Você está num bar sendo entrevistado pelo diretor de uma empresa. Em jogo o precioso cargo de gerente de uma divisão. Foi o diretor que o convidou e escolheu o local. No meio do papo, ele lhe oferece uma bebida. “Quer um refresco, uma cerveja, um vinho?” Então, você olha o cardápio e escolhe um simples “Merlot da casa”. Pensou que bebericar um vinho fizesse você parecer mais agradável, mais sofisticado do que se pedisse o cotidiano cafezinho?
Enganou-se, pois pelo vinho você foi avaliado como uma pessoa pouco inteligente, literalmente como um idiota. Foi reprovado, perdeu o lugar. Apenas por ter escolhido a bebida alcoólica.
Estamos comentando mais uma pesquisa sobre vinhos, realizada e apresentada recentemente. “Idiota” foi a expressão utilizada pelos pesquisadores norte-americanos que idealizaram a pesquisa: um da Universidade de Michigan (Scott Rick) e outro da Universidade da Pensilvânia (Maurice Schweitzer), ambos graduados em administração de empresas, professores e pesquisadores nas duas escolas.
Ambos acabam de apresentar e publicar os resultados de uma série de seis entrevistas que buscou associações causadas por bebidas alcoólicas em candidatos a empregos. Todos os pesquisados tinham nível de gerente de departamento.
Cada série reuniu cerca de 600 candidatos, foram feitas em sua maior parte em restaurantes e bares e filmadas (às escondidas). Esses vídeos, em seguidas, eram mostrados para grupos de gerentes e avaliados.
“Quando esses candidatos eram observados consumindo ou apenas segurando uma bebida eram avaliados como menos inteligentes (quando a bebida era alcoólica) do que se estivessem com uma água ou refresco”, comentam os pesquisadores. “Na verdade, a mera menção a bebida alcoólica pelos candidatos levava os avaliadores a considerá-los menos inteligentes, mesmo que não tivessem bebendo”.
Os pesquisadores deram o nome de “viés do idiota bebedor”, que valia para quem aceitasse cerveja ou vinho, fosse homem ou mulher. E o curioso é que essa noção persistia mesmo quando o avaliador também estava consumindo álcool e quando o entrevistado não escolheu beber, mas a ele foi oferecido um drinque. Viés ou distorção, talvez, dos gerentes que assistiram e deram notas aos vídeos.
Distorção, pois demonstra preconceito. Os candidatos claramente foram induzidos a beber qualquer coisa, estavam ora num bar, ora num restaurante, lugares próprios para esse tipo de consumo. Foram considerados inaptos, mesmo quando o entrevistador bebeu vinho em primeiro lugar.
É claro que ninguém estava ali para encher a cara. Acredito que a maioria bebia por cortesia. Se nos Estados Unidos acham que isso deixa as pessoas menos inteligentes ou “idiotas”, esse é mais um problema lá de cima.
Para mim, existem três tipos de bebedores de vinho. O bebedor como eu e você, leitora, que formamos o maior desses três grupos, que na maioria das vezes quer experimentar o Dal Pizzol Ancellota, uma Chenin Blanc da África do Sul, tentar um Pinot Noir da Nova Zelândia, um Casa Valduga Brut Premium, não ter problemas em pedir dicas ao dono da loja de vinhos. Ou seja, estamos aí para dar uma volta no mundo dos vinhos e aproveitar o que pudermos.
O esnobe do vinho (também chamado de enochato) forma o segundo grupo, aquele com ar de superioridade sobre qualquer matéria relativa aos vinhos; dono da verdade, ignora qualquer vinho que não esteja consagrado pelas revistas ou colunistas famosos; só bebe rótulos caros ou famosos (o que dá no mesmo), e acumula mais preconceitos do que conhecimento sobre quase tudo no mundo dos vinhos.
O terceiro grupo é o dos “aficionados do vinho”, aquelas pessoas entusiasmadas, boladas pela bebida. Elas naturalmente carregam um pouco de esnobismo, mas o negócio delas é estudar a matéria a fundo, saber sobre elas. Mas são mentes abertas, dividem seus conhecimentos. Lêem livros, fuxicam a internet, pertencem a confrarias, não se importam por rótulos, mas por qualidade, por bons preços e principalmente por variedade, pela chance de saber mais. Sabem que existe muito mais do que Bordeaux e Borgonha.
Agora, essa história de que um mero bebedor de vinho possa ser menos inteligente – ou mesmo idiota – só me faz rir. Um quarto grupo?
Tudo isso me lembra o centenário de Noel Rosa, que comemoramos esse ano. Noel também faz do bar, no caso o nosso querido e importante botequim, um lugar para conversas. O seu Conversa de Botequim, ao contrário dos bares e restaurantes da pesquisa americana, retrata um espaço democrático, um centro de integração social, um lugar sem diferenças sociais e preconceitos de qualquer ordem. É nele que todos se encontram, homens, mulheres, jovens e maduros. Novas amizades são feitas, velhas amizades se sedimentam. Está tudo lá no samba de Noel: aquele “dedo de prosa”, a cumplicidade do garçom, a quem pede dinheiro emprestado, pois o dele ficou com bicheiro, a despesa pendurada. O bar, o botequim, o lugar certo para beber e conversar.
Os dois catedráticos americanos também sabem que o consumo de álcool tem papel importante em muitas das relações profissionais, incluindo-se as entrevistas de trabalho, negociações e encontros informais. A presença do álcool nesses encontros pode criar uma atmosfera relaxante, facilitando a relação. Ao mesmo tempo, contudo, pode influenciar o comportamento de modo indesejável.
Os dois pesquisadores partiram da hipótese de que ver uma pessoa com álcool pode ser percebida como um problema. Essa percepção age como uma lente que leva a resultados ambíguos – tal como esse que classifica os entrevistados de idiotas ou menos inteligentes.
Será que os gerentes que analisaram os vídeos não sabem que conversar e também beber faz parte da história do mundo? Até Cristo, na Santa Ceia, sentou-se com seus amigos e todos se serviram de vinho. Judas foi o único que não bebeu; saiu mais cedo, com aquelas 30 moedas.
Por que tanto preconceito? Noel combateu intolerâncias de toda a ordem: contra mulheres, contra artistas, contra negros e até os sexuais (dedicou um samba a Madame Satã, Mulato Bamba). Uma senhora ousadia para a época.
O resultado da pesquisa é, lembrando Noel, uma média requentada... por preconceitos. Os idiotas são os outros.
Da Adega
O primeiro vinho fino em Tetra Pak. No lugar do leite e do suco, põe vinho. Não qualquer um, mas o Onorabile, o novo vinho fino da Vinícola Wine Park, o primeiro em embalagem cartonada, asséptica, a nossa conhecida e prática Tetra Pak (nada de vidro, de rolha ou de cápsula). Nessa embalagem, o Onorabile virá com duas opções: o tinto (um Cabernet Sauvignon e Merlot) e o branco (Chardonnay e Riesling).
O Onorabile tem 33% a mais de vinho do que as garrafas tradicionais, de 750 ml. E a embalagem representa apenas 3% do peso do vinho, além de trazer um selo certificando que é confeccionada com papel cartão autenticado pelo Conselho de Manejo Florestal, organização que fixa os padrões para o gerenciamento responsável das florestas. No final, o meio ambiente é respeitado. O vinho fica protegido dos raios UV, não necessita de cuidados para armazenamento. Vinho fino, de qualidade, bem protegido, fácil de guardar – e mais barato. Na Argentina, esse tipo de produto representa 45% do total da produção. No Chile, é ainda maior: 52%. A novidade chega mês que vem às lojas. A Vinícola Wine Park fica em Garibaldi, na Serra Gaúcha, na antiga Maison Forestier. Seu espumante Gran Legado Brut Champenoise foi eleito o melhor nacional na Expovinis Brasil 2010.
Enganou-se, pois pelo vinho você foi avaliado como uma pessoa pouco inteligente, literalmente como um idiota. Foi reprovado, perdeu o lugar. Apenas por ter escolhido a bebida alcoólica.
Estamos comentando mais uma pesquisa sobre vinhos, realizada e apresentada recentemente. “Idiota” foi a expressão utilizada pelos pesquisadores norte-americanos que idealizaram a pesquisa: um da Universidade de Michigan (Scott Rick) e outro da Universidade da Pensilvânia (Maurice Schweitzer), ambos graduados em administração de empresas, professores e pesquisadores nas duas escolas.
Ambos acabam de apresentar e publicar os resultados de uma série de seis entrevistas que buscou associações causadas por bebidas alcoólicas em candidatos a empregos. Todos os pesquisados tinham nível de gerente de departamento.
Cada série reuniu cerca de 600 candidatos, foram feitas em sua maior parte em restaurantes e bares e filmadas (às escondidas). Esses vídeos, em seguidas, eram mostrados para grupos de gerentes e avaliados.
“Quando esses candidatos eram observados consumindo ou apenas segurando uma bebida eram avaliados como menos inteligentes (quando a bebida era alcoólica) do que se estivessem com uma água ou refresco”, comentam os pesquisadores. “Na verdade, a mera menção a bebida alcoólica pelos candidatos levava os avaliadores a considerá-los menos inteligentes, mesmo que não tivessem bebendo”.
Os pesquisadores deram o nome de “viés do idiota bebedor”, que valia para quem aceitasse cerveja ou vinho, fosse homem ou mulher. E o curioso é que essa noção persistia mesmo quando o avaliador também estava consumindo álcool e quando o entrevistado não escolheu beber, mas a ele foi oferecido um drinque. Viés ou distorção, talvez, dos gerentes que assistiram e deram notas aos vídeos.
Distorção, pois demonstra preconceito. Os candidatos claramente foram induzidos a beber qualquer coisa, estavam ora num bar, ora num restaurante, lugares próprios para esse tipo de consumo. Foram considerados inaptos, mesmo quando o entrevistador bebeu vinho em primeiro lugar.
É claro que ninguém estava ali para encher a cara. Acredito que a maioria bebia por cortesia. Se nos Estados Unidos acham que isso deixa as pessoas menos inteligentes ou “idiotas”, esse é mais um problema lá de cima.
Para mim, existem três tipos de bebedores de vinho. O bebedor como eu e você, leitora, que formamos o maior desses três grupos, que na maioria das vezes quer experimentar o Dal Pizzol Ancellota, uma Chenin Blanc da África do Sul, tentar um Pinot Noir da Nova Zelândia, um Casa Valduga Brut Premium, não ter problemas em pedir dicas ao dono da loja de vinhos. Ou seja, estamos aí para dar uma volta no mundo dos vinhos e aproveitar o que pudermos.
O esnobe do vinho (também chamado de enochato) forma o segundo grupo, aquele com ar de superioridade sobre qualquer matéria relativa aos vinhos; dono da verdade, ignora qualquer vinho que não esteja consagrado pelas revistas ou colunistas famosos; só bebe rótulos caros ou famosos (o que dá no mesmo), e acumula mais preconceitos do que conhecimento sobre quase tudo no mundo dos vinhos.
O terceiro grupo é o dos “aficionados do vinho”, aquelas pessoas entusiasmadas, boladas pela bebida. Elas naturalmente carregam um pouco de esnobismo, mas o negócio delas é estudar a matéria a fundo, saber sobre elas. Mas são mentes abertas, dividem seus conhecimentos. Lêem livros, fuxicam a internet, pertencem a confrarias, não se importam por rótulos, mas por qualidade, por bons preços e principalmente por variedade, pela chance de saber mais. Sabem que existe muito mais do que Bordeaux e Borgonha.
Agora, essa história de que um mero bebedor de vinho possa ser menos inteligente – ou mesmo idiota – só me faz rir. Um quarto grupo?
Tudo isso me lembra o centenário de Noel Rosa, que comemoramos esse ano. Noel também faz do bar, no caso o nosso querido e importante botequim, um lugar para conversas. O seu Conversa de Botequim, ao contrário dos bares e restaurantes da pesquisa americana, retrata um espaço democrático, um centro de integração social, um lugar sem diferenças sociais e preconceitos de qualquer ordem. É nele que todos se encontram, homens, mulheres, jovens e maduros. Novas amizades são feitas, velhas amizades se sedimentam. Está tudo lá no samba de Noel: aquele “dedo de prosa”, a cumplicidade do garçom, a quem pede dinheiro emprestado, pois o dele ficou com bicheiro, a despesa pendurada. O bar, o botequim, o lugar certo para beber e conversar.
Os dois catedráticos americanos também sabem que o consumo de álcool tem papel importante em muitas das relações profissionais, incluindo-se as entrevistas de trabalho, negociações e encontros informais. A presença do álcool nesses encontros pode criar uma atmosfera relaxante, facilitando a relação. Ao mesmo tempo, contudo, pode influenciar o comportamento de modo indesejável.
Os dois pesquisadores partiram da hipótese de que ver uma pessoa com álcool pode ser percebida como um problema. Essa percepção age como uma lente que leva a resultados ambíguos – tal como esse que classifica os entrevistados de idiotas ou menos inteligentes.
Será que os gerentes que analisaram os vídeos não sabem que conversar e também beber faz parte da história do mundo? Até Cristo, na Santa Ceia, sentou-se com seus amigos e todos se serviram de vinho. Judas foi o único que não bebeu; saiu mais cedo, com aquelas 30 moedas.
Por que tanto preconceito? Noel combateu intolerâncias de toda a ordem: contra mulheres, contra artistas, contra negros e até os sexuais (dedicou um samba a Madame Satã, Mulato Bamba). Uma senhora ousadia para a época.
O resultado da pesquisa é, lembrando Noel, uma média requentada... por preconceitos. Os idiotas são os outros.
Da Adega
O primeiro vinho fino em Tetra Pak. No lugar do leite e do suco, põe vinho. Não qualquer um, mas o Onorabile, o novo vinho fino da Vinícola Wine Park, o primeiro em embalagem cartonada, asséptica, a nossa conhecida e prática Tetra Pak (nada de vidro, de rolha ou de cápsula). Nessa embalagem, o Onorabile virá com duas opções: o tinto (um Cabernet Sauvignon e Merlot) e o branco (Chardonnay e Riesling).
O Onorabile tem 33% a mais de vinho do que as garrafas tradicionais, de 750 ml. E a embalagem representa apenas 3% do peso do vinho, além de trazer um selo certificando que é confeccionada com papel cartão autenticado pelo Conselho de Manejo Florestal, organização que fixa os padrões para o gerenciamento responsável das florestas. No final, o meio ambiente é respeitado. O vinho fica protegido dos raios UV, não necessita de cuidados para armazenamento. Vinho fino, de qualidade, bem protegido, fácil de guardar – e mais barato. Na Argentina, esse tipo de produto representa 45% do total da produção. No Chile, é ainda maior: 52%. A novidade chega mês que vem às lojas. A Vinícola Wine Park fica em Garibaldi, na Serra Gaúcha, na antiga Maison Forestier. Seu espumante Gran Legado Brut Champenoise foi eleito o melhor nacional na Expovinis Brasil 2010.
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