27.4.11

O Champanhe Real

Não se fala em outra coisa: qual será o espumante a ser servido no produto turístico britânico, o casório do Príncipe William com a plebeia Kate Middleton? O crítico de vinhos do New York Times, Eric Asimov, chegou até a viajar para a Inglaterra para degustar os espumantes ingleses, novos e promissores atores no mundo das bolinhas. E, claro, dar o seu palpite. Os estimados convidados brindarão com que bolinhas?
Nas famosas casas de apostas inglesas, além da cor do chapéu da rainha ou do sapato da noiva, ou ser haverá algum streaking (pessoas correndo nuas em público), já deve ter gente fazendo uma fezinha sobre qual será o espumante.
Qualquer casamento é sempre especial para noivas e noivos. Só que esse é ditado por séculos de protocolos. Em qualquer outro casório, poderíamos ter um espumante brasileiro, italiano, americano etc. Acontece que hoje os espumantes ingleses vêm fazendo a diferença: ufanistas ingleses já cantam o seu espumante como, pelo menos, tão bom quanto os de Champagne.
Vamos esquecer do clichê de que a comida inglesa é intragável. Hoje Londres é uma das capitais mundiais da gastronomia. Outro lugar-comum, de que a Inglaterra não produz vinhos, mas é uma grande importadora, precisa ser apagado. O sul da Inglaterra tornou-se fonte de excelentes espumantes, feitos ao estilo de Champagne, afirma do crítico do New York Times.
Quando a Rainha Elizabeth II fez 80 anos, em 2006, o vinho servido foi o blanc de blancs Ridgeview Estate, feito numa vila de East Sussex. Esse mesmo espumante ficou em primeiro lugar numa prova que reuniu 52 rótulos ingleses, quatro franceses (de Champagne), um da Nova Zelândia e o melhor cava da espanhola Codorniu.
Entre os julgadores, a nata da crítica europeia: entre outros, Jancis Robinson, a grande escritora de vinhos inglesa, Victoria Moore, a colunista do Daily Telegraph, Dee Blackstock, consultora de vinhos da rede Waitrose.
Os espumantes ingleses ficaram com quatro dos primeiros lugares, inclusive o Ridgeview Estate, com os dois primeiros postos: o 2007 e o 2000 (ambos 100% Chardonnay).
O chef inglês Michel Roux Jr que participa do comitê responsável pelos vinhos da família real (ele comanda o Le Gavroche, que tem duas estrelas do Guia Michelin), já sugeriu que o espumante servido fosse inglês – algo impensável até recentemente, no que é apoiado pelo crítico americano.
O colunista de vinhos do Wall Street Journal, o inglês Will Lyons, lembra que no casamento do Príncipe Charles com Lady Diana Spencer, serviram Champagne Krug 1969, além de um Château Latour 1959 e, nos finalmente, um Porto vintage 1955, o Taylor’s.
Parece que foram os romanos que levaram o vinho para a Inglaterra. Até então, os celtas locais preferiam a cerveja, que continuou a preferida dos que chegaram após os romanos: anglo-saxões e normandos. Mas o vinho era necessário para a eucaristia. E a sede dos novos habitantes era bem maior do que a produção local. Os normandos, por exemplo, eram originários do continente, onde tinham grandes propriedades. E os vinhos franceses, em particular, começaram a ser importados. A expressão “clarete” (clarete) vem dessa época e nasce de um vinho ralo, quase um rosado, feito com uma cepa ainda existente em Bordeaux, a Clairet. Quando, tempos depois, um figurão inglês queria comentar sobre um tinto de Bordeaux, falava do seu “clarete”.
E, agora, vão voltar a servir o Krug? Will Lyons acha que não. Para ele o espumante da vez será um espumante que sempre esteve entre os favoritos da realeza britânica, o Pol Roger.
A revista inglesa especializada, a Decanter, não tem dúvidas. Ela tem informações de cocheira garantindo que o Champagne será o Pol Roger, por sinal o mais bebido na Inglaterra do que qualquer outro. Era o preferido de Sir Winston Churchill, o primeiro-ministro que conduziu o país na resistência e, depois, na vitória sobre os nazistas. Pouco depois da liberação de Paris, Churchill foi almoçar com o seu embaixador na França – quando então conheceu Odette Pol Roger, grande incentivadora da casa fundada pelo avô de seu marido, Jacques-Pol Roger. Ele participou da Resistência francesa e manteve um elegante flerte com Churchill.
Talvez tenha sido mais do que um flerte: diz a lenda que, ao longo de sua vida, o primeiro-ministro consumiu 42 mil garrafas de Pol Roger. Memórias de Odette? Dá para entender que quando Churchill faleceu, a casa de Epernay colocou frisos pretos no rótulo da bebida e em 1984 criou um Cuveé Sir Winston Churchill, em sua homenagem.
Então, com que bolinhas William e Kate brindarão seu casamento? Parece que quem apostar na Pol Roger ou num espumante inglês estarão mais próximo faturar. Afinal, ninguém quer dar uma de pé frio e repetir a Krug de Lady Diana e Charles, que nos tirou da lembrança o “the end” tradicional. Todos querem um final feliz.
Da Adega
Ville du Vin & Joseph Phelps. A conhecida rede de multimarcas, que não apenas comercializa vinhos, mas conduz programas de educação enogastronômica em suas lojas de São Paulo, está promovendo uma degustação dos vinhos da vinícola Joseph Phelps. A vinícola tem o nome do dono, que em 1973 comprou terras em Napa e logo estava produzindo vinhos premiados em todo o mundo. Entre eles os celebradíssimos Insignia e Opus One. No programa estão o Joseph Phelps Cabernet Sauvignon 2005, o 2006, o Opus One 2005, o Insignia 2005, e os Eisrébe 2008 e 2009 (um vinho de sobremesa feito com a cepa Scheurebe). Vale dar uma provada.
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KMM Vinhos fatura o Top Ten. A importadora mais uma vez foi vencedora do concurso Top Ten, conquistando na ExpoVinis 2011 dois troféus na categorias Vinhos Brancos (com o Giaconda Nantua Vineyard Chardonnay 2005) e Vinhos Tintos do Novo Mundo ( com o Jim Barry The Mcrae Wood Shiraz 2005), ambos australianos. A KMM Vinhos é expert em Novo Mundo. Saiba mais.

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