E se você não pudesse tomar seu vinho por qualquer motivo – que bebida escolheria em seu lugar?
a escolha recairia sobre o chá, quente ou gelado – e com muitos pontos de vantagem.
É que essa bebida milenar, originária da China, responsável pela Independência da América (século 18) e pela ruína da China (século 19) – pois é ela a que mais se assemelha ao vinho (exceto pelo álcool) sob o ponto de vista sensorial.
Como o vinho, o chá verde apresenta aromas variados lembrando frutas e flores. São fragrâncias derivadas do tipo de folhas, de solo, da maneira como são cultivadas e processadas. O chá, inclusive, pode expressar “terroir”, sabores distintos que refletem a região ou o sítio de onde as folhas cresceram e foram colhidas – comenta Robin Garr.
Como o vinho, o chá pode ser leve ou encorpado. É adstringente como os vinhos tintos, pois rico em taninos, um grupo de componentes químicos antioxidantes que incluem os fenóis, polifenóis, flavonóides e catequinas, cuja função maior é proteger a planta – e quem a consome, igualmente.
Se acrescentarmos um pouquinho de suco de limão teremos a acidez tal como nos vinhos. Ao adoçarmos o chá, estabeleceremos um equilíbrio com a acidez, exatamente como nos vinhos. Se, além disso, fizermos como os ingleses e juntarmos um pouco de leite, vamos “amaciar” os taninos, reduzindo a adstringência do chá.
Robin Garr aprendeu tudo isso com a professora Brenda McLaughlin, dona de uma loja de vinhos e que ensina como degustar a bebida numa escola da Califórnia - primeiramente através do chá. Ela surpreende quando faz seus alunos provarem quatro tipos de chás: o preto, puro. Uma versão com um pouco de açúcar, outra com um tantinho de limão e uma última com um pouco de leite. Fiz a prova em casa, tanto com o chá preto quente e sua versão gelada. Como com os vinhos, cheirei e provei. Comparei cada versão com a original, pura. Está tudo lá, nas xícaras, bem similar aos vinhos, inclusive a versão com leite, que lembra vinhos após a fase da fermentação malolática, secundária que ocorre naturalmente, quando o ácido málico se converte no ameno ácido láctico.
Seus antioxidantes são importante ajuda na prevenção de problemas de coração, de colesterol elevado, pressão sanguínea, câncer, Alzheimer, entre outros. Possui um componente (o EGCG - Epigallocatechin gallate) 100 vezes mais potente que a vitamina C e 25 vezes mais eficaz que a vitamina E na proteção de células ligadas ao câncer e ao coração. É um antioxidante duas vezes mais potente que o resveratrol encontrado nos vinhos tintos. Por favor, considere o chá, bebida saborosa e pra lá de saudável, um ótimo “professor” aos segredos dos vinhos.
Assim como o vinho de uma determinada região combina melhor com os pratos locais (Um bom Bordeaux tinto com o tradicional assado de cordeiro da região, por exemplo), com o chá acontece o mesmo. O chá de uma determinada região desenvolveu-se ao lado dos pratos locais. E essa é uma das boas maneiras de combinar chá e comida. O chá verde japonês é melhor com sushi e frutos do mar, pois foi desenvolvido para isso mesmo.
O chá preto, por outro lado, complementa alimentos mais pesados. Por exemplo, molhos muito cremosos. É que esses chás foram desenvolvidos pelos ingleses para acompanhar a cozinha européia.
Os chás com muito tanino, como o Darjeeling, podem até acompanhar sobremesas com chocolate, embora muitos prefiram o forte e intenso chá verde japonês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário