29.4.10

Alergias e Álcool

Você sabe é alérgica a bebidas alcoólicas? Minha querida dentista, a Flávia Yoshimura, não pôde vacinar-se contra a H1N1 porque é alérgica a, entre outras coisas, mertiolate. A vizinha e grande amiga Rejane é alérgica a, entre outras coisas, flores amarelas. Perto de um ramo de flores de outras cores, nada acontece. Com as amarelas, fica com o rosto vermelho, começa a empolar, a se coçar, sente falta de ar, um inferno.
Ambas fazem tratamentos com anti-histamínicos, apelam para acupuntura, homeopatia, naturopatia, um sem número de vias para escapar dessa praga. E como reagem depois de um copo de cerveja ou uma taça de vinho? Ambas não sabem responder: se o álcool é o agente de algum mal alérgico, elas desconhecem. Atribuem a fungos, mudança de estação (principalmente a primavera), cor das pétalas ao mertiolate etc.
Semana passada dei com um blog do New York Times afirmando que “O álcool piora as alergias”. Há estudos, diz ele, demonstrando que o composto pode causar ou piorar sintomas comuns de asma e rinites alérgicas (tosse, espirros, coceiras, dores de cabeça etc.). O problema nem sempre estaria relacionado ao álcool diretamente. Cerveja, vinho e destilados contêm histamina produzida por levedos e bactérias durante o processo de fermentação. Nos vinhos e cervejas, além disso, encontram-se os sulfitos, que podem provocar asma e outros sintomas alérgicos.
A matéria do jornal americano cita um estudo sueco, de 2005, atestando que pessoas com diagnóstico de asma, bronquite e rinite alérgica apresentavam mais chances de problemas respiratórios, espirros, narizes escorrendo, após apenas um drinque. Vinhos, tintos e brancos, seriam os principais disparadores desses sintomas. E esses males, por razões ainda desconhecidas, afetariam mais as mulheres do que os homens. Um segundo estudo, citado no artigo, descobriu que mais de duas taças de vinho por dia praticamente duplica o risco de sintomas alérgicos, mesmo entre mulheres aparentemente livres desses problemas.
O Times recomenda que pesquisemos outros alimentos que possam conter ou liberar histaminas, como queijos curados, picles ou produtos fermentados, alimentos contendo levedos, como pão e cidra.
Bastante preocupante, não é? Um colega blogueiro, Dr. Vino, também ficou preocupado e consultou um famoso alergista, o médico Sumit Bhutani, pertencente à equipe da respeitada Allergy & Asthma Associates. Bhutani é amante de vinhos e leitor do Dr. Vino.
E foi esse alergista que me fez entender melhor esse quadro. Diz o médico que as histaminas nos alimentos (e nos vinhos, cervejas e destilados) não têm nada a ver com reações alérgicas, pois sua quantidade é inexpressiva. Ele apresentou um link para outro estudo que afirma: “Não há correlação entre intolerância a vinho e o conteúdo de histamina na bebida”. Em 100 gramas de peixe, em 100 gramas de berinjela temos mais histamina do que em 100 ml de vinho tinto. Olha que esse trabalho foi publicado pela Biblioteca Nacional de Medicina e pelos Institutos de Saúde do governo americano.
Quantos aos sulfitos (ocorrem durante o processo de fermentação dos vinhos e, ainda, são acrescentados pelo produtor como conservantes), tidos como causadores de alergias ou perigosos para quem sofre de asma, o médico explica que essas substâncias promovem sintomas alérgicos numa pequena faixa da população já sensível a elas (nos Estados Unidos, um em cem adultos). Para quem já tem asma, as reações acontecem geralmente sob a forma de espasmos brônquicos. É um grupo de risco: 5% da população americana. Daí a advertência nos rótulos dos vinhos norte-americanos sobre os sulfitos. Porém, podemos encontrá-los em frutas, verduras e peixes. Damascos secos costumam ter níveis mais altos de sulfitos do que uma taça de vinho. O sulfito, utilizado desde os tempos remotos, citado até na Bíblia, sempre foi um poderoso aliado no combate a fungos e micróbios.
O Dr. Bhutani fez referência a uma outra pesquisa, específica sobre a reação de pessoas com alergias respiratórias diante de vinhos seja com alto ou com baixo teor de sulfitos. O resultado foi que quaisquer que fosse os teores desses sulfitos, eles não se provaram responsáveis por induzir a crises de asma ou bronquite.
Quanto ao álcool propriamente: ele pode piorar os quadros alérgicos? Ninguém é alérgico ao álcool, diretamente. Contudo, quando uma pessoa está sob uma crise (como no caso da amiga Rejane, diante de flores amarelas), a bebida pode agir como um congestionante, da mesma forma como uma pessoa sensível a elementos excitantes, como fumaça de cigarro ou aromas muito fortes. São irritantes indiretos e não a alergia propriamente dita. Outro exemplo: algumas pessoas podem ser alérgicas não ao álcool, mas a alguns ingredientes comuns a certas bebidas, como a cevada, trigo e centeio nas cervejas.
Assim, se a amiga está sob uma momentânea crise alérgica, evite beber (ou a ficar perto de um fumante). Passada a crise, sinal verde. E se você não sofre de qualquer problema alérgico, dificilmente o álcool provocará congestões. Ah, sim, o médico confirma que as mulheres são mais afetadas do que os homens (a minoria que sofre com esse tipo de problemas, claro). Acho que o artigo do New York Times foi desnecessariamente alarmista. Deviam ter consultado o Dr. Buthani.
Da Adega.
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