2.8.11

Taninos elegantes

Logo abaixo, na seção “Da Adega”, publico um release da Vinitude sobre o vinho Doña Paula Los Cardos Cabernet Sauvignon. E lá estão eles: “Um vinho com taninos elegantes e final marcante.” Taninos o quê?
Se existem os elegantes, pode ser que existam também taninos esculachados, ou mesmo grosseiros, malcriados, alguns talvez mais potentes e outros definitivamente débeis, sem contar com os espírito de porco.
A confusão pode aumentar quando nos deparamos com extensões dessa poética da crítica de vinhos e aprendemos que, além de elegantes, os críticos falam de taninos “redondos” (como, existem os quadrados?), suaves, maduros, aveludados, exuberantes, ásperos, “mastigáveis”. Já anotei até “taninos sensuais”, na certa de alguém perto de chamar cachorro de minha loura.
O termo “tanino” é largamente empregado no mundo dos vinhos e tenho certeza que muita gente não sabe exatamente o que seja, muito menos que ele possa ficar entre elegante e áspero. Explicá-lo é dar panos para manga. Tentarei.
São os taninos que causam aquela sensação de secura e até de amargor em sua boca quando bebe um vinho tinto. Formam um grupo de componentes químicos que podem ser achados em frutas, no chá e em cascas de árvores. Chegam aos vinhos via galhos, cascas e sementes de uvas – e, ainda, através da madeira dos barris. Desde o cultivo da vinha e até o processo de produção do vinho são sempre um fator de preocupação: dependendo de como são tratados, afetarão profundamente o estilo do vinho que chegará à sua mesa.
Eles têm a capacidade de ligar-se a vários outros materiais químicos, em particular com as proteínas. Se aplicados a peles de animais, os taninos unem-se às proteínas transformando uma pele macia, mole, num material duro o bastante para fabricar sapatos, solas, cintos e selas.
Os taninos foram também uma classe de compostos químicos existentes no vinho, os fenóis – que, por sua vez, dividem-se em duas categorias: os flavonoides e os não-flavonóides. Os nossos taninos estão no primeiro grupo.
Na vinha, os taninos agem como uma defesa. O seu papel é o de defender as plantas: quando jovens, as uvas ainda verdes, com sabor extremamente ácido e amargo, pois as sementes do fruto são o meio de sua reprodução, mas a planta só permite que o fruto seja consumido quando suas sementes ficam maduras. Quando um pássaro ou inseto tenta mastigar uma uva, taninos são liberados tornando a fruta horrível, amarga, indigesta.
Na medida em que as uvas amadurecem, a cor da casca se altera, tornando-a mais sedutora. Ao mesmo tempo, ficam menos ácidas e mais doces. E os taninos menos amargos. (Na verdade, os taninos não têm sabor: você os percebe pela maior ou menos sensação de secura e adstringência na boca, o que chamo de amargor).
Nessa progressão, os taninos vão de verdes, muito jovens e amargos, quase que “mastigáveis”, a mais macios, sedosos, aveludados. Ou seja: ficam maduros, mais elegantes.
São fundamentais para a qualidade dos vinhos tintos. Além de sua participação nos componentes de cor, aroma e sabor e na preservação, contribuem para a sensação do vinho na boca, sua percepção no palato, sua textura (sedosa, aveludada, redonda, macia, elegante?).
Logo, nossos taninos são fundamentais - como suportes da estrutura de um edifício. Se um vinho tinto tem carradas de fruto e de álcool, mas pouca acidez e taninos, não está bem estruturado.
Quanto aos taninos elegantes, podemos acreditar que já estão bem maduros, bem equilibrados num vinho pronto para ser degustado.
Da Adega
Taninos elegantes II. A Vinitude oferece o Los Cardos Cabernet Sauvignon 2009 por um preço também elegante. Confira. Vinícola Doña Paula é original do Chile e está na Argentina desde 1997. Nunca ganhou menos do que 90 pontos da Wine Spectator.
Para o Papai. Quem sabe o Millésime Cabernet Sauvignon 2008, quinto Millésime da história da Aurora, ou o Pequenas Partilhas Cabernet Sauvignon, ou o Chardonnay Brut, que conquistou para a vinícola gaúcha a sua 12ª medalha internacional esse ano, no concurso Vinagora, na Hungria. Saiba mais sobre as ofertas especiais da vinícola.
Dicas para Fondue. Para fondue de carne, um Pinot Noir Swiss Valley 2007. Para o de queijo, um branco, o Petite Arvine Premium 2007 (medalha de prata no Wine & Spirits Competition 2008, em Shangai). A Petite Arvine é uma uva branca natural do Valais, grande região vinícola da Suíça. Saiba mais. Vamos aproveitar o frio enquanto ele ainda está por aqui.
Wine Weekend 2011 A segunda edição desse evento vai acontecer de 18 a 21 de agosto, no Jockey Club de São Paulo. Um fim de semana prolongado, de degustação, aprendizado, compra de vinhos especiais, vinoterapia e galeria de arte (peças sobre vinho de Antonio Peticov, Zélio Alves Pinto, Guilherme de Faria).
Vinícolas (com a Salton, Vila Francioni e Valduga), importadoras (Expand, D’olivino, Ravin, MS Import, entre outras) vão oferecer rótulos nem sempre encontrados com facilidade.
Esse grande fim de semana vai acontecer de quinta a sábado das 12 às 22h e domingo das 12 às 20h. Os ingressos dão direito a uma taça de degustação (entregue no local). Veja no site.

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