28.12.10

É hora das bolinhas!

Acho meio bobo escrever uma coluna sobre espumantes, tradicional nessa época do ano. Bobo, porque com coluna ou sem coluna pelo menos dois terços de todos os espumantes em todo o mundo serão entornados nas festas de Ano Novo. O melhor seria promovermos os espumantes em junho.

Vale lembrar que, além do Ano Novo, espumantes são abertos em batizados, aniversários, casamentos (e também descasamentos, tanto para celebrar como para lamentar: funciona das duas maneiras). Para os casais apaixonados, todo o dia é dia de abrir um espumante. Já me explicaram que é como “molhar os dedos na água do mar antes de dar um mergulho”. Pode ser, mas eu não preciso desse tipo de aquecimento.

Esses casais de pombinhos estariam perfeitos na fita de dois pesquisadores que afirmam: beber é típico de sociedades monogâmicas. Mara Squicciarini e Joan Swinnen, membros da “Associação Americana de Economistas do Vinho” apresentaram recentemente um trabalho sobre o assunto: “Mulheres ou Vinho? Monogamia e Álcool”.

Eles se aventuraram nessa pesquisa ao notar que mórmons e maometanos permitem a poligamia e não consomem álcool. Será coincidência, perguntam?

Analisaram a correlação entre álcool e arranjos casamenteiros desde as sociedades primitivas, de nômades caçadores, pescadores ou colhedores, até os tempos atuais.

No final, acho que não conseguiram uma correlação segura entre os dois fatos, uma evidência, algo concreto confirmando que o consumo de álcool explique a mudança de poligamia para monogamia. Um comentarista pergunta: bebemos porque somos monógamos ou se somos monógamos porque bebemos? (Leia sobre toda a pesquisa aqui)

O Ano Novo taí e sabemos que todo mundo quer é festejar, muitos monógamos vão brincar de polígamos. E muitos polígamos vão virar o ano chupando o dedo.

É isso, vamos estourar e bolinhas, apenas ar embrulhado deliciosamente para presente. Uma festa fácil de brincar.

Veja só no filmete: se você é uma pessoa normal nunca notou que bastam apenas seis voltas para desfazer a “gaiola” de arame que protege qualquer garrafa de espumante. Ninguém sabe exatamente a razão: poderiam ser sete ou cinco voltas. Mas são seis e pronto.

Essa gaiola é a muselage, palavra francesa que pode ser traduzida como mordaça (daquelas que usamos em cães). Quando a retiramos podemos ver a plaque de muselet, uma capa de metal sobre a rolha. Muitas vêm com emblemas e cores, com a marca do produtor; algumas são verdadeiras obras de arte, itens colecionáveis. Para isso, você precisaria beber espumante o ano inteiro, o que é ótimo.

Não acredite muito em histórias como a de que os espumantes “sobem” mais rápido para as nossas cabeças por causa do gás. Se fosse assim, ficaríamos embriagadas com uma inocente água mineral gasosa. Talvez fiquemos mais eufóricas com ela em função da peça que está nos acompanhando.

Champagne vem da região de Champagne, na França. Na Itália, temos o Prosecco, feito com a uva deste nome, do norte da Itália. Na Espanha, a turma festeja com a Cava. Do Brasil, temos dos melhores exemplares de espumantes do mundo, feitos na Serra Gaúcha. Nossas bolinhas são uma escolha segura em qualquer ocasião. E ficam mais em conta.

Os estilos são vários: se você não gosta da bebida doce, procure as versões naturais (o doce é uma adição feita com algo doce chamado “dosage”). Basta ver no rótulo “zero”, “extra brut” ou apenas “brut”.

Se não possuir as “flutes”, aquelas elegantes tulipas, utilize uma taça de vinho branco. As bolinhas vão se dissipar mais rapidamente; em compensação, a bebida vai ficar mais aromática.

Bobagem essa história de se beber é monógamo, se não beber é polígamos. Na verdade, precisamos é de gente, de calor humano. “Pessoas. Pessoas que precisam de pessoas” reza da música “People”, numa formidável interpretação da Barbra Streisand. Vamos encerrar a coluna com ela. Vejam só: http://www.youtube.com/watch?v=GhOap2Vldaw

Muitas bolinhas para vocês, nesse fim de ano, no começo do próximo. E sempre que der vontade.

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