3.2.06

As Lojas do Futuro

É uma loja de vinhos até que antiga, funcionando desde 1906, mas de tradicional não tem nada. Nela, você pode provar até 140 diferentes vinhos sem a interferência de quaisquer atendentes. Basta comprar um cartão magnético, na verdade um cartão de débito, inseri-lo numa das dezenas de máquinas automáticas, posicionar seu copo sob a cavidade sob uma das garrafas e apertar um botão. Pronto: você poderá degustar 30 ml do vinho que escolheu.

Não, esse tipo de loja ainda não existe por aqui. Fica na Itália: é a Le Cantine di Greve in Chianti, Florença. Foi a primeira a utilizar as estações de vinho Enomatic, criadas na Itália, uma espécie de auto-serviço de vinhos bem high-tech. Le Cantine utiliza esse sistema desde 1999. Se quiser, pode experimentar mais de 20 tipos de azeite de oliva e até queijos, através do mesmo sistema.

A Cantina é especializada em vinhos da Toscana. Sua adega reúne mais de 1.000 rótulos de toda a Toscana e uma seleção dos melhores vinhos de outras regiões da Itália. Você escolhe seus vinhos e pode enviá-los para a sua casa, mesmo que seja aqui em Secretário. A loja possui também um Museu do Vinho, aberto gratuitamente à visitação. Oferece ainda visitas orientadas, com palestras acompanhadas de degustação, em salas equipadas com DVDs, vídeos e computadores. Além das máquinas automáticas, as degustações podem ser feitas na cantina, orientadas por funcionários especializados. Saiba mais aqui sobre Le Cantine di Greve in Chianti.

Encontramos uma versão mais atualizada dessa loja um pouco mais longe, em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. É a VinoVenue, no badalado distrito de South Market. Abriu em setembro de 2004, com amplos espaços, teto alto, pra lá de high-tech – ou seja, a loja apresenta serviços de alta tecnologia, além de conter aspectos arquitetônicos avançados.

E estão lá as mesmas Enomatics, onde você também experimenta 104 vinhos comprando cartões magnéticos com 10 dólares de crédito. Um gole do tinto português Altano (cuja garrafa custa US$ 10,00 na loja) e lá se vai um dólar do seu crédito. Se quiser tirar uma provinha do Château d’Yquem 1999, o mais famoso dos vinhos doces naturais (US$ 163,00 por meia garrafa), você é descontada em 28 dólares. Terá de comprar mais dois cartões. A coisa vicia.

Encontramos uma versão mais atualizada dessa loja um pouco mais longe, em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. É a VinoVenue, no badalado distrito de South Market. Abriu em setembro de 2004, com amplos espaços, teto alto, pra lá de high-tech – ou seja, a loja apresenta serviços de alta tecnologia, além de conter aspectos arquitetônicos avançados.

E estão lá as mesmas Enomatics, onde você também experimenta 104 vinhos comprando cartões magnéticos com 10 dólares de crédito. Um gole do tinto português Altano (cuja garrafa custa US$ 10,00 na loja) e lá se vai um dólar do seu crédito. Se quiser tirar uma provinha do Château d’Yquem 1999, o mais famoso dos vinhos doces naturais (US$ 163,00 por meia garrafa), você é descontada em 28 dólares. Terá de comprar mais dois cartões. A coisa vicia.

