21.10.10

Sabe com quem está falando?

Eu já adivinhava. Quando a Diageo, a maior produtora e comerciante de bebidas do mundo, dona de marcas como a Smirnoff, Johnnie Walker, Baileys, entre outras, revela que 65% dos consumidores de vinho no Brasil são mulheres, não fiquei muito surpresa com a pesquisa da Sophia Mind, empresa especializada em estudar o comportamento do consumo feminino.
O Sophia Mind pertence ao Grupo Bolsa de Mulher e acaba de lançar o seu primeiro livro: “Poderosas Consumidoras: o que quer e pensa a nova mulher brasileira” (Rede de Mulheres Editora, 199 páginas).
“Poderosas Consumidoras”, contudo, traz surpresas muito maiores. É a maior pesquisa realizada sobre a brasileira contemporânea até hoje no país. Mais de 14 mil mulheres usuárias da internet, de todas as regiões do país, foram entrevistadas. Temos aí um retrato do que quer e de como pensa a nova mulher brasileira, seus hábitos, prioridades e comportamentos com relação a consumo, finanças, matrimônio, filhos, carreira etc.
Pelo que li, do marqueteiro Luiz Alberto Marinho (no Blue Bus), o estudo da Sophia Mind revela que as mulheres “são responsáveis pela decisão de compra de 2/3 de tudo o que consomem as famílias brasileiras. Estou falando de um total de R$ 1,3 trilhão, o que faz do Brasil um dos maiores mercados femininos do mundo”.
Bate com a pesquisa da Diageo: as brasileiras aqui lideram o consumo (e as compras de vinho). Já temos aqui 40 grupos (ou confrarias) de vinhos exclusivamente femininos.
Em 2006, a Editora da Universidade da Califórnia, publicou o “Women of Wine: the rise of women in the global wine industry” (“Mulheres do Vinho: a ascensão das mulheres na indústria mundial do vinho”). Lá aprendemos como as mulheres vêm ganhando cada vez mais terreno no segmento do vinho, historicamente dominado pelos homens.
Nos Estados Unidos, as mulheres, desde 2003, lideram as compras de vinhos, principalmente influenciando mais de 80% dos dólares gastos nas garrafas. Isso representava, na época, US$ 3,4 trilhões por ano. Essa influência se estendia também pelos mercados de automóveis, serviços financeiros, computadores pessoais etc.
Pelo Marinho, ficamos sabendo que a pesquisa do Sophia Mind identificou quatro mercados influenciados pelas brasileiras. O primeiro compreende vestuário feminino, produtos de beleza, produtos para a casa e serviços de educação para filhos. Neles, elas concentram 83% das decisões de compra.
O segundo “compreende gastos com entretenimento, saúde, reforma da casa, compra de eletrodomésticos e serviços para a família, como telefonia e internet”. O controle aqui também é majoritário: 67% das decisões.
No terceiro (serviços bancários e eletrônicos), “as decisões são mais equilibradas”. Mesmo assim, interpreta Marinho, “elas determinam 53% desses gastos”.
No quarto grupo, que inclui compra de carros, manutenção de aparelhos domésticos e produtos de cuidados pessoais masculinos, “as mulheres decidem 36% das compras”. Pois é, queridas, não podemos deixar aquele idiota comprar uma loção de barbear com cheiro de bordel, não é?
Apesar de toda essa liderança, a quase totalidade das entrevistadas (89%) “declaram-se insatisfeitas com pelo menos um segmento de produto ou serviço”. Conclui Marinho que “o foco no consumidor não é mesmo o forte das marcas nacionais”.
Nos Estados Unidos, muitas empresas já entenderam que vender vinhos para mulheres não só é importante como não tem nada com criar rótulos cor de rosa, vinhetas rococós, ou que os vinhos devem ser os rosados e baboseiras desse tipo.
Lá nos States, o vinho é hoje a bebida preferida das mulheres de 30 anos para cima. E a maioria prefere os tintos, escolhe seus vinhos pelas cepas e valoriza particularmente a participação deles nas refeições.
Os homens continuam um tanto acuados quanto a ascensão das mulheres num pedaço que tinham como exclusivo deles. É uma saia justa que ficou evidente quando, por pesquisas, revelou-se que as mulheres eram melhores provadoras de vinhos do que os homens. Dizem que a maioria delas são “superprovadoras”, pessoas que possuem 100 vezes mais papilas gustativas por centímetro quadrado do que os meros mortais.
Melhores ou não, estamos ficando cada vez mais evidentes na foto. Esse livro é, desde já, o presente de Natal para seu marido, namorado, amigo, colega etc. Eles precisam saber com quem estão falando.
Poderosas consumidoras”, de Andiara Petterle e Bruno Maletta, já está à venda desde o dia 19, quando foi lançado na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon.
Da Adega
O primeiro Icewine brasileiro
. Icewine ou “vinho de gelo” é produzido com uvas congeladas. A água na uva congela e é separada (com sementes e cascas) de um mosto rico em açúcares. Assim, temos um vinho naturalmente doce, resultado de um trabalho árduo, difícil que a Vinícola Pericó acaba de lançar em nosso mercado.
O Pericó Icewine foi cultivado a 1.300 metros, em São Joaquim, Santa Catarina, a região mais fria do Brasil onde a neve é atração turística e o sujeito de um vinho normalmente fantástico. O nosso icewine, ao contrário dos demais pares alemães, canadenses e austríacos, é feito com a tinta Cabernet Sauvignon. A Vinícola Pericó existe desde 2002, quando começou a preparar a terra para plantio de Cabernet, Pinot Noir, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Em 2007 a vinícola lançou o seu primeiro vinho, o Taipa Rosé. Seguiram-se seus espumantes, em 2008. E agora temos esse pioneiro Icewine.
Saiba mais sobre o nosso “vinho de gelo”.

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