30.7.10

Veneno e contraveneno

O TAMANHO DAS TAÇAS. Poderia ser também o tamanho da sobriedade. Há algum tempo, os bares ingleses inventaram de servir vinho em taças de tamanhos fora do padrão, bem maiores, o que levou a protestos pelas autoridades da saúde. Com os vinhos com maior teor alcoólico, beber “apenas” uma taça poderia resultar em problemas.
A Riedel, o mais famoso fabricantes de taças do mundo, oferece algumas taças com capacidade de até 621 ml. Certo: não vamos enchê-las até a boca; até a metade é o suficiente (e prudente). Mas 306 ml é uma grande quantidade, quase metade de uma garrafa de vinho.
Mas agora inventaram uma taça ainda maior, gigantesca, com a capacidade para todos aqueles 750 ml. VEJA AQUI, não só a taça como o vídeo. A novidade custa 12,99 dólares e está à venda na Kotula, uma rede de lojas de presentes e engenhocas espalhadas pelos Estados Unidos.
A propaganda da Kotula diz que a enorme taça “é a coisa mais apropriada para uma noite aconchegante”. Agora, quem jurar ter bebido apenas “uma” taça, poderá estar falando a verdade ou fazer o bafômetro explodir e ir em cana (sem duplo sentido).
RESSACA. Depois de uma taça dessas, prepare-se para uma ressaca. Fala-se que um dos remédios é curá-la é com seu próprio veneno, o álcool. Em inglês, existe uma expressão coloquial que explica esse tipo de “tratamento”: hair of the dog, literalmente, “pelo do cachorro”. Isso porque nos tempos de Shakespeare, se uma pessoa fosse mordida por um cão raivoso, hidrófobo, o remédio era colocar um pouco do pelo daquele cão na ferida. Daí que, para ressacas, o “pelo do cachorro” virou metáfora para o remédio da manhã seguinte à bebedeira: um pouco mais de álcool. Claro que não cura, nem da ferida, da hidrofobia ou do porre. Em alguns casos, contudo, pode ajudar.
Tais remédios têm o cativante formato de drinques muito saborosos (revigorantes, alguns), tidos como próprios para ressacas. Vamos a alguns deles:
BLOODY MARY. É um clássico. Primeiro, os ingredientes: vodka ou gim (uma dose ou 30 ml), 150 ml de suco de tomate, um pouco de sal de aipo (sal de mesa misturado com grãos de aipo secos e moídos, utilizado para dar melhor sabor aos grelhados de peixes, carnes, caldos e bloody marys), um salpico de tabasco, outro tanto de pimenta do reino preta, umas cinco gotas de molho inglês, um tantinho de raiz-forte (muita gente prefere usar wasabi ou mostarda preta: uma colher de chá) e uma colher de chá de suco de limão.
Num copo alto, coloque a vodca (ou gim ou tequila) e gelo à vontade. Depois vá colocando os demais ingredientes listados acima. Decore com talos de aipo. É o drinque da manhã seguinte, alimenta e ajuda a dissipar o nevoeiro. Estou sempre preparando um para mim, mas não preciso de ressacas para tomá-los.
SUCO DE PICLES. Pois não é que na Rússia e na Polônia a turma da ressaca prefere suco de picles como “pelo do cachorro”. Suco de picles nada mais é do que aquela salmoura que conserva pepinos, cebolinhas, couves-flor, os produtos mais utilizados como picles.
Acontece que a salmoura daqueles potes é constituída de água, sal, vinagre (ácido acético) e cloreto de cálcio. Funciona como um poderoso isotônico. Já li notícias que essa salmoura foi a “arma secreta” de times de futebol americano, jogando sob um sol de lascar. Garantem que esse suco pode evitar câimbra em atletas. Um fabricante de picles, a norte-americana Golden Pickle, oferece inclusive um isotônico, o “”Pickle Juice Sport”, afirmando que ele possui 15 vezes mais eletrólitos que o Gatorade.
O melhor é beber logo a salmoura e depois comer os picles. E deixar de namorar por umas doze horas.
ME LEVANTA. O título é criação minha; o original é “Harry’s Pick-Me-Up”. Como eu não conheço o Harry e copiei a receita de um livro emprestado (“The Savoy Cocktail Club”), fiquei com esse mesmo, pois é considerado um energizador clássico. Um “levanta defunto”, como dizemos aqui.
Leva dose e meia de conhaque (a marca você escolhe), meia dose de grenadina (normalmente, um xarope de romã, mas pode usar também xarope ou licor de groselha, de framboesa e até mesmo xarope de açúcar); uma colher de sobremesa de limão. Misture tudo num copo alto. Complete com um espumante.
OSTRA DA PRADO. Outra tradução literal de “Prairie Oyster”, outro drinque tradicional para as conseqüências de um porre. Um ovo, uma colher de chá de molho inglês, sal, pimenta do reino e tabasco.
Quebre o ovo e reserve a gema. Junte o milho inglês, o sal a pimenta e o tabasco num copo comum. Beba de um gole só.
Dá bons resultados? Bem, funcionou para James Bond em Thunderball (007 Contra a Chantagem Atômica).
Tamanho não é documento, todo mundo sabe. E o melhor para a ressaca é beber moderadamente. Mas alguns dos remédios acima funcionam muito bem, ora como um aperitivo, ora como um restaurador de forças.
Da Adega
Delícias suíças
. A L’Orangerie, casa de vinhos em Laranjeiras, Rio, está programando uma noite de degustação de delícias suíças – agora mesmo, 4ª. feira, dia 4 de agosto. A noite inclui entrada de batatas assadas ao molho de cebolas, pimentão e gruyere com bouquets de brócolis, devidamente acompanhadas pelo Johannisberg de Chamoson e pelo Petit Arvine du Valais. Haverá mais vinhos para degustar, como o Pinot Noir du Valais e o Domaine Eveche du Valais. No jantar, um Syrah du Valais acompanhará torta de cebolas à moda Schaffhausen, com desfiado de carne e mini legumes. Na sobremesa, um suflê de morangos, um Marsanne Valais. A casa fica na Rua General Glicério, 364. Visite o seu
site.
Prazeres da Mesa em Fortaleza. A segunda edição desse grande evento gastronômico ainda está em Recife, mas se prepara para desembarcar em Fortaleza, onde fica nos dias 4 e 5, no SENAC daquela capital. Na programação, debates sobre a “Identidade da Cozinha Cearense”, aulas de cozinha, confeitaria, panificação e etiqueta, além de degustação de comes e bebes (vinhos em particular). Os restaurantes mais importantes da cidade vão participar.
Saiba mais sobre tudo o que acontecerá em Fortaleza no
site da revista.

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