A VinoVenue oferece ainda um wine bar para degustar por preços camaradas os vinhos que desejar. Não poderia faltar um programa de cursos de vinho, com todo o aparato de DVDs, vídeos etc. A casa conta ainda com espaços apropriados para eventos especiais, degustações assistidas e um Clube do Vinho, com descontos e outras ofertas exclusivas para associados. E ainda uma adega especial para você guardar seus vinhos mais nobres – por uma pequena mensalidade. Saiba mais sobre a VinoVenue aqui.
Le Cantine e a VinoVenue são exemplos de uma forte tendência das modernas lojas de vinho: a de levá-la a experimentar antes de comprar. Você lê a respeito, anota estrelinhas ou notas dos críticos considerados, ouve o vendedor tocar um senhor violino sobre esse ou aquele vinho. Tudo isso é muito bom. Mas o melhor mesmo seria provar um pouco de alguns vinhos antes de comprometer uma bela soma.
Em Dublin, Irlanda, a nova Enowine funciona da mesma maneira, destacando esse novo conceito, de provar antes de comprar. Oferece máquinas automáticas para provas de vinho (100 rótulos diferentes, que estão sempre mudando), seguindo modelo das lojas italiana e americana. A Enowine está aqui.
Se essas três casas representam o futuro das lojas de vinho, viva o futuro!. Quem hoje vai comprar um carro sem antes fazer um “test drive”? Por isso, a maioria das lojas modernas inclui sempre um programa de degustações. Na Ferry Plaza Wine Merchant & Wine Bar as provas são diárias. O cliente degusta alguns vinhos, em taças. E depois decide o que comprar.
As mudanças começaram com lojas especializadas numa ou noutra região geográfica. O Club du Taste-Vin, no Rio, como o nome indica, é especializado em vinhos franceses. A casa oferece periodicamente degustações em torno de rótulos novos de alguma região francesa e, através de duas filiais, degustação de vinhos e comidas, devidamente harmonizados: são o Bar du Taste-Vin do Rio e o de São Paulo. Veja aqui.
Um conceito mais ligado às características gerais dos vinhos, seus vários estilos, é o que faz o sucesso da Best Cellars, uma rede de seis lojas, a primeira delas em Nova York. Seus donos, experimentados comerciantes de vinho, sabiam que os consumidores estavam cansados dessa história de rituais do vinho, dos seus “segredos”, de suas etiquetas e da profusão de ofertas envolvendo um número enorme de países, regiões, uvas e rótulos. Só servem para afastar e assustar o consumidor.
A Best Cellars estabeleceu uma nova linguagem para descrever os vinhos – muito mais compreensível para o consumidor. São oito prateleiras, cada uma com uma oferta diferenciada de vinho: Fizzy (os espumantes), Fresh (vinhos jovens,novos, refrescantes, com muita fruta), Soft (vinhos com baixa acidez ou taninos, normalmente já maduros, prontos), Luscious (ricos, opulentos, mas macios, normalmente os doces ou os frutados), Juicy (frutados), Smooth (vinhos macios, onde se nota a presença do ácido láctico, com a acidez domada) e Big (vinhos encorpados, fortes, com complexidade de sabores, destacada presença de taninos; provavelmente de “guarda”: precisam ainda passar um tempo na adega). Todos os vinhos custam no máximo 15 dólares (exceto os de uma pequena seção chamada “Beyond the Best”, para os mais caros). A idéia é a de simplificar tudo para o consumidor, tanto na escolha quanto no preço. Veja aqui.

Pense que você está num supermercado, com o carrinho ainda vazio, pensando em fazer uma pasta com molho de tomado mais uma carne assada para o jantar. Que vinho servir? Bom, se essa loja for uma das Wegmans, uma cadeia baseada em Nova York, o seu problema está resolvido, pois a seção de vinhos está organizada pelo tipo de comida que a bebida complementa.

Por exemplo: os tintos estão divididos em três grupos: vinhos para pasta e pizza; para galinha e peixe e para carne de vaca e cordeiro. Em cima de cada pilha de vinhos, pequenos cartazes com desenhos ou fotos de um prato de massas, um peixe, uma vaca etc. E em cada um desses grupos, os vinhos estão arrumados por preço. Não tem como errar (nem como não comprar). Veja aqui.

Talvez, o maior espaço em todo o mundo dedicado à venda de vinhos seja o da Lavinia, em Paris, com perto de 1.500 metros quadrados. A empresa começou com lojas em Madri e em Barcelona. E recentemente abriu em Paris, no Boulevard de la Madeleine. Oferece 6.000 rótulos diferentes de vinhos e destilados, dos quais 2.000 vinhos estrangeiros originários de 43 países. Vende também 500 itens diversos, entre acessórios e livros. Todas as 6.000 garrafas estão guardadas em adegas climatizadas. Os vinhos são vendidos já na temperatura e umidade corretos. A Lavinia conta ainda com um wine bar (onde é permitido fumar, o que prejudica a degustação) e um restaurante.

Aqui, a maioria das lojas ainda depende sobretudo do conhecimento e experiência do pessoal de atendimento. Algumas lojas, mais sofisticadas, oferecem um wine bar, onde naturalmente temos de pagar (caro, na maioria das vezes) para experimentar os poucos vinhos vendidos em taças. A filosofia ainda é a de promover os vinhos da casa, naturalmente, mas sem deixar de fazer dinheiro. De qualquer modo, noto grandes melhorias, sobretudo em supermercados, com ofertas e promoções freqüentes e mais em conta, exposição mais racional dos produtos e espaços cada vez mais amplos para os vinhos. Só que ainda não temos desenvolvido o conceito do test drive, do experimente-antes-de-comprar.

Amigas, conte aqui para a Soninha (soniamelier@terra.com.br) suas experiências (e expectativas) com as lojas de vinho que conhece.



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