Acho que a expressão “bomba de frutas”, corrente nas críticas de vinhos, teve origem em Robert Parker, justamente o rei (ou ditador) dos críticos, apesar de não constar do glossário do próprio Parker.
Mas certamente foi ele quem celebrizou o vinho “bomba”: muita fruta, muito carvalho e muito álcool. Vinhos assim ganham notas altíssimas do famoso crítico, seus seguidores e de revistas como a Wine Spectator.
O problema dessas “bombas” são os seus altos níveis de álcool, uma tendência que cresceu nos últimos dez anos. No passado, com gabaritos entre 11,5 e 13,5% de álcool, para o presente, com as taxas chegando a 16, 17%, o vinho começou a ficar longe da noção de que deveria ser uma bebida equilibrada, com os seus elementos bem integrados, próprio para um bom prato.
E a crítica se dividiu: de um lado, a turma de Parker e a Wine. De outro lado, contra esse estilo de “vinhos com esteróides” (como os chamou o grande Hugh Johnson), os europeus, com destaque para Jancis Robinson e a revista inglesa Decanter, os vinhos mais equilibrados.
Vários tintos da Califórnia são feitos com uvas que ficam na vinha por muito, muito mais tempo, de modo a ganhar mais açúcar (e, assim, mais álcool) e a amaciar seus taninos ao ponto de se tornarem imperceptíveis. São vinhos que acabam com baixa acidez. Quanto maior o tempo que passam sob o sol, menor é a acidez das uvas. Assim, no final, nossa “bomba de frutas” não será nada refrescante e seu álcool em excesso aproximará a bebida de um vinho do Porto, algo para ser tomado antes ou depois das refeições. Durante, nem pensar.
O álcool é o fator invisível, o “gênio na garrafa” (mais uma vez, do Hugh Johnson), que em altos níveis vai tornar-se indesejável, um intruso na festa, fazendo o vinho parecer mais doce do que na verdade é, mais “quente” (sua garganta ferve, leitor) e, no final, completamente desequilibrado.
A inglesa Jancis Robinson, carinhosamente, disse que gostaria de presentear cada um dos produtores da Califórnia com um Chateau Latour 2004 para demonstrar que os taninos também podem ser deliciosos e refrescantes.
E esse é um debate que também voltará em 2007. Nos últimos meses do ano passado começamos a anotar comentários de que essa tendência estava já em declínio. Os produtores não estão gostando muito da possibilidade de afastar os vinhos das mesas de refeições. Vão perder muito dinheiro.
Vimos nessa série, até aqui, os principais temas a dominar o noticiário do vinho: aquecimento global, a questão das tampas (de cortiça, de roscas, sintéticas?), vinho e saúde, o valor da origem (ou do terroir). E agora, com muito álcool, chegou a hora de comentarmos outros fatos.
O problema dessas “bombas” são os seus altos níveis de álcool, uma tendência que cresceu nos últimos dez anos. No passado, com gabaritos entre 11,5 e 13,5% de álcool, para o presente, com as taxas chegando a 16, 17%, o vinho começou a ficar longe da noção de que deveria ser uma bebida equilibrada, com os seus elementos bem integrados, próprio para um bom prato.
E a crítica se dividiu: de um lado, a turma de Parker e a Wine. De outro lado, contra esse estilo de “vinhos com esteróides” (como os chamou o grande Hugh Johnson), os europeus, com destaque para Jancis Robinson e a