25.2.06

Vai dar uma festa?

Calcular quanto vai precisar de bebidas para uma festinha de Carnaval? Bom, agora você tem uma ajuda online: é o evite.com
Evite.com é um site que ajuda você a planejar e executar qualquer tipo de festas, de aniversários a casamentos, qualquer tipo de celebração ou evento, como o Carnaval, por exemplo. Orienta inclusive quanto ao envio de cartões-convite (possui vários modelos, que disponibiliza gratuitamente), decoração, indicação de clubes, bares, restaurantes ou os espaços mais apropriados para a sua necessidade.
Recentemente incluiu um “calculador de bebidas" de modo a que você saiba quanto de bebida alcoólica comprar com base na duração da festa e na quantidade e perfil dos convidados: se são bebedores da “pesada”, "medianos" ou "leves".
Basta você clicar aqui que na tela aparecerá uma tabela com espaços em branco para serem preenchidos. Vamos supor que sua festa é rápida e durará no máximo uma hora. Você preenche esse espaço. E os demais: no caso desse meu exemplo, teremos 20 convidados “leves”, 10 “medianos” e 15 “pesados” (os que bebem "bem" ou além da conta).
E o que você servirá? Selecionei cerveja, vinho e destilado (um tique em cada espaço). Aí apertamos o retângulo com o comando “Calcule”.
E imediatamente temos a resposta: duas caixas de cerveja (24 latinhas), seis garrafas de vinho (cinco taças por garrafa de 750 ml) e duas garrafas de um destilado, como uísque, por exemplo (dá cerca de 20 doses por garrafa). Isso para as bebidas alcoólicas.
O calculador sugere também bebidas não alcoólicas para essa festa. No caso: uma garrafa de litro de refrigerante (mais ou menos quatro copos ou 240 ml), o equivalente a quatro litros de suco de frutas (16 copos). Bem razoável.
Fiz em seguida um segundo teste, tentando simular uma festinha de carnaval, de maior duração: cinco horas. E limitei as bebidas: só cerveja e destilado. Modifiquei também o perfil de convidados: 15 “leves”, 20 “medianos” e 20 “pesados”.
E lá veio a resposta: oito caixas de cerveja (em lata) e nove garrafas de litro de um destilado qualquer.
Para a minha surpresa, o site manteve as mesmas recomendações quanto às bebidas não alcoólicas: uma garrafa de litro de refrigerante e quatro litros de suco de frutas. Muito pouco, certo?
Acontece que o evite.com é americano, terra dos coquetéis. Assim, ao lado das bebidas básicas, temos a sugestão de itens como: meia garrafa de vermute (para os Martinis), molho inglês, Tabasco, suco de tomate, seis litros de água tônica.
Enfim, os suspeitos habituais para o preparo de coquetéis tradicionais. Vale dar uma conferida.
O evite.com só não calcula é a quantidade de remédios para ressaca.

Parabéns, Cristina

Minha amiga Cristina Neves, da Cristina Neves Comunicação & Eventos, não deixa a peteca cair. Passa a atender agora a Pernod Ricard Brasil, no segmento de vinhos e espumantes, produzindo eventos, degustações e respondendo pela divulgação.
Em termos de qualidade seu portfolio cresce muito. A francesa Pernod está pelo menos entre as três maiores empresas de bebidas em todo o mundo. Ao seu lado, apenas as norte-americanos Constellation e Diageo.
Para citar apenas algumas das marcas da Pernod: os vinhos Jacob’s Creek, Wyndham’s e Montana, bem como os destilados Jameson, Wild Turkey, Pastis 51, Chivas Regal, o gim Seagram’s, o conhaque Martell e o rum Malibu.
Cristina Neves passar a atender agora os champagnes Mumm Cordon Rouge e Perrier Jouët Belle Epoque; os espumantes Mumm Cuvée Spéciale e Almadén; os vinhos nacionais Alamdén e Forestier; os vinhos importados: o australiano Jacob’s Creek, os argentinos Etchart, Graffigna, Balbi e Santa Silvia, os espanhóis Marques de Arienzo e o Jerez La Iña; o Porto Sandeman, de Portugal, e os chilenos Casillero del Diablo e Viña Maipo.
A Cristina nunca deixou a Soninha em falta, sempre enviando notícias relevantes sobre o mercado de vinhos brasileiro. Agora, está com mais espaço para voar.
A Cristina Neves Comunicação fica em São Paulo, SP: Rua Pascal, 1289, CEP 04616-004, telefones: 11-5092-3246.
Parabéns, Cristina

23.2.06

Os drinques do século

Vejam minha coluna no Bolsa de Mulher para entender melhor a coleção de fotos abaixo.
São os drinques do século, conforme pesquisa realizada pela Anchor Hockin, empresa líder na fabricação de copos e taças. Ela encomendou a pesquisa, feita junto aos membros de “The United States Bartenders Guild”, a associação que reúne alguns dos melhores mixologistas do globo. O drinque do século foi o nosso famoso Martini. Mas a turma elegeu também os melhores drinques de cada década pesquisada. Veja as fotos.

