3.6.09

Por que não...

...divertir-se com suas taças de vinhos? Veja como é provar um vinho branco na taça dedicada ao tinto. Ou o vinho tinto na taça do branco. Ou o branco e tinto na tulipa de espumante. Se amamos os vinhos, somos levadas por suas cores, aromas e sabor. Nem sempre, porém, consideramos as taças um instrumento importante para transmitir o que os vinhos têm para nos contar sobre suas cores, aromas e sabores. Sabe-se que o formato delas influencia em muito seus aromas e sabores. Afirma-se mesmo que um mesmo vinho oferecido em taças diferentes vai apresentar-se com características diversas. Teste os seus sentidos e veja se faz mesmo diferença ter uma taça apropriada para cada estilo de vinho.
Aproveito para falar sobre a ordem de taças de vinho e de água num jantar formal, motivo de várias perguntas.
Vamos começar com as taças ou copos de água: devem ficar à sua direita, logo acima da faca (o prato como cento, os garfos estão à esquerda e as facas à direita). As taças de vinho devem ser colocadas na ordem em que serão utilizadas, da esquerda para a direita. Então teremos: copo d’água, taça de vinho branco, taça de vinho tinto.
Mas muita gente faz justamente o contrário: começam pela extrema direita, com o copo d’água e, na direção da faca, as taças de vinho branco e do tinto. Só precisamos prestar atenção para que os copos dos vizinhos de mesa não se confundam.
... experimentar uma varietal desconhecida? Que tal conhecer vinhos feitos com uvas completamente desconhecidas para você, que a essa altura já deve estar farta da Cabernet Sauvignon, da Merlot, da Chardonnay etc.? Por exemplo, prove o Casa Perini Ancellotta, uma uva tinta muito utilizada na região da Emilia-Romagna, Itália. Aparece como segunda uva do Lambrusco, um vinho popular na mesma região (feito tento a uva Lambrusco como a principal). Em boa hora a Perini trouxa aclimatou a uva no sul e produziu um ótimo vinho. Pode também conhecer a Tempranillo feita pela Miolo (Fortaleza do Seival Tempranillo). A grande uva tinta espanhola sendo experimentada, como sucesso por uma respeitada vinícola nacional.
Quem sabe, um Alicante Bouschet, tal como produzido pela Pizzato Vinhas & Vinhos? É uma casta originária da França, embora mais cultivada em Portugal. Resulta de uma cruza da Grenache com a Petit Bouschet. Saiba mais sobre o Pizzato-Alicante Bouschet Reserva 2004 no site da vinícola.
A Pizzato também oferece outro vinho feito com uma casta “exótica”, a Egiodola, originária do Languedoc e do sudeste francês e muito utilizada em blends. Aqui, conseguiu-se um tinto bem estruturado, de cor escura e com muita fruta. Egiodola em basco significa “sangue puro”.
E a Humagne blanche, a Petite Arvine, a Heidar? Nunca ouviu falar? Pois dê uma olhada abaixo (Da Agenda) e aproveite.
... “desarmonizar” o seu jantar? Ou seja, em vez de harmonizar vinho branco com peixe, experimenta fazê-lo com um vinho tinto. Veja o que acontece e tome nota. Não fique presa a regras, a maioria delas ultrapassada em se tratando de harmonizar vinhos e comida.
... tentar um vinho que você não gosta? Digamos que no passado você tenha experimentado um vinho alemão e não gostou. O mesmo com outro da África do Sul. Além disso, acha que a Hungria não está com nada. Que tal tomar coragem e experimentá-los. Veja algumas ofertas de vinhos alemães, sul-africanos e húngaros. Quanto mais você experimenta, quanto mais você varia e diversifica, mais você fica sabendo sobre os vinhos e mais prazeres poderá tirar deles.
... escolher o vinho mais barato do restaurante? Será que você é daquelas que escolhe pelo preço? Os restaurantes sabem que a maioria dos fregueses não vai pedir o vinho mais barato para não parecer muito miserável ou ignorante. Daí que o segundo vinho mais caro costuma ser lastimável. Tente o mais barato: muitas vezes será surpreendida pela bela escolha que fez.
Há pouco tempo, cientistas da Califórnia fizeram um estudo onde se comprovou a relação entre os vinhos e seus preços. Os pesquisadores selecionaram um grupo de 20 pessoas para experimentar cinco diferentes vinhos (Cabernet Sauvignon).
Colocaram as pessoas em máquinas de ressonância magnética e fizeram com que cada uma experimentasse os vinhos enquanto ainda na máquina.
Para cada pesquisado foi informado o preço dos vinhos que estavam experimentando. Solicitavam a cada um deles que se concentrassem apenas no sabor e se pronunciassem a respeito.
Porém, os pesquisadores fizeram um truque: na verdade, apenas três vinhos estavam sendo oferecidos, com dois deles aparecendo com preços diferentes. Havia o vinho de 5 dólares (o vinho 1, com o seu preço verdadeiro); o vinho de 10 dólares (o vinho 2, cujo preço real era de 90 dólares); o vinho de 35 dólares (vinho 3); o vinho de 45 dólares (vinho 1, com seu prelo falsificado) e o vinho de 90 dólares (vinho 2, com seu preço verdadeiro).
Não houve surpresa que os participantes preferiram os vinhos 1 e 2, assim que eram informado dos seus preços, como comprovou o equipamento de ressonância magnética, com uma agitação extra nas partes do cérebro onde se registra a experiência do prazer.
O preço, portanto, pode alterar a natureza de sua percepção, leitora. Ao pedir a marca mais barata, você está colocando a lista do restaurante de cabeça para baixo e ensinando a você mesma que preço não é tudo, que você quer se relacionar com o vinho de maneira diferente.
O mesmo podemos afirmar sobre a influência da origem (“os vinhos importados são os melhores”), dos rótulos (é um Château, tem um “Dom” ou um “Reserva” no texto). Tente abstrair-se desses conceitos (que facilmente se tornam preconceitos): com os vinhos, o melhor aprendizado é experimentá-los todos.
Da Adega
Mais sobre como retirar rótulos.
Olha o que diz a Celiacm. “Sei como retirar rótulos de qualquer recipiente: não passe na água, simplesmente, espalhe azeite de cozinha sobre o rótulo e deixe por 24 horas. No dia seguinte, ele estará completamente solto”.
Vinhos suíços. A
Vitis Vinifera realizará dia 17 de junho, quarta-feira, às 20 horas, uma degustação de vinhos suíços, originários do Valais, talvez a mais importante região produtora do país. A apresentação será feita pelo diretor da cooperativa Provins Valais, Sebastien Ludy. O evento, que inclui jantar, será no Giuseppe Grill Leblon (Av. Bartolomeu Mitre, 370, Leblon, Rio). Mais informações pelos telefones: 21_2235-7670/2235-3968. Ou pelo e-mail.
Licor Advocaat. A Tania quer comprar o licor Advocaat, da Bols. Mas já pesquisou, inclusive pela internet e não encontrou. Pede ajuda. Tania, também procurei, mas só na internet. E não achei. No site da
Bols, temos dezenas de licores, mas nenhum Advocaat. Mas não me incomodei muito com isso. O Advocaat é apenas um licor de ovo.
Na origem, é um licor holandês, mas com um pé no Brasil. Diz uma lenda que, lá pelos idos do século XVI, os índios da Amazônia faziam um licor de abacate que caiu no gosto dos marinheiros holandeses. Como? Índios fazendo licor de abacate? Outros mitógrafos substituem os índios brasileiros por nativos das Índias Ocidentais. O caso é que, de volta para o seu terrão natal, os holandeses não encontraram abacate. E pularam nas tamancas. Contudo, acharam de substituir o abacate por gemas de ovos. O nome lembra abacate, embora advocaat seja advogado, pois quem bebe esse licor, garantem os holandeses, não para de falar. E eloqüentemente. Veja uma receita, que peguei no site da
Ana Maria Braga.
Agora, Tania: só mesmo um advogado para explicar como os holandeses acharam de substituir abacate por gema de ovo.
Espumante da Valduga comparado aos champagnes. O Casa Valduga Gran Reserva Extra Brut 2002 foi o vencedor na categoria “Espumantes Nacionais” do concorrido Top Ten Expovinis Brasil 2009, concurso que elege os dez melhores vinhos em exposição no evento.
De acordo com o “Master of Wine” Dirceu Vianna Júnior (o único brasileiro a conquistar até agora esta importante graduão do mundo dos vinhos), o Gran Reserva Extra Brut mereceu esta premiação por apresentar a qualidade e supremacia dos grandes espumantes da região de Champagne. Dirceu fez parte do júri que acabou por eleger o Espumante da
Valduga.

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