Um médico e vinicultor australiano está aditivando seus vinhos com 100 mg/litro de resveratrol uma quantidade até 10.000% acima da quantidade normal desse famoso antioxidante. As quantidades típicas de resveratrol nos tintos ficam m torno dos 3 mg/litro e, nos brancos, até 1 mg/litro. E estão em cada garrafa por obra e graça da natureza.
Philip Norrie é clínico geral em Sydney, Austrália há mais de 30 anos, autor de vários livros sobre vinho e também estudioso do impacto da bebida na saúde. Fundou recentemente a Pendarves Estate REW (REW: Resveratrol Enhanced Wine – Vinho Enriquecido com Resveratrol). E já lançou dois vinhos assim turbinados: um Chardonnay e um Shiraz, ambos sob o rótulo “The Wine Doctor” (“O Doutor do Vinho”). O Dr. Norrie diz que esse processo, já patenteado por ele, não altera cor, clareza, aromas e sabores da bebida.
O governo espanhol persegue igualmente o mesmo objetivo, investindo pesado em projetos para aumentar a dosagem do polifenol nos vinhos de alguns produtores da região de Rioja.
O resveratrol é um componente químico produzido pela uvas (e outras plantas como o amendoim e o eucalipto) em resposta a ataques microbianos ou de agentes externos como radiação ultravioleta. Começou a ficar famoso quando nos anos 90 pesquisadores norte-americanos comprovaram sua contribuição para a saúde e sua importância para o fenômeno do “Paradoxo Francês”. Em 1991, o correspondente do programa “60 Minutos”, Morley Safer, levou ao ar a reportagem “The French Paradox”, que buscava uma resposta para a baixa taxa de doenças cardíacas entre os franceses, logo eles com sua dieta rica em gorduras. E por pesquisas, concluiu que a explicação estria nos vinhos tintos. A partir daí, a demanda pelos vinhos tintos explodiu em todo o mundo. E a mola de tudo isso era o nosso resveratrol. Desde então, ele pontifica em pesquisas como solução de uma miríade de problemas de saúde: de doenças cardíacas e inflamatórias a obesidade, de câncer ao mal de Alzheimer, de doenças hepáticas, renais e pulmonares ao aumento de longevidade etc.
A indústria farmacêutica não perdeu muito tempo e hoje o resveratrol é produzido quimicamente e vendido como suplemento nutricional. A indústria de cosmético também se utiliza do produto, como um ungüento da juventude. Não é de estranhar que o resveratrol voltasse ao vinho em quantidades cavalares, mesmo sem o aval de departamentos de saúde ou de pesquisas científicas, ainda as voltas com os efeitos do polifenol nos ratinhos de laboratórios.
O resveratrol, encontrado nas cascas das uvas, faz parte do sistema imunológico da videira. É uma fitolexina, proteína que atua como protetora das plantas. Ela atua como uma toxina contra os organismos que a atacam, defendendo a planta contra herbívoros, pássaros (tornando a planta amarga, difícil de digerir) e até contra raios ultravioletas.
Ela manipula diretamente as sirtuinas, moléculas que agem como alteradores de metabolismo. Essas alterações podem acontecer em vasta gama de organismos, de fermentos a mamíferos e sempre obedecendo a duas diferentes estratégias: viva pouco e dinamicamente ou viva longa e vagarosamente. A natureza, ao que parece, criou essas duas diferentes estratégias de modo a que os organismos possam adaptar-se em ambientes, ora de fartura, ora de escassez. Por exemplo: a restrição de calorias, que se provou capaz de estender o período de vida de uma grande variedade de organismos, resultará num metabolismo de queima caloria muito lenta, onde os organismos ficam em compasso de espera até que as coisas melhorem. Em estudos experimentais, o resveratrol pode levar a um estado de restrição calórica o que pode servir de proteção contra várias doenças relacionadas à idade e até ao câncer.
Não é à-toa que o interesse por essa molécula seja enorme, embora ainda existam questões a resolver, com a das dosagens. Para desfrutar da saúde de alguns ratinhos, precisaríamos de mais do que uma garrafa de vinho tinto diariamente.
Pesquisadores da Escola Médica de Harvard, EUA, davam aos seus ratinhos de laboratório uma senhora dose de resveratrol (num estudo em torno da longevidade): 24 miligramas por quilo de peso. O vinho tinto pode ter entre 1,5 a 3 miligramas de resveratrol por litro. Portanto, uma pessoa com os seus 70 quilos precisaria beber entre 1.500 a 3.000 garrafas de vinhos todos os dias para chegar à dose consumida pelos ratinhos!
Numa rápida busca pela Internet, vamos achar muitas empresas oferecendo suplementos à base do resveratrol, todos trombeteando incríveis benefícios para a saúde. Mas ainda é muito cedo para transferir para os humanos o que ainda se está aprendendo à custa dos ratinhos.
A evidência de séculos de história é a de que o vinho, consumido com moderação, pode ser muito bom para a saúde. Logo, qual a vantagem e adicionar o resveratrol? Além disso, vinho não é remédio. O consumimos por prazer.
Vamos deixar os cientistas fazer o trabalho deles. Sabemos que há boas razões para a indústria farmacêutica ser pesadamente regulada, e para que os consumidores sejam protegidos contra remédios perigosos (ou não pesquisados devidamente) e falsos reclames.
Se o Dr. Norrie pesquisasse pra valer não daria no nome “The Wine Doctor” a seus vinhos. Pois esse é o nome de uma dos mais antigos e sérios sites sobre vinhos em toda a internet, assinado por um outro médico, Chris Kissack. Veja aqui.
O Dr. Norrie vai faturar uma nota, tenho certeza. Poderá também percorrer um caminho que beira o supersticioso, o falso, o enganoso e ajudar a transformar a bebida num xarope milagroso, numa catuaba, numa nova jurubeba.
Da Adega
Cinco Sentidos. A Confraria Carioca apresentará no próximo dia 2 de fevereiro a linha Cinco Sentidos, da produtora Finca Algarve, de Mendoza, Argentina, trazidos pela importadora Madalosso Martins para a charmosa butique de vinhos de Duda Zagari.
A Finca Algarve fica a 850 metros de altitude nas bordas do Rio Mendoza, na província de mesmo nome, na Argentina. Foi fundada em 1955 e dos seus 100 hectares saem agora uma linha completa de vinhos: Cinco Sentidos.
Temos o Gran Reserva 2004, um blend de Malbec (50%), Cabernet Sauvignon (44%) e Syrah (6%). Foi Medalha de Ouro na Vinandino em 2007. Seguem-se o Reserva 2004 (metade Malbec, metade Cabernet), medalhas de ouro na Vinandino 2007 e de prata no Hyatt Awards 2007; o Torrontés 2007 (a grande uva branca argentina), o Chardonnay 2006, o Cabernet Sauvignon 2005, o Malbec 2005 (medalha de prata o Hyatt Awards 2007 e também de prata no Vinandino 2007) e o doce Tardio, um blend de Torrontés e Chardonnay, numa belíssima garrafa.
No dia 2 de fevereiro a degustação começará às 15 horas. Confraria Carioca fica no Rio Plaza Shopping, na Rua General Severiano, 97, loja 35, Botafogo, Rio de Janeiro. Não perca.
Carnaval na Vitis Vinifera. Dê só uma olhada no link da Vitis Vinifera. Uma ótima promoção de preços para tintos, brancos e roses.
Philip Norrie é clínico geral em Sydney, Austrália há mais de 30 anos, autor de vários livros sobre vinho e também estudioso do impacto da bebida na saúde. Fundou recentemente a Pendarves Estate REW (REW: Resveratrol Enhanced Wine – Vinho Enriquecido com Resveratrol). E já lançou dois vinhos assim turbinados: um Chardonnay e um Shiraz, ambos sob o rótulo “The Wine Doctor” (“O Doutor do Vinho”). O Dr. Norrie diz que esse processo, já patenteado por ele, não altera cor, clareza, aromas e sabores da bebida.
O governo espanhol persegue igualmente o mesmo objetivo, investindo pesado em projetos para aumentar a dosagem do polifenol nos vinhos de alguns produtores da região de Rioja.
O resveratrol é um componente químico produzido pela uvas (e outras plantas como o amendoim e o eucalipto) em resposta a ataques microbianos ou de agentes externos como radiação ultravioleta. Começou a ficar famoso quando nos anos 90 pesquisadores norte-americanos comprovaram sua contribuição para a saúde e sua importância para o fenômeno do “Paradoxo Francês”. Em 1991, o correspondente do programa “60 Minutos”, Morley Safer, levou ao ar a reportagem “The French Paradox”, que buscava uma resposta para a baixa taxa de doenças cardíacas entre os franceses, logo eles com sua dieta rica em gorduras. E por pesquisas, concluiu que a explicação estria nos vinhos tintos. A partir daí, a demanda pelos vinhos tintos explodiu em todo o mundo. E a mola de tudo isso era o nosso resveratrol. Desde então, ele pontifica em pesquisas como solução de uma miríade de problemas de saúde: de doenças cardíacas e inflamatórias a obesidade, de câncer ao mal de Alzheimer, de doenças hepáticas, renais e pulmonares ao aumento de longevidade etc.
A indústria farmacêutica não perdeu muito tempo e hoje o resveratrol é produzido quimicamente e vendido como suplemento nutricional. A indústria de cosmético também se utiliza do produto, como um ungüento da juventude. Não é de estranhar que o resveratrol voltasse ao vinho em quantidades cavalares, mesmo sem o aval de departamentos de saúde ou de pesquisas científicas, ainda as voltas com os efeitos do polifenol nos ratinhos de laboratórios.
O resveratrol, encontrado nas cascas das uvas, faz parte do sistema imunológico da videira. É uma fitolexina, proteína que atua como protetora das plantas. Ela atua como uma toxina contra os organismos que a atacam, defendendo a planta contra herbívoros, pássaros (tornando a planta amarga, difícil de digerir) e até contra raios ultravioletas.
Ela manipula diretamente as sirtuinas, moléculas que agem como alteradores de metabolismo. Essas alterações podem acontecer em vasta gama de organismos, de fermentos a mamíferos e sempre obedecendo a duas diferentes estratégias: viva pouco e dinamicamente ou viva longa e vagarosamente. A natureza, ao que parece, criou essas duas diferentes estratégias de modo a que os organismos possam adaptar-se em ambientes, ora de fartura, ora de escassez. Por exemplo: a restrição de calorias, que se provou capaz de estender o período de vida de uma grande variedade de organismos, resultará num metabolismo de queima caloria muito lenta, onde os organismos ficam em compasso de espera até que as coisas melhorem. Em estudos experimentais, o resveratrol pode levar a um estado de restrição calórica o que pode servir de proteção contra várias doenças relacionadas à idade e até ao câncer.
Não é à-toa que o interesse por essa molécula seja enorme, embora ainda existam questões a resolver, com a das dosagens. Para desfrutar da saúde de alguns ratinhos, precisaríamos de mais do que uma garrafa de vinho tinto diariamente.
Pesquisadores da Escola Médica de Harvard, EUA, davam aos seus ratinhos de laboratório uma senhora dose de resveratrol (num estudo em torno da longevidade): 24 miligramas por quilo de peso. O vinho tinto pode ter entre 1,5 a 3 miligramas de resveratrol por litro. Portanto, uma pessoa com os seus 70 quilos precisaria beber entre 1.500 a 3.000 garrafas de vinhos todos os dias para chegar à dose consumida pelos ratinhos!
Numa rápida busca pela Internet, vamos achar muitas empresas oferecendo suplementos à base do resveratrol, todos trombeteando incríveis benefícios para a saúde. Mas ainda é muito cedo para transferir para os humanos o que ainda se está aprendendo à custa dos ratinhos.
A evidência de séculos de história é a de que o vinho, consumido com moderação, pode ser muito bom para a saúde. Logo, qual a vantagem e adicionar o resveratrol? Além disso, vinho não é remédio. O consumimos por prazer.
Vamos deixar os cientistas fazer o trabalho deles. Sabemos que há boas razões para a indústria farmacêutica ser pesadamente regulada, e para que os consumidores sejam protegidos contra remédios perigosos (ou não pesquisados devidamente) e falsos reclames.
Se o Dr. Norrie pesquisasse pra valer não daria no nome “The Wine Doctor” a seus vinhos. Pois esse é o nome de uma dos mais antigos e sérios sites sobre vinhos em toda a internet, assinado por um outro médico, Chris Kissack. Veja aqui.
O Dr. Norrie vai faturar uma nota, tenho certeza. Poderá também percorrer um caminho que beira o supersticioso, o falso, o enganoso e ajudar a transformar a bebida num xarope milagroso, numa catuaba, numa nova jurubeba.
Da Adega
Cinco Sentidos. A Confraria Carioca apresentará no próximo dia 2 de fevereiro a linha Cinco Sentidos, da produtora Finca Algarve, de Mendoza, Argentina, trazidos pela importadora Madalosso Martins para a charmosa butique de vinhos de Duda Zagari.
A Finca Algarve fica a 850 metros de altitude nas bordas do Rio Mendoza, na província de mesmo nome, na Argentina. Foi fundada em 1955 e dos seus 100 hectares saem agora uma linha completa de vinhos: Cinco Sentidos.
Temos o Gran Reserva 2004, um blend de Malbec (50%), Cabernet Sauvignon (44%) e Syrah (6%). Foi Medalha de Ouro na Vinandino em 2007. Seguem-se o Reserva 2004 (metade Malbec, metade Cabernet), medalhas de ouro na Vinandino 2007 e de prata no Hyatt Awards 2007; o Torrontés 2007 (a grande uva branca argentina), o Chardonnay 2006, o Cabernet Sauvignon 2005, o Malbec 2005 (medalha de prata o Hyatt Awards 2007 e também de prata no Vinandino 2007) e o doce Tardio, um blend de Torrontés e Chardonnay, numa belíssima garrafa.
No dia 2 de fevereiro a degustação começará às 15 horas. Confraria Carioca fica no Rio Plaza Shopping, na Rua General Severiano, 97, loja 35, Botafogo, Rio de Janeiro. Não perca.
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