Já que aqui no Brasil todos, gregos e troianos, afirmam que “ganhamos as Olimpíadas”, e que referências às glórias futuras de 2016 não saem do noticiário, tento recolher alguma evidência que coloque as bebidas alcoólicas e minha coluna nesse contexto. Parece improvável, não é?
Pensei no Dirceu Vianna Júnior, o primeiro brasileiro a ganhar o dificílimo título de Master of Wine, concedido pelo respeitável Institute of Master of Wine. Puxa, em 55 anos de vida, o IMW deu esse título a umas 270 pessoas, como à minha guru, Jancis Robinson. A maioria foi de ingleses e uma parte pequena a americanos, franceses, belgas, alemães, finlandeses, holandeses, australianos etc. Ninguém da América Latina! Mas agora, pimba, o brasileiro lá de Marechal Rondon, um município paranaense, levou a comenda de excelência no mundo dos vinhos.
Mas o título não corresponde exatamente a uma disputa olímpica. Quem concorre a ele faz um curso e cinco provas ao longo de alguns anos. É o equivalente a um doutorado.
Talvez eu devesse ter recorrido às inúmeras medalhas que os vinhos brasileiros vêm conquistando em várias provas internacionais. Só que essas provas carecem de unanimidade, embora a maioria dos críticos ainda (e com justiça) credite aos vinhos franceses o equivalente a uma medalha de ouro. Acho que não existe um equivalente ao Comitê Olímpico Internacional para os vinhos. Com relação aos coquetéis temos, porém, um concurso mundial, já realizado há dezenas de anos.
Assim, o meu candidato mais provável é o Rogério “Rabbit” Barroso, o bartender brasileiro que pela segunda vez consecutiva fica entre os dez melhores no concurso do World Cocktail Competition 2009, realizado em Berlim. Em 2008 ele ficou em 8º lugar. E agora, em agosto, pegou a 10ª colocação, representando o Brasil, entre 52 países competidores.
As provas nessa modalidade de concurso resumem-se à apresentação de coquetéis. O bartender cria uma receita que será degustada e avaliada por um corpo de jurados, sumidades em mixologia.
O problema é que provavelmente nós consumidoras só conhecerão esses drinques premiados um acaso. Ou se forem profissionais do ramo e acompanharem de perto esses concursos.
Só fui conhecer mais sobre coquetéis através do mundo da ficção. E nesse pedaço sugiro medalhas de ouro para dois personagens: o inspetor Maigret e o agente 007, Bond, James Bond.
Ao longo de 70 novelas, Maigret, criação do belga Simenon, como um francês típico, bebeu (por ordem de quantidade): cerveja, conhaque (Armagnac, Calvados, Marc, Conhaques de ameixa e de framboesa), café, vinho (na maioria dos casos, vinhos brancos), licores (Chartreuse, Curaçao), Pastis, Martini, Rum, grogue (um destilado com água quente), e uísque. Só bebeu chá quando doente. As personagens femininas praticamente só bebiam chás, água (de Vichy) e Champagne (apenas as ricas).
O inspetor jamais bebeu gim e champanhe e era o retrato da fidelidade. Seu colega inglês, Bond, James Bond, era bem diferente.
Elegante como um inglês, mas cosmopolita, Bond era refinado em seus gostos. E tremendamente galinha Aprendi e me divertir bastante com suas preferências etílicas.
O Martini saiu da obscuridade em 1953, a partir da novela Casino Royale, de Ian Fleming, o criador de Bond. Ele pede ao bartender um Martini seco. E dá a receita: “Três doses de gim Gordon’s, uma de vodca, meia dose de Kina Lillet. Bata bem até que fique geladíssimo. Aí, junte casca de limão bem grande. Entendeu?”
Bond revelou ao bartender que aquele coquetel era invenção sua, que ia patenteá-lo assim que encontrasse um bom nome. Estava criado o famoso Vesper.
Alguns dos ingredientes originais não existem mais, como o Kina Lillet, um vermute que é normalmente substituído por Lillet Blanc ou por qualquer bom vermute seco, como o Cinzano extra seco.
O Gordon’s de1953 tinha 47% de álcool e hoje, reformulado, tem menos de 40%. Substitua pelo Tanqueray, que guarda a antiga potência do Gordon’s. A vodca é a Stolichnaya (que Fleming aprendeu a gostar quando servia em Moscou como jornalista).
O nome Vesper é uma homenagem de Bond a sua namorada, tanto no livro quanto no cinema. No primeiro Casino Royale, de 1967, Vesper Lynd é interpretada por Ursula Andress. Na segunda versão, de 2006, o papel é da atriz Eva Green.
Ao longo de 46 anos e 22 filmes, Bond sempre demonstrou um gosto refinado por bebidas, degustando desde Dom Pérignon a mint juleps, influenciando muita gente sobre o que é bom ou o que está na moda beber. Quando Pierce Brosnan pede um mojito em Um novo dia para morrer, de 2002, o coquetel saiu do anonimato e fez carreira em todo o mundo.
Eis aqui alguns dos drinques preferidos de Bond:
Mojito (Um novo dia para morrer, 2002): três ramos de hortelã fresca, duas colheres de sopa de açúcar (30 ml) três colheres de sopa de suco de lima, uma dose de rum branco e uma dose de club soda.
Rum Collins (007 Contra a Chantagem Atômica, 1965): duas doses de rum branco, suco de lima, uma colher de sopa de açúcar, água com gás, rodelas de limão e uma cereja.
Mint Julep (Goldfinger, 1964): quatro ramos de hortelã, três doses de Bourbon, uma colher de sopa de açúcar, encha o copo (alto) com gelo picado. É um drinque típico do sul dos EUA. Foi servido a Bond no rancho de Goldfinger, no Kentucky.
Mas Bond já bebeu cerveja: Timothy Dalton entorna uma Bud com limão em 007, Permissão para Matar, de 1989. E um “apimentado” Blood Mary foi servido a ele em Nunca mais outra vez, de 1983. Apimentado porque Sean Connery-Bond pede com bastante Tabasco.
Há um triste porém, nessa carreira. Ao longo das novelas e dos filmes, o Martini original tem o gim substituído pela vodca.
Corta para o nosso premiado Rogério “Rabbit”. Ele se destacou com o coquetel “Think Green”, cuja receita compõe-se de Bacardi Superior, o licor de melão Midori, o Marie Brizard Lemon Grass, o xarope de limão Teisseire Lemon Syrup, o Caraibos Pineapple Juice e o Moët & Chandon Brut Imperial.
Rogério é consultor da Casa Flora e, através dela, assessora bares de restaurantes. Nessa importadora você vai encontrar todos os ingredientes do “Think Green”.
Agora que “ganhamos” as Olimpíadas é oportuno e necessário que “pensemos verde”. Será sempre bom para o planeta e para a nossa cuca (principalmente se contarmos com a escolta de um bom coquetel).
Pensei no Dirceu Vianna Júnior, o primeiro brasileiro a ganhar o dificílimo título de Master of Wine, concedido pelo respeitável Institute of Master of Wine. Puxa, em 55 anos de vida, o IMW deu esse título a umas 270 pessoas, como à minha guru, Jancis Robinson. A maioria foi de ingleses e uma parte pequena a americanos, franceses, belgas, alemães, finlandeses, holandeses, australianos etc. Ninguém da América Latina! Mas agora, pimba, o brasileiro lá de Marechal Rondon, um município paranaense, levou a comenda de excelência no mundo dos vinhos.
Mas o título não corresponde exatamente a uma disputa olímpica. Quem concorre a ele faz um curso e cinco provas ao longo de alguns anos. É o equivalente a um doutorado.
Talvez eu devesse ter recorrido às inúmeras medalhas que os vinhos brasileiros vêm conquistando em várias provas internacionais. Só que essas provas carecem de unanimidade, embora a maioria dos críticos ainda (e com justiça) credite aos vinhos franceses o equivalente a uma medalha de ouro. Acho que não existe um equivalente ao Comitê Olímpico Internacional para os vinhos. Com relação aos coquetéis temos, porém, um concurso mundial, já realizado há dezenas de anos.
Assim, o meu candidato mais provável é o Rogério “Rabbit” Barroso, o bartender brasileiro que pela segunda vez consecutiva fica entre os dez melhores no concurso do World Cocktail Competition 2009, realizado em Berlim. Em 2008 ele ficou em 8º lugar. E agora, em agosto, pegou a 10ª colocação, representando o Brasil, entre 52 países competidores.
As provas nessa modalidade de concurso resumem-se à apresentação de coquetéis. O bartender cria uma receita que será degustada e avaliada por um corpo de jurados, sumidades em mixologia.
O problema é que provavelmente nós consumidoras só conhecerão esses drinques premiados um acaso. Ou se forem profissionais do ramo e acompanharem de perto esses concursos.
Só fui conhecer mais sobre coquetéis através do mundo da ficção. E nesse pedaço sugiro medalhas de ouro para dois personagens: o inspetor Maigret e o agente 007, Bond, James Bond.
Ao longo de 70 novelas, Maigret, criação do belga Simenon, como um francês típico, bebeu (por ordem de quantidade): cerveja, conhaque (Armagnac, Calvados, Marc, Conhaques de ameixa e de framboesa), café, vinho (na maioria dos casos, vinhos brancos), licores (Chartreuse, Curaçao), Pastis, Martini, Rum, grogue (um destilado com água quente), e uísque. Só bebeu chá quando doente. As personagens femininas praticamente só bebiam chás, água (de Vichy) e Champagne (apenas as ricas).
O inspetor jamais bebeu gim e champanhe e era o retrato da fidelidade. Seu colega inglês, Bond, James Bond, era bem diferente.
Elegante como um inglês, mas cosmopolita, Bond era refinado em seus gostos. E tremendamente galinha Aprendi e me divertir bastante com suas preferências etílicas.
O Martini saiu da obscuridade em 1953, a partir da novela Casino Royale, de Ian Fleming, o criador de Bond. Ele pede ao bartender um Martini seco. E dá a receita: “Três doses de gim Gordon’s, uma de vodca, meia dose de Kina Lillet. Bata bem até que fique geladíssimo. Aí, junte casca de limão bem grande. Entendeu?”
Bond revelou ao bartender que aquele coquetel era invenção sua, que ia patenteá-lo assim que encontrasse um bom nome. Estava criado o famoso Vesper.
Alguns dos ingredientes originais não existem mais, como o Kina Lillet, um vermute que é normalmente substituído por Lillet Blanc ou por qualquer bom vermute seco, como o Cinzano extra seco.
O Gordon’s de1953 tinha 47% de álcool e hoje, reformulado, tem menos de 40%. Substitua pelo Tanqueray, que guarda a antiga potência do Gordon’s. A vodca é a Stolichnaya (que Fleming aprendeu a gostar quando servia em Moscou como jornalista).
O nome Vesper é uma homenagem de Bond a sua namorada, tanto no livro quanto no cinema. No primeiro Casino Royale, de 1967, Vesper Lynd é interpretada por Ursula Andress. Na segunda versão, de 2006, o papel é da atriz Eva Green.
Ao longo de 46 anos e 22 filmes, Bond sempre demonstrou um gosto refinado por bebidas, degustando desde Dom Pérignon a mint juleps, influenciando muita gente sobre o que é bom ou o que está na moda beber. Quando Pierce Brosnan pede um mojito em Um novo dia para morrer, de 2002, o coquetel saiu do anonimato e fez carreira em todo o mundo.
Eis aqui alguns dos drinques preferidos de Bond:
Mojito (Um novo dia para morrer, 2002): três ramos de hortelã fresca, duas colheres de sopa de açúcar (30 ml) três colheres de sopa de suco de lima, uma dose de rum branco e uma dose de club soda.
Rum Collins (007 Contra a Chantagem Atômica, 1965): duas doses de rum branco, suco de lima, uma colher de sopa de açúcar, água com gás, rodelas de limão e uma cereja.
Mint Julep (Goldfinger, 1964): quatro ramos de hortelã, três doses de Bourbon, uma colher de sopa de açúcar, encha o copo (alto) com gelo picado. É um drinque típico do sul dos EUA. Foi servido a Bond no rancho de Goldfinger, no Kentucky.
Mas Bond já bebeu cerveja: Timothy Dalton entorna uma Bud com limão em 007, Permissão para Matar, de 1989. E um “apimentado” Blood Mary foi servido a ele em Nunca mais outra vez, de 1983. Apimentado porque Sean Connery-Bond pede com bastante Tabasco.
Há um triste porém, nessa carreira. Ao longo das novelas e dos filmes, o Martini original tem o gim substituído pela vodca.
Corta para o nosso premiado Rogério “Rabbit”. Ele se destacou com o coquetel “Think Green”, cuja receita compõe-se de Bacardi Superior, o licor de melão Midori, o Marie Brizard Lemon Grass, o xarope de limão Teisseire Lemon Syrup, o Caraibos Pineapple Juice e o Moët & Chandon Brut Imperial.
Rogério é consultor da Casa Flora e, através dela, assessora bares de restaurantes. Nessa importadora você vai encontrar todos os ingredientes do “Think Green”.
Agora que “ganhamos” as Olimpíadas é oportuno e necessário que “pensemos verde”. Será sempre bom para o planeta e para a nossa cuca (principalmente se contarmos com a escolta de um bom coquetel).
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