Então, já que aprendemos que o vinho é o suco de uvas fermentado e também passamos pelos rudimentos da identificação de sabores e aromas, treinando nossos paladar e nariz, vamos falar hoje das uvas. Selecionamos algumas de nossas principais personagens. Quem poderia ser a rainha das uvas: a Helen Mirren (indicada para o Oscar de melhor atriz, pelo filme “A Rainha”, com muita justiça)? Mas será que ela desbanca a queridinha de Hollywood, Merryl Streep (que concorre com “O Diabo Veste Prada”)? E as princesas, quais seriam? Os reis e os príncipes, os simples cortesãos também contam? E a plebe, como entra nessa seleção? Sim, temos uvas consideradas nobres e outras mais simples.
Mas não se engane, amiga, uma uva considerada “simples”, meio esquecida, pode, de repente, transformar-se numa Cinderela, casar-se com o príncipe e virar rainha.
Uma uva, nobre ou não, depende de muita coisa para chegar à corte e reinar.
Por milhares de anos os homens desenvolveram a arte de produzir uvas, seja através da experimentação ou via avanços tecnológicos. Acredite: antes que um vinhedo possa apresentar uvas de boa qualidade, temos anos e anos de muito investimento e cuidadosa atenção a um zilhão de detalhes.
Para que a uva se desenvolta, os itens mais importantes são o ciclo da vinha, o terreno, a administração do vinhedo, o combate a pestes e doenças, o terroir (que vimos semana passada) e o plantio das uvas.
Desses fatores, o clima é um dos mais importantes. As uvas crescem melhor em climas moderados, normalmente nas faixas entre 30 e 50 graus de latitude, acima e abaixo do Equador. Quando vai plantar suas uvas, o produtor precisa determinar qual varietal utilizar baseado nas características da terra e do seu clima.
Essas variáveis climáticas incluem a temperatura, a exposição ao sol, vento, chuva e geadas. Mas é a temperatura o mais importante aspecto climático.
Algumas uvas preferem climas mais quentes e outras se dão melhor no frio. Vamos a alguns exemplos.
Entre as tintas:
Cabernet Sauvignon. É, sem dúvidas, a uva mais famosa do mundo. Os frutos são negros e esféricos, com cascas bem duras, o que permite que se saia bem numa grande variedade de condições climáticas e geológicas. Na Europa é a principal componente da maioria dos mundialmente reconhecidos cortes de Bordeaux (com a Merlot e a Cabernet Franc, principalmente). Dão em vinhos fortes, de estrutura complexa, frutados com abundantes em taninos (ou seja: poderão melhorar muito com o tempo, terão longa vida). Ao contrário da Syrah, a Cabernet Sauvignon se afina bem com o carvalho, onde fica por alguns meses, adquirindo seus sabores e taninos. Os Cabernets do Novo Mundo são normalmente mais intensos, enquanto os da Europa mais sutis.
Merlot. É o segundo violino de uma orquestra onde a Cabernet é a primeira solista. A Merlot também é plantada em todo o mundo. Dos Estados Unidos ao Brasil, ao Chile, Austrália e França, você acha a Merlot. Ela também tem bons taninos, tantos quanto os da Pinot Noir (que veremos a seguir), mas seus sabores não chegam a ser tão envolventes quanto os da Cabernet. É mais macia na boca. Um dos mais famosos (e caros) vinhos do mundo, o Petrus, é feito com a Merlot.
Syrah. Resulta em vinhos encorpados, pungentes, picantes, intensos. É originária do Vale do Ródano, França, mas com o nome de Shiraz sai-se bem também na Austrália e nos Estados Unidos. Na França, se apresenta em cortes com a Grenache e Mourvedre. Se vai comer uma comida mais apimentada, não esqueça da Syrah.
Pinot Noir. É a paixão de Miles, que passa pelo filme Sideways em busca de uma perfeita e única Pinot Noir. É um tinto que se disfarça de branco, pois é leve, delicado, elegante, mas com características próprias. Seus taninos são como um veludo cobrindo sua língua e boca. Seus aromas incluem cerejas, morangos e até mesmo chocolate. São uvas de cultivo difícil, saindo-se melhor em regiões mais frias. Sua residência oficial é a Borgonha, França. Mas temos bons exemplares vindos do Oregon e da Nova Zelândia.