19.2.06

Tampas e mais umas coisinhas

Sem dúvidas, as tampas de rosca metálica continuam conquistando partidários – e –partidários influentes. Agora mesmo, produtores renomados e sob o peso da tremenda tradição vinícola francesa, resolveram abandonar uma das mais conhecidas representações dessa tradição, a rolha de cortiça, substituindo-as pelas tampas de rosca ou Stelvin (nome do seu maior fornecedor). Falamos de vinícolas de grande cotação, de regiões tradicionalíssimas na França.

O Domaine dês Baumard, um dos mais estimados produtores do Vale do Loire, apresentou semana passada, num encontro comercial, 15 vinhos diferentes, entre tintos, rosados, brancos e espumantes - todos com as tampas de rosca. A Baumard produz cerca de 16 mil caixas por ano e é mais conhecida pelos seus Savennières e pelo soberbo Quarts de Chaume, um Chenin Blanc de colheita tardia.

A mudança começou um tanto tímida em Bordeaux, primeiramente com o Château Couhins Lurton, o Château La Louvière e o Château Bonnet. Seguiu-se o Colombelle, um vinho regional da Gasconha. E agora os do Loire.

As tampas de rosca, bem mais que as de plástico, estão sendo cada vez mais usadas como resposta à "doença da rolha", ou TCA (2,4,6-Trichloroanisole), um fungo que contamina as rolhas de cortiça, mas que pode ser originário também de barris e até mesmo da madeira existente nas adegas.

O TCA deixa o vinho com um cheiro de jornal mofado, ou como o da abandonada piscina da minha vizinha. Estimam que entre 3 e 7% de todo o vinho produzido no mundo é contaminado pelo TCA: um senhor prejuízo. E os produtores não querem mais pagar por essa conta. Vinhos famosos, como alguns de Bordeaux, já aderiram. Mas à frente da mudança estão os neozelandeses, australianos e norte-americanos.

As rolhas de cortiça em si não são o problema, mas anos e anos de complacência da indústria que as produz – que não investiu em pesquisas para controlar o problema. Só agora é que começam aparecer resultados positivos. A Ganau América e a Cork Supply – ambas baseadas nos Estados Unidos anunciaram a descoberta e uso de um processo, baseado no uso de vapor para a lavagem das tampas, que praticamente elimina o TCA, segundo elas.

As rolhas de cortiça são ainda, de longe, a maioria nas garrafas e nos corações dos consumidores. Além da força da tradição, temos também um lado técnico: muita gente séria garante que elas ainda são as melhores vedações para o vinho, principalmente os feitos para guarda.

Críticos sérios como o australiano Sam Chafe, cientista, pesquisador, figura de destaque da CSIRO (“The Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization”, a empresa do governo australiano dedicada a pesquisa científica), ele descobriu que as rolhas de cortiça continuam como as melhores tampas para os vinhos feitos para amadurecer em garrafas. As rolhas são formadas de células impermeáveis, deixando espaços onde provavelmente gás e ar se armazenam. A sugestão é a de que esse ar, com o tempo, migra para a garrafa ajudando no processo de maturação do vinho.

As tampas de rosca são feitas de alumínio. Com elas, as garrafas podem ser guardadas em qualquer posição, são abertas e fechadas facilmente e esteticamente podem ser elegantes e atraentes. Imediatamente, representariam mais uma conveniência por essa soma de aspectos práticos.

É o que parece pensar Jane Pizzato, Diretora Comercial da Pizzato Vinhas e Vinhos, estabelecida em Bento Gonçalves (RS) desde 1880.

Ela acha que os produtores gaúchos não têm problemas quanto as Stelvin. Mas as utilizaria apenas nas garrafas de 187 ml, de uso rápido, prático, como aquelas destinadas à indústria de aviação.

"Os vinhos em garrafas menores, geralmente são para consumo rápido, não são produzidos em grande volume, já que esse mercado é bem restrito e a demanda ainda pequena".

Jane Pizzato acha que para o consumidor brasileiro a nova tampa representa uma novidade, aqui e em todo o mundo. "Ainda tem consumidor querendo abrir essas tampas com saca-rolhas".

Um outro ponto é o de que o novo sistema não representa uma queda de custo significativa para quem produz, como a Pizzato, volumes pequenos. A Pizzato, que em 2005 cresceu 50%, está, contudo, aberta a adotar esse sistema. "Mas apenas num momento de maior produção".

Os gaúchos, é bom lembrar, estão sempre atentos às novidades, em particular quando representam um benefício ao comércio (e, por tabela, ao consumidor). Por exemplo, recentemente a Casa Valduga lançou a sua Bag-in-Box, o vinho em caixas, mais sofisticadas que as Tetra Pak, com capacidade para 3 ou mais litros. São ideais para o serviço de vinhos em taça em restaurantes. E também em festas.

Pode ser também que a mudança, além de representar uma saída para o problema da contaminação das rolhas de cortiça, justifique uma busca pelo diferente, pela novidade – e, com isso, maior destaque e maior venda.

A Pizzato é uma vinícola ainda pequena, de gestão familiar, e talvez por isso rica em novidades. Por exemplo, é a única no país a possuir vinhos com a uva tinta Egiodola, de origem francesa – e que você provavelmente nunca ouviu falar.

Segundo os cientistas da Universidade de Montpellier, França, a Egiodola é uma das uvas com maior capacidade antioxidante, a de maior nível de astilbin, um flavonóide importante na prevenção de aterosclerose e na prevenção de alguns tipos de câncer.

Saiba mais sobre essa uva e a pesquisa da Montpellier aqui.
Consulte o site da Pizzato aqui.

Ainda sobre as tampas. Em dezembro de 1985, a Christie’s de Londres vendeu o que é ainda considerada a garrafa de vinho mais cara do mundo: uma garrafa de Château Lafite 1787 – por 160 mil dólares. As iniciais “Th. J”, de Thomas Jefferson, claro que encareceram a garrafa. O vinho fazia parte da coleção do estadista norte-americano.

Agora, não passou nem uma semana, a Antique Wine Company, também de Londres, vendeu uma garrafa de Sauternes, um Château d’Yquem também de 1787, por 90 mil dólares.

Ambas as garrafas, com 200 anos de idade, eram vedadas por rolhas de cortiça. Não sei se o Lafite já foi aberto e provado. Também não sei o que acontecerá com o d’Yquem. Mas não ficaria espantada se ainda estejam bebíveis.

(As tampas de rosca metálicas, as Stelvin, foram criadas em 1960, mas só começaram a ter uso comercial a partir de 1972. As rolhas sintéticas chegaram ao mercado no início dos anos 90).

Quais suas opiniões, amigas: vão continuar preferindo as cortiças ou as tampas de rosca ou mesmo as rolhas de plástico? Escreva para a Soninha via soniamelier@terra.com.br

9.2.06

Debaixo de seu nariz

Pois é: escrevi um artigo para o Guia de Restaurantes Telelistas sobre a importância das taças.
A maior parte da matéria é dedicada às formas, tamanhos e função das taças. Mas vou me estender mais sobre o que entendemos sobre “gosto” e como nosso nariz, nosso olfato é importante. A palavra “gosto” está muito ligada à nossa boca, ao paladar. Melhor seria empregar “sabor”. Quando cheiramos seja vinho ou comida ou um perfume – é o vapor que emana deles que viaja pelo nosso nariz em direção aos receptores olfativos – e daí para a parte do nosso cérebro que computa essa informação e a qualifica para nós.
Mesmo quando lidamos com sólidos, mastigamos algo, o vapor desse alimento viaja pela nossa boca até uma o que chamamos de passagem retro-nasal, em direção aos mesmos receptores olfativos.
Portanto, aquilo que pensamos ser um “gosto” na verdade inclui muito de sentir aromas, mesmo inconscientemente.
E tudo, tudinho, bem embaixo de nosso nariz.
Daí a particular importância das taças de vinho, de suas curvas, seus bojos, suas bocas delgadas – tudo para evitar que os delicados aromas da bebida se evaporem e nos deixem perder uma das facetas mais maravilhosas do vinho, a que nos conta mais segredos, mais até do que vê-lo e prová-lo.
Prometi naquela matéria algumas fotos de taças.
Eis algumas.

Essas quatro taças, da série “Extreme Restaurant”, inclui taças para as varietais mais populares: Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Sauvignon Blanc/Riesling/Zinfandel (uma taça servindo para essas três) e Chardonnay.

Taça para "testes cegos" (o provador não sabe a cor do vinho).


A novíssima e badala O-Riedel – a estranha (pelo menos para mim) taça sem haste. Sem haste o vinho ficará mais quente, certo?

Para ver mais taças, dê só uma olhada no site da Riedel, aqui.

3.2.06

As Lojas do Futuro

É uma loja de vinhos até que antiga, funcionando desde 1906, mas de tradicional não tem nada. Nela, você pode provar até 140 diferentes vinhos sem a interferência de quaisquer atendentes. Basta comprar um cartão magnético, na verdade um cartão de débito, inseri-lo numa das dezenas de máquinas automáticas, posicionar seu copo sob a cavidade sob uma das garrafas e apertar um botão. Pronto: você poderá degustar 30 ml do vinho que escolheu.

Não, esse tipo de loja ainda não existe por aqui. Fica na Itália: é a Le Cantine di Greve in Chianti, Florença. Foi a primeira a utilizar as estações de vinho Enomatic, criadas na Itália, uma espécie de auto-serviço de vinhos bem high-tech. Le Cantine utiliza esse sistema desde 1999. Se quiser, pode experimentar mais de 20 tipos de azeite de oliva e até queijos, através do mesmo sistema.

A Cantina é especializada em vinhos da Toscana. Sua adega reúne mais de 1.000 rótulos de toda a Toscana e uma seleção dos melhores vinhos de outras regiões da Itália. Você escolhe seus vinhos e pode enviá-los para a sua casa, mesmo que seja aqui em Secretário. A loja possui também um Museu do Vinho, aberto gratuitamente à visitação. Oferece ainda visitas orientadas, com palestras acompanhadas de degustação, em salas equipadas com DVDs, vídeos e computadores. Além das máquinas automáticas, as degustações podem ser feitas na cantina, orientadas por funcionários especializados. Saiba mais aqui sobre Le Cantine di Greve in Chianti.

Encontramos uma versão mais atualizada dessa loja um pouco mais longe, em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. É a VinoVenue, no badalado distrito de South Market. Abriu em setembro de 2004, com amplos espaços, teto alto, pra lá de high-tech – ou seja, a loja apresenta serviços de alta tecnologia, além de conter aspectos arquitetônicos avançados.

E estão lá as mesmas Enomatics, onde você também experimenta 104 vinhos comprando cartões magnéticos com 10 dólares de crédito. Um gole do tinto português Altano (cuja garrafa custa US$ 10,00 na loja) e lá se vai um dólar do seu crédito. Se quiser tirar uma provinha do Château d’Yquem 1999, o mais famoso dos vinhos doces naturais (US$ 163,00 por meia garrafa), você é descontada em 28 dólares. Terá de comprar mais dois cartões. A coisa vicia.

Encontramos uma versão mais atualizada dessa loja um pouco mais longe, em São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. É a VinoVenue, no badalado distrito de South Market. Abriu em setembro de 2004, com amplos espaços, teto alto, pra lá de high-tech – ou seja, a loja apresenta serviços de alta tecnologia, além de conter aspectos arquitetônicos avançados.

E estão lá as mesmas Enomatics, onde você também experimenta 104 vinhos comprando cartões magnéticos com 10 dólares de crédito. Um gole do tinto português Altano (cuja garrafa custa US$ 10,00 na loja) e lá se vai um dólar do seu crédito. Se quiser tirar uma provinha do Château d’Yquem 1999, o mais famoso dos vinhos doces naturais (US$ 163,00 por meia garrafa), você é descontada em 28 dólares. Terá de comprar mais dois cartões. A coisa vicia.

A VinoVenue oferece ainda um wine bar para degustar por preços camaradas os vinhos que desejar. Não poderia faltar um programa de cursos de vinho, com todo o aparato de DVDs, vídeos etc. A casa conta ainda com espaços apropriados para eventos especiais, degustações assistidas e um Clube do Vinho, com descontos e outras ofertas exclusivas para associados. E ainda uma adega especial para você guardar seus vinhos mais nobres – por uma pequena mensalidade. Saiba mais sobre a VinoVenue aqui.
Le Cantine e a VinoVenue são exemplos de uma forte tendência das modernas lojas de vinho: a de levá-la a experimentar antes de comprar. Você lê a respeito, anota estrelinhas ou notas dos críticos considerados, ouve o vendedor tocar um senhor violino sobre esse ou aquele vinho. Tudo isso é muito bom. Mas o melhor mesmo seria provar um pouco de alguns vinhos antes de comprometer uma bela soma.
Em Dublin, Irlanda, a nova Enowine funciona da mesma maneira, destacando esse novo conceito, de provar antes de comprar. Oferece máquinas automáticas para provas de vinho (100 rótulos diferentes, que estão sempre mudando), seguindo modelo das lojas italiana e americana. A Enowine está aqui.
Se essas três casas representam o futuro das lojas de vinho, viva o futuro!. Quem hoje vai comprar um carro sem antes fazer um “test drive”? Por isso, a maioria das lojas modernas inclui sempre um programa de degustações. Na Ferry Plaza Wine Merchant & Wine Bar as provas são diárias. O cliente degusta alguns vinhos, em taças. E depois decide o que comprar.
As mudanças começaram com lojas especializadas numa ou noutra região geográfica. O Club du Taste-Vin, no Rio, como o nome indica, é especializado em vinhos franceses. A casa oferece periodicamente degustações em torno de rótulos novos de alguma região francesa e, através de duas filiais, degustação de vinhos e comidas, devidamente harmonizados: são o Bar du Taste-Vin do Rio e o de São Paulo. Veja aqui.
Um conceito mais ligado às características gerais dos vinhos, seus vários estilos, é o que faz o sucesso da Best Cellars, uma rede de seis lojas, a primeira delas em Nova York. Seus donos, experimentados comerciantes de vinho, sabiam que os consumidores estavam cansados dessa história de rituais do vinho, dos seus “segredos”, de suas etiquetas e da profusão de ofertas envolvendo um número enorme de países, regiões, uvas e rótulos. Só servem para afastar e assustar o consumidor.
A Best Cellars estabeleceu uma nova linguagem para descrever os vinhos – muito mais compreensível para o consumidor. São oito prateleiras, cada uma com uma oferta diferenciada de vinho: Fizzy (os espumantes), Fresh (vinhos jovens,novos, refrescantes, com muita fruta), Soft (vinhos com baixa acidez ou taninos, normalmente já maduros, prontos), Luscious (ricos, opulentos, mas macios, normalmente os doces ou os frutados), Juicy (frutados), Smooth (vinhos macios, onde se nota a presença do ácido láctico, com a acidez domada) e Big (vinhos encorpados, fortes, com complexidade de sabores, destacada presença de taninos; provavelmente de “guarda”: precisam ainda passar um tempo na adega). Todos os vinhos custam no máximo 15 dólares (exceto os de uma pequena seção chamada “Beyond the Best”, para os mais caros). A idéia é a de simplificar tudo para o consumidor, tanto na escolha quanto no preço. Veja aqui.

Pense que você está num supermercado, com o carrinho ainda vazio, pensando em fazer uma pasta com molho de tomado mais uma carne assada para o jantar. Que vinho servir? Bom, se essa loja for uma das Wegmans, uma cadeia baseada em Nova York, o seu problema está resolvido, pois a seção de vinhos está organizada pelo tipo de comida que a bebida complementa.

Por exemplo: os tintos estão divididos em três grupos: vinhos para pasta e pizza; para galinha e peixe e para carne de vaca e cordeiro. Em cima de cada pilha de vinhos, pequenos cartazes com desenhos ou fotos de um prato de massas, um peixe, uma vaca etc. E em cada um desses grupos, os vinhos estão arrumados por preço. Não tem como errar (nem como não comprar). Veja aqui.

Talvez, o maior espaço em todo o mundo dedicado à venda de vinhos seja o da Lavinia, em Paris, com perto de 1.500 metros quadrados. A empresa começou com lojas em Madri e em Barcelona. E recentemente abriu em Paris, no Boulevard de la Madeleine. Oferece 6.000 rótulos diferentes de vinhos e destilados, dos quais 2.000 vinhos estrangeiros originários de 43 países. Vende também 500 itens diversos, entre acessórios e livros. Todas as 6.000 garrafas estão guardadas em adegas climatizadas. Os vinhos são vendidos já na temperatura e umidade corretos. A Lavinia conta ainda com um wine bar (onde é permitido fumar, o que prejudica a degustação) e um restaurante.

Aqui, a maioria das lojas ainda depende sobretudo do conhecimento e experiência do pessoal de atendimento. Algumas lojas, mais sofisticadas, oferecem um wine bar, onde naturalmente temos de pagar (caro, na maioria das vezes) para experimentar os poucos vinhos vendidos em taças. A filosofia ainda é a de promover os vinhos da casa, naturalmente, mas sem deixar de fazer dinheiro. De qualquer modo, noto grandes melhorias, sobretudo em supermercados, com ofertas e promoções freqüentes e mais em conta, exposição mais racional dos produtos e espaços cada vez mais amplos para os vinhos. Só que ainda não temos desenvolvido o conceito do test drive, do experimente-antes-de-comprar.

Amigas, conte aqui para a Soninha (soniamelier@terra.com.br) suas experiências (e expectativas) com as lojas de vinho que conhece.



Aprenda com o chá

E se você não pudesse tomar seu vinho por qualquer motivo – que bebida escolheria em seu lugar?

Cerveja, água, suco de frutas, leite, chá? Qual dessas bebidas poderia funcionar como o vinho? Para o crítico Robin Garr, que responde pelo ótimo site de vinhos WineLover’s Page,

a escolha recairia sobre o chá, quente ou gelado – e com muitos pontos de vantagem.

É que essa bebida milenar, originária da China, responsável pela Independência da América (século 18) e pela ruína da China (século 19) – pois é ela a que mais se assemelha ao vinho (exceto pelo álcool) sob o ponto de vista sensorial.

Como o vinho, o chá verde apresenta aromas variados lembrando frutas e flores. São fragrâncias derivadas do tipo de folhas, de solo, da maneira como são cultivadas e processadas. O chá, inclusive, pode expressar “terroir”, sabores distintos que refletem a região ou o sítio de onde as folhas cresceram e foram colhidas – comenta Robin Garr.

Como o vinho, o chá pode ser leve ou encorpado. É adstringente como os vinhos tintos, pois rico em taninos, um grupo de componentes químicos antioxidantes que incluem os fenóis, polifenóis, flavonóides e catequinas, cuja função maior é proteger a planta – e quem a consome, igualmente.

Se acrescentarmos um pouquinho de suco de limão teremos a acidez tal como nos vinhos. Ao adoçarmos o chá, estabeleceremos um equilíbrio com a acidez, exatamente como nos vinhos. Se, além disso, fizermos como os ingleses e juntarmos um pouco de leite, vamos “amaciar” os taninos, reduzindo a adstringência do chá.

Robin Garr aprendeu tudo isso com a professora Brenda McLaughlin, dona de uma loja de vinhos e que ensina como degustar a bebida numa escola da Califórnia - primeiramente através do chá. Ela surpreende quando faz seus alunos provarem quatro tipos de chás: o preto, puro. Uma versão com um pouco de açúcar, outra com um tantinho de limão e uma última com um pouco de leite. Fiz a prova em casa, tanto com o chá preto quente e sua versão gelada. Como com os vinhos, cheirei e provei. Comparei cada versão com a original, pura. Está tudo lá, nas xícaras, bem similar aos vinhos, inclusive a versão com leite, que lembra vinhos após a fase da fermentação malolática, secundária que ocorre naturalmente, quando o ácido málico se converte no ameno ácido láctico.

Seus antioxidantes são importante ajuda na prevenção de problemas de coração, de colesterol elevado, pressão sanguínea, câncer, Alzheimer, entre outros. Possui um componente (o EGCG - Epigallocatechin gallate) 100 vezes mais potente que a vitamina C e 25 vezes mais eficaz que a vitamina E na proteção de células ligadas ao câncer e ao coração. É um antioxidante duas vezes mais potente que o resveratrol encontrado nos vinhos tintos. Por favor, considere o chá, bebida saborosa e pra lá de saudável, um ótimo “professor” aos segredos dos vinhos.

Assim como o vinho de uma determinada região combina melhor com os pratos locais (Um bom Bordeaux tinto com o tradicional assado de cordeiro da região, por exemplo), com o chá acontece o mesmo. O chá de uma determinada região desenvolveu-se ao lado dos pratos locais. E essa é uma das boas maneiras de combinar chá e comida. O chá verde japonês é melhor com sushi e frutos do mar, pois foi desenvolvido para isso mesmo.

O chá preto, por outro lado, complementa alimentos mais pesados. Por exemplo, molhos muito cremosos. É que esses chás foram desenvolvidos pelos ingleses para acompanhar a cozinha européia.

Os chás com muito tanino, como o Darjeeling, podem até acompanhar sobremesas com chocolate, embora muitos prefiram o forte e intenso chá verde japonês.

Como prefere seu chá? Escreva para a Soninha: soniamelier@terra.com.br