Até aqui, a promessa de um romance. Se o sexo, depois, não for bom, não coloque a culpa na bebida ou no clima que antecipou a cama.
Como em qualquer harmonização, é importante ao combinarmos vinho e sexo manter em perspectiva as corretas proporções. Se beber pouco, nada vai acontecer. Se beber muito, pode haver lambança. Tenho certeza, amiga, que você saberá encontrar a dose perfeita.
O chefão da Taittinger se engana: o vinho será sempre mais romântico de que qualquer pílula. O Viagra não tem essa competência.
Da Adega.
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Os Melhores do Ano. A revista
Prazeres da Mesa promoveu dia 8 último a eleição dos melhores do ano da gastronomia nesse país. São 16 categorias. Eis a relação:
CHEF DO ANO (profissional que tenha se destacado no último ano): Roberta
Sudbrack, Roberta Sudbrack, Rio de Janeiro
CHEF REVELAÇÃO (jovem profissional
que tenha despontado na profissão nos últimos dois anos): Eudes Assis, Seu
Sebastião, Maresias, SP
RESTAURANTE DO ANO (casa que prima pela excelência de
sua cozinha, serviço perfeito e gostoso ambiente): Maní, São Paulo,
SP
SOMMELIER (profissional que se mantém atualizado e que é um grande devoto
dos melhores rótulos, nem sempre os mais caros): Daniela Bravin, Ici Bistrô, São
Paulo, SP
BAR DO ANO (casa que tenha um perfeito serviço etílico, mas que
cuida também com carinho da deliciosa baixa gastronomia): Bottagalo, São Paulo,
SP
BARISTA DO ANO (aquele que serve o melhor café do país): Yara Castanho,
Suplicy Cafés Especiais, São Paulo, SP
RESTAURANTE DE COZINHA BRASILEIRA
(prêmio concedido às casas que divulgam nossa cultura à mesa): Mocotó, São
Paulo, SP
BANQUETEIRO (profissional que comanda as festas mais comentadas do
país): Carlos Bertolazzi, C.U.C.I.N.A, São Paulo, SP
BRIGADA DE OURO
(restaurante que tem equipe afinadíssima, onde o serviço e as gentilezas são
pontos fortes): Fasano, São Paulo, SP
ARTESÃO DA GASTRONOMIA (aquele pequeno
e tradicional produtor que há anos abastece os gourmets de plantão com suas
delícias artesanais): Companhia das Ervas (ervas e temperos)
BARMAN (mestre
das coqueteleiras, profissional que sabe as alquimias dos drinques perfeitos):
Marcelo Vasconcellos, Pandoro, São Paulo, SP
CASA ESPECIALIZADA
(estabelecimento que apostou na tendência de vender um só tipo de produto):
Maria Brigadeiro, São Paulo, SP
CHEF PÂTISSIER (o grande artista do açúcar,
muitas vezes escondido nos bastidores das confeitarias): Marcello Magaldi,
Buffet Fasano, São Paulo, SP
PERSONALIDADE DA GASTRONOMIA (homenagem ao
profissional que venha fazendo algo de relevante pela gastronomia brasileira nos
últimos anos): Vicente La Pastina
RESPONSABILIDADE SOCIAL NA GASTRONOMIA:
Instituto Maniva
PERSONALIDADE DO VINHO (homenagem ao profissional que venha
fazendo algo de relevante pelo mundo do vinho nos últimos anos): Manoel Beato

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