2.8.06

Já no seu Demerval

Uma caixa de 12 garrafas do Château Petrus 2005 está custando 37 mil dólares, ou pouco mais de três mil dólares a garrafa. E o vinho sequer está engarrafado. O imperador dos críticos, Robert Parker Jr., deu 96 pontos ao vinho (96 para um máximo de 100), isso na prova en primeur, com a bebida ainda no barril. James Suckling, da Wine Spectator, deu 95. Essa pontuação será corrigida em abril de 2008, com o vinho já na garrafa. Mas já tem gente comprando, segundo a Bordeaux Index, por esse preço mesmo, sequer se importando com um eventual rebaixamento da nota em 2008 (e, com ela, o preço).
Com esse dinheiro poderíamos comprar 21 garrafas do Château Ausone 2005, três caixas do Château Latour 2005, 19 caixas do Château Pichon-Longueville-Lalande 2005 ou 4.509 garrafas do Miolo Reserva Merlot 2004, vendidas por R$ 18,00 cada garrafa pelo seu Demerval no seu modesto comércio aqui perto de casa, em Secretário, Petrópolis.

Poderia comprar também uma aliança de platina com 16 diamantes na Tiffany de Nova York. Tem um nome apropriado para um infarto: “A um passo da eternidade”.
Já o preço da tequila mexicana “Pasión Azteca MX”, por 225 mil dólares a garrafa, não me impressiona. É que a garrafa é toda de platina. Se quiser uma barganha, compre a versão “Pasión Azteca México”, de ouro com platina por apenas US$ 150 mil.
Não me impressiona porque o que justifica o preço é o que está dentro da garrafa. Por exemplo: a última garrafa do whisky Macallan Fine and Rare Collection, 60 anos, foi vendida não faz muito tempo por US$ 38 mil, segundo a revista Forbes. A garrafa é apenas de vidro. Você, contudo, pode provar dessa maravilha no Old Homestead Steakhouse (Borgata Hotel Casino & Spa em Atlantic City, Nova Jersey). Custa apenas US$ 3.300,00 uma dose de 3,5 ml.
Existe, contudo, um Macallan possível de comprar: é o de 40 anos (foi produzido em 1939 e somente engarrafado em 1979: daí os 40 anos). Preço: US$ 10.125,00 – a garrafa. O terceiro na lista da Forbes é o Chivas Regal Royal Salute 50 anos: US$ 10 mil. A observar que o Macallan é um single malt e o Chivas um blended Scotch.
A garrafa de vinho mais cara que ainda pode ser bebida foi vendida num leilão em 2001 na Sotheby's americana por US$ 23.929.00 a garrafa. Era a de um Montrachet 1978, da Domaine de la Romanée-Conti. Pertencia a um lote de sete garrafas vendido por US$ 167.500,00. Dois colecionadores começaram a disputar esse lote e os preços acabaram na estratosfera, onde reside a vaidade desse tipo de pessoa. O extraordinário é que se trata de um vinho branco.
Se considerarmos garrafas maiores, uma Jeroboão (6 litros) do Mouton-Rothschild 1945 saiu por US$ 114.614,00, num leilão da Christie’s de Londres, em 1997. O comprador preferiu ficar anônimo. Assim, se ele abriu a garrafa e o vinho já estava passado ninguém ficará sabendo. Já se aconteceu o contrário, não fui convidada infelizmente. Mas tem sempre o seu Demerval aqui do lado.

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