26.9.06

Happy hour e outras horas

Amigas, não recusem o tradicional happy hour das sextas-feiras. Façam como muita gente em todo o mundo e saiam com suas amigas (e amigos) para o bar de sua preferência.
Pois vocês sabiam que esse happy hour faz aumentar salários? Em resumo, o salário da turma que sai com colegas de trabalho para beber é maior do que o dos abstêmios ou daqueles que optam por não sair.Não, não se trata de um “achômetro”, mas de pesquisa séria realizada por uma ONG americana, a Reason Foundation, com base em Los Angeles, Califórnia.
Uma organização considerada pelo Prêmio Nobel de Economia Milton Friedman, um padrão de tolerância, civilidade e consistência na defesa das liberdades individuais.
A Reason patrocinou recentemente uma pesquisa realizada pela PhD e economista, Bethany Peters, e pelo professor de economia, Edward Stringham, também PhD. Os dois pesquisaram dados que colocavam na berlinda teorias de que a bebida promove efeitos econômicos desastrosos. E verificaram que o hábito de beber (moderadamente) e salários estão correlacionados positivamente.
Os dois PhDs analisaram principalmente uma pesquisa realizada nacionalmente sobre (o “General Social Survey” - “Levantamento Social Geral” - realizado anualmente pela Universidade de Chicago e que tem, entre outros, o governo americano como cliente). E concluíram que os homens pessoas que bebem ganham até 19% mais do que as abstêmias. Entre as mulheres, as que bebem socialmente chegam a fazer 23% mais. Tentaram também diferenciar quem bebe socialmente dos que não bebem comparando os salários daqueles que freqüentam bares pelo menos uma vez por mês com os que não freqüentam.
Observa-se que tipicamente os bebedores tendem a ser mais sociáveis dos que os abstêmios. Um economista, Philip Cook explicou num estudo anterior que beber é uma atividade social e uma das razões pelas quais as pessoas bebem é a de tornarem-se mais sociáveis. Em outro estudo (como o de Olé-Jorgen Skog, “Interação Social e a Distribuição do Consumo de Álcool”, de 1980), demonstra-se que os bebedores moderados possuem as redes sociais mais fortes.
A conclusão dos dois economistas é a de que beber socialmente leva a um aumento do capital social. E capital social para os dois professores significa “as características sociais de uma pessoa, suas habilidades pessoais, seu carisma e em particular o tamanho do seu caderninho de endereços, o que vai permitir que ela colha frutos de sua interação com outras pessoas”. Se beber socialmente aumenta o capital social, logo pode também aumentar salários. Analisando o um “Levantamento da Qualidade do Emprego” o economista Philip Cook verificou acabavam ganhando sempre menos.
O “Levantamento Social Geral” responde a questões como a freqüência com a qual os respondentes vão a bares e restaurantes, seus padrões salariais, suas características demográficas e costumes quanto às bebidas alcoólicas.
Fica claro no estudo que os “moscas de botequim” estão em perigo. A turma dos 35 drinques por semana está mais para o desemprego do que outra coisa. Não se trata também de apenas sair para “ver e ser visto”. Mas para trocar informações com amigos, fazer novas amizades, buscar novas oportunidades. Tudo isso além de um copinho de cerveja. Não esqueçam dos cartões de vista e do caderninho de endereços: não saiam do trabalho sem eles.Veja todo o levantamento (inclusive notas e referências).
Papa Benedito: o novo sommelier. A Associação Italiana de Sommeliers concedeu ao Papa Benedito XVI o título honorário de sommelier. O que está criando uma saia (ou batina) justa para o Vaticano. A Santa Sé não confirmou a notícia, embora a Associação Italiana de Sommeliers tenha declarado que o Papa aceitara o título. Isso acontece num momento em que líderes muçulmanos estão protestando contra por uma suposta e desrespeitosa intromissão do papa nos credos maometanos.
Recentemente, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad recusou a comparecer a um jantar oferecido pelo Secretário Geral da ONU, Kofi Annan, porque seria servido vinho, impensável para um muçulmano rigoroso. (Na verdade, o iraniano não queria mais conversas com Bush, com quem trombou por causa de armas nucleares. E olha que Busch, presente ao jantar, é outro abstêmio convicto).
Será que o Papa recebeu esse título por dizer que “era um humilde servo no vinhedo do Senhor”, no seu discurso inaugural? Ou porque compareceu a uma cerimônia de iniciação a sommeliers, quando recebeu um “Taste-Vin” de prata (uma pequena taça de metal utilizada para provar vinhos)?
A porta-voz do Vaticano, Irmã Maria Elizabeth declarou à revista inglesa Decanter que não existe um registro oficial da honraria e que, de qualquer modo, “isso não é realmente uma prioridade para o Papa”.
Vinho e religião. Como vimos, vinho e religião podem causar problemas, mesmo para aqueles afeitos ao vinho como um sacramento. O vinicultor Stephen Reustle, dono da “Prayer Rock Vineyard” (mais ou menos “Vinhedo da Pedra da Oração”), um cristão devoto, imprimiu um verso da Bíblia em cerca de 6000 rolhas e colocou em garrafas do seu Pinot Noir, Syrah e Riesling. Tirou a idéia de um outro vinhedo, que usa as rolhas com uma citação de Mahatma Gandhi.
A citação é do Eclesiastes: “Beba o seu vinho com o coração feliz, pois Deus o aprova”.
Mas nos Estados Unidos assuntos da igreja não se misturam com os de estado. E o nosso vinicultor foi oficialmente avisado pelas autoridades que deverá retirar a menção ao Velho Testamento (a alegação formal era a de que “não se pode criar uma informação enganosa a partir de chamadas curativas ou terapêuticas em embalagens ou criar associações duvidosas entre consumo de álcool e saúde...”). Reustle poderá no máximo vender as garrafas já arrolhadas e não repetir o feito nas próximas.
Em resumo, se as amigas não tiverem problemas com religião e bebidas, o negócio é aproveitar a próximo happy hour, sexta-feira. Vai fazer novos amigos e possivelmente aumentar seus salários.

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