Malbec. É hoje a uva que melhor representa uma das mais importantes regiões vinícolas da América do Sul, a Argentina. Vinhos quase violetas, encorpados, com taninos suaves e frutos maduros. Tem origem em Bordeaux, onde era usada como uva de corte, uma segunda uva, cujo lugar foi tomado pela Merlot. Continua como primeira uva na região de Cahors, França, onde é chamada de Auxerrois. Mas ela brilha mesmo é em Mendoza.
Vamos agora a alguns exemplos de uvas brancas. Elas estão, aqui, em ordem de intensidade de corpo. Da mais leve a mais encorpada. Assim, como veremos, a Riesling é a mais leve e delicada entre os três exemplos que forneço. A Chardonnay, por sua vez, é a mais encorpada e mais cheia de sabores entre as três.
Mas, por favor, não esqueça de que os estilos de vinhos variam tremendamente. Sempre teremos exceções. Enfim, temos que começar por algum lugar, certo?
Riesling. Faz um vinho leve, fresco, animado, com sabores delicados, com baixo teor alcoólico (entre 7 e 11%), com sabores de maçãs verdes, peras, abacaxis e até mesmo de mel. Na Alemanha, temos Rieslings que vão do seco aos moderadamente doces e até mesmo aos bem doces. Mas são, em sua maioria, secos.
Sauvignon Blanc. É um pouco mais “pra cima” do que a Riesling. Uva de corpo médio e também muito aromática, com toques de frutos cítricos, maracujá e alguma coisa de ervas e pimenta. O seu estilo é historicamente representado pelos vinhos secos de Graves e do Vale do Loire. É plantada por toda a Europa, mas está concentrada na França. Porém, nos últimos vinte anos, a Nova Zelândia tornou-se o onde essa uva tornou-se um padrão em todo o mundo. Vai comer peixes, frutos do mar, mariscos? Tente a Sauvignon.
Chardonnay. Ela está em todo o mundo, resultando ora em vinhos encorpados, com ousados volumes de álcool e fortes aromas de baunilha e maçã. E até nos Chablis, o Chardonnay produzido na Borgonha (de onde se origina), com aromas minerais, espertos, revigorantes. Talvez seja a varietal branca mais produzida no mundo.
O caso é que existem outras uvas, dezenas e dezenas de tintas e brancas oferecendo vinhos maravilhosos. As que você preferir serão suas rainhas, suas princesas. Todas têm sua chance, a sua vez.
Para você completar para valer esse ABC resta é começar a experimentar. Só assim a amiga vai poder conhecer de fato a mais deliciosa, mais variada e mais complexa bebida existente no mundo. Comece agora.
Mas não se engane, amiga, uma uva considerada “simples”, meio esquecida, pode, de repente, transformar-se numa Cinderela, casar-se com o príncipe e virar rainha.
Uma uva, nobre ou não, depende de muita coisa para chegar à corte e reinar.
Por milhares de anos os homens desenvolveram a arte de produzir uvas, seja através da experimentação ou via avanços tecnológicos. Acredite: antes que um vinhedo possa apresentar uvas de boa qualidade, temos anos e anos de muito investimento e cuidadosa atenção a um zilhão de detalhes.
Para que a uva se desenvolta, os itens mais importantes são o ciclo da vinha, o terreno, a administração do vinhedo, o combate a pestes e doenças, o terroir (que vimos semana passada) e o plantio das uvas.
Desses fatores, o clima é um dos mais importantes. As uvas crescem melhor em climas moderados, normalmente nas faixas entre 30 e 50 graus de latitude, acima e abaixo do Equador. Quando vai plantar suas uvas, o produtor precisa determinar qual varietal utilizar baseado nas características da terra e do seu clima.
Essas variáveis climáticas incluem a temperatura, a exposição ao sol, vento, chuva e geadas. Mas é a temperatura o mais importante aspecto climático.
Algumas uvas preferem climas mais quentes e outras se dão melhor no frio. Vamos a alguns exemplos.
Entre as tintas:
Cabernet Sauvignon. É, sem dúvidas, a uva mais famosa do mundo. Os frutos são negros e esféricos, com cascas bem duras, o que permite que se saia bem numa grande variedade de condições climáticas e geológicas. Na Europa é a principal componente da maioria dos mundialmente reconhecidos cortes de Bordeaux (com a Merlot e a Cabernet Franc, principalmente). Dão em vinhos fortes, de estrutura complexa, frutados com abundantes em taninos (ou seja: poderão melhorar muito com o tempo, terão longa vida). Ao contrário da Syrah, a Cabernet Sauvignon se afina bem com o carvalho, onde fica por alguns meses, adquirindo seus sabores e taninos. Os Cabernets do Novo Mundo são normalmente mais intensos, enquanto os da Europa mais sutis.
Merlot. É o segundo violino de uma orquestra onde a Cabernet é a primeira solista. A Merlot também é plantada em todo o mundo. Dos Estados Unidos ao Brasil, ao Chile, Austrália e França, você acha a Merlot. Ela também tem bons taninos, tantos quanto os da Pinot Noir (que veremos a seguir), mas seus sabores não chegam a ser tão envolventes quanto os da Cabernet. É mais macia na boca. Um dos mais famosos (e caros) vinhos do mundo, o Petrus, é feito com a Merlot.
Syrah. Resulta em vinhos encorpados, pungentes, picantes, intensos. É originária do Vale do Ródano, França, mas com o nome de Shiraz sai-se bem também na Austrália e nos Estados Unidos. Na França, se apresenta em cortes com a Grenache e Mourvedre. Se vai comer uma comida mais apimentada, não esqueça da Syrah.
Pinot Noir. É a paixão de Miles, que passa pelo filme Sideways em busca de uma perfeita e única Pinot Noir. É um tinto que se disfarça de branco, pois é leve, delicado, elegante, mas com características próprias. Seus taninos são como um veludo cobrindo sua língua e boca. Seus aromas incluem cerejas, morangos e até mesmo chocolate. São uvas de cultivo difícil, saindo-se melhor em regiões mais frias. Sua residência oficial é a Borgonha, França. Mas temos bons exemplares vindos do Oregon e da Nova Zelândia.
Malbec. É hoje a uva que melhor representa uma das mais importantes regiões vinícolas da América do Sul, a Argentina. Vinhos quase violetas, encorpados, com taninos suaves e frutos maduros. Tem origem em Bordeaux, onde era usada como uva de corte, uma segunda uva, cujo lugar foi tomado pela Merlot. Continua como primeira uva na região de Cahors, França, onde é chamada de Auxerrois. Mas ela brilha mesmo é em Mendoza.
Vamos agora a alguns exemplos de uvas brancas. Elas estão, aqui, em ordem de intensidade de corpo. Da mais leve a mais encorpada. Assim, como veremos, a Riesling é a mais leve e delicada entre os três exemplos que forneço. A Chardonnay, por sua vez, é a mais encorpada e mais cheia de sabores entre as três.
Mas, por favor, não esqueça de que os estilos de vinhos variam tremendamente. Sempre teremos exceções. Enfim, temos que começar por algum lugar, certo?
Riesling. Faz um vinho leve, fresco, animado, com sabores delicados, com baixo teor alcoólico (entre 7 e 11%), com sabores de maçãs verdes, peras, abacaxis e até mesmo de mel. Na Alemanha, temos Rieslings que vão do seco aos moderadamente doces e até mesmo aos bem doces. Mas são, em sua maioria, secos.
Sauvignon Blanc. É um pouco mais “pra cima” do que a Riesling. Uva de corpo médio e também muito aromática, com toques de frutos cítricos, maracujá e alguma coisa de ervas e pimenta. O seu estilo é historicamente representado pelos vinhos secos de Graves e do Vale do Loire. É plantada por toda a Europa, mas está concentrada na França. Porém, nos últimos vinte anos, a Nova Zelândia tornou-se o onde essa uva tornou-se um padrão em todo o mundo. Vai comer peixes, frutos do mar, mariscos? Tente a Sauvignon.
Chardonnay. Ela está em todo o mundo, resultando ora em vinhos encorpados, com ousados volumes de álcool e fortes aromas de baunilha e maçã. E até nos Chablis, o Chardonnay produzido na Borgonha (de onde se origina), com aromas minerais, espertos, revigorantes. Talvez seja a varietal branca mais produzida no mundo.
O caso é que existem outras uvas, dezenas e dezenas de tintas e brancas oferecendo vinhos maravilhosos. As que você preferir serão suas rainhas, suas princesas. Todas têm sua chance, a sua vez.
Para você completar para valer esse ABC resta é começar a experimentar. Só assim a amiga vai poder conhecer de fato a mais deliciosa, mais variada e mais complexa bebida existente no mundo. Comece agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário