7.2.11

Campanha “Eu bebo vinho”

Três milhões de dólares é o preço de um comercial de 30 segundos durante a transmissão de TV do Super Bowl, o maior evento esportivo norte-americano, que aconteceu neste domingo. Um espaço disputadíssimo, todos parecem dispostos a gastar milhares de dólares por um segundinho de atenção dos norte-americanos. E o Super Bowl é, com certeza, a hora de pegar quase todos os americanos pela TV.

Um blogueiro de vinho começou a pensar como seria bom para o vinho aparecer em eventos como o Super Bowl. Imaginou uma campanha genérica, “bem elaborada, dirigida aos públicos certos de consumidores, produzida de modo tão simples que impedissem classificações como “confusa”, “complicada, “intimidativa”, “pretensiosa”.

Essa campanha representaria naturalmente todos os setores da indústria de vinhos: vinícolas, varejistas, atacadistas, importadores, exportadores. Nenhuma região ou variedade ou estio teriam destaque.

Por fim, temos a questão mais complicada: qual o conteúdo, qual o tipo de mensagem desta campanha genérica que poderia fazer aumentar o consumo do vinho no país? O consumo de vinho por lá vem melhorando, mas nos EUA se bebe mais cerveja do que leite, café e mesmo água engarrafada. Se medida em latinhas, seriam 67 bilhões de latinhas por ano. Colocadas uma sobre a outra, teríamos uma coluna vertical equivalente a 20 vezes a distância da Terra à Lua. Os Estados Unidos, apesar de ser o 4º maior produtor de vinho do mundo (com 1,86 bilhões de litros) é apenas o 23º maior consumidor, com 7,70 litros per capita. Nós aqui ainda não chegamos aos dois litros de vinho por capita (1,85): somos o 29º nas estatísticas. Lá, 20% dos americanos que bebem vinho respondem por 90% do consumo. Mais ou menos, o que acontece aqui e o mesmo se dá com consumo de aspirina, com a maioria dos produtos.

Na opinião do Tom Wark, o blogueiro de Fermentation autor da proposta, essa mensagem deveria ter o formato de um testemunhal. Os comerciais de TV, anúncios impressos e on-line teriam o endosso de americanos famosos que simplesmente afirmariam: “Eu bebo vinho”.

Nada mais. Fundo neutro, mesa neutra, sobre ela uma garrafa não identificada e uma taça. O personagem caminha em direção à mesa, silencioso; abre a garrafa, despeja o vinho na taça. Olha para a câmera e declara. “Eu bebo vinho”.

Quem ele escolheu para passar essa mensagem? Selecionou dois homens e duas mulheres. Entre os homens, George Clooney e Alec Baldwin. Entre as mulheres Reece Witherspoon e Hillary Swank. Christina Aguilera nem pensar: ela errou a letra do hino nacional norte-americano, no citado Super Bowl, além de ser sexy e polêmica demais.

Para o blogueiro, o que essa turma tem em comum é que apela a todos os sexos, mas não pode ser vista apenas como símbolo sexual. São pessoas respeitadas e admiradas, sem arestas. A Reece Witherspoon, por exemplo, atriz consagrada com o Oscar, entre outros prêmios importantes, é produtora, promove um fundo de proteção às crianças. Como embaixadora da Avon, além de participar de ações filantrópicas, entra sem contestações na casa de consumidoras de pelo menos 140 países. É pouco ou quer mais?

Uma campanha, assim, nada de complicado, nada para acentuar a já confusa reputação do vinho como uma bebida para pessoas de “conhecimento”, de “cultura”. Nada de “taninos maduros”, “vinho redondo”, “profundo”, “com retrogosto de 1,2 segundo” etc.

Vamos lembrar que a campanha é genérica. Ninguém vai apostar mais num estilo ou numa variedade ou numa região. O vinho é uma das raras bebidas onde o problema é uma qualidade: milhares de opções de escolha.

É tudo muito simples: uma pessoa que todos admiram Bebe Vinho! E Tom optou por celebridades, um fenômeno da cultura popular, “pois nada melhor do que a cultura pop para mexer com o norte-americano”. Para o blogueiro, “o vinho para crescer à sério precisa ligar-se à cultura popular”.

Todas concordamos, não é? Que adianta lembrar que no túmulo do Rei Midas acharam uma receita de cerveja e que há seis mil anos os gregos exportavam a lourinha? As cervejas exploram muito melhor a cultura popular. E é natural, apropriado, verdadeiro e efetivo que Zeca Pagodinho seja um brahmeiro. E que Paris Hilton anuncie a Devassa (basta que seu portfolio de escândalos se mantenha atualizado).

Aqui no Brasil, como seria essa campanha? Quem escolheríamos como personalidades. Quem teria crédito, autoridade, carisma para aparecer diante de milhares de brasileiros e convencê-los a considerar o vinho?

“Eu bebo vinho” seria dito por quem? Quais as duplas masculina e feminina? O José Guilherme Vereza, blogueiro do Bolsa e publicitário emérito, teria a resposta na ponta da língua. Minha posição, porém, é como a do blogueiro americano: fico no limite da técnica publicitária, mas não deixo de conviver com comunicação diariamente. Daí que vou meter o meu bedelho, assim como fez o americano.

Entre os homens indicaria Lázaro Ramos e Wagner Moura. Escolhi talento novo, gente que é celebridade em função apenas de seu talento, uma turma já com importante bagagem em TV, cinema e teatro. Bagagem e premiações internacionais. Precisamos conquistar um público mais novo. O mais maduro já está mais ou menos convencido e muitos, talvez, pelas razões erradas (os aspectos medicinais do vinho, status, por aí).

Queremos gente bebendo vinho nas praias, nos botecos, levando suas garrafas para as baladas. O Lázaro, além do seu inegável talento, vai riscar do mapa qualquer viés racial no perfil do consumidor de vinho. Um negro também pode achar que beber um vinho é “uma boa” (para parodiar os comerciais da Antarctica). O Wagner Moura está com o pé em Hollywood, utilizando apenas e tão somente o seu talento.

O Victor Fasano seria também uma boa opção. Talvez não esteja em grande evidência no momento. Mas, enfim, é um ator de TV e teatro famoso. E com um importante trabalho na área de proteção aos animais no Rio. Deixo na reserva as figuras mais ou menos óbvias, embora de grande valor, gente como Antônio Fagundes e Tony Ramos.

Entre as mulheres, aponto logo de saída a Cláudia Raia, a aloprada Jaqueline Maldonado de “Ti-ti-ti”, mais um gol da talentosa bailarina e atriz, que aos 10 anos era manequim de Clodovil, aos 13 estava no American Ballet Theatre, aos 15, em Buenos Aires, fazendo a Julieta de Shakespeare no Teatro Colón e aos 18 estreava numa novela de TV. E não parou mais, movida apenas pelo seu talento. O par para Cláudia seria a Camila Pitanga: teria um valor semelhante ao do Lázaro Ramos, falando com autoridade para jovens e jovens maduros.

Como reservas femininas minhas sugestões vão de Patrícia Pillar a Alinne Moraes.

Agora é com você leitora. Claro que você tem suas preferências? Para você quem escolheria para dizer “Eu bebo vinho” e convencer o consumidor brasileiro a aderir mais e mais a essa bebida?

Da Adega

Vinho sem álcool. A leitora Eliana F. Pinghera, de Sorocaba, SP, está atrás de vinhos sem álcool. E quer saber onde comprar. Fui de Google mesmo e não encontrei nada em Sorocaba. Encontrei um site de vendas on-line, o Bacco e Tabacco que oferece o La Dorni Branco Suave. Num artigo da revista Fator, que reproduzo, li que esse vinho pode ser encontrado “em muitas lojas de bebidas, em livrarias e lojas católicas”. O artigo destaca lojas como Casa Santa Luzia, La Rioja, Empório Frei Caneca, em São Paulo, o Lidador. Mundo Verde, Castelo do Vinho, no Rio de Janeiro e em redes como Wal-Mart, Carrefour e Bom Preço. Em outros estados como Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador. No shoppinguol, também de vendas on-line, temos esse La Dorni.

Visite o site da La Dorni, veja seus produtos e faça contato. Esse vinho é apresentado como o primeiro sem álcool a ser produzido na América Latina. Mas atenção que esse vinho não é 0% de álcool. Ele, como a maioria dos vinhos sem álcool, tem em média, 2º de teor alcoólico, detectável somente em laboratório. O suco de uva tem de 0,6 até 0,8º de teor alcoólico, o suco de maracujá tem 1º e o caldo de cana chega a 1,2º. E nosso próprio organismo produz cerca de 1-1,5g de álcool diariamente.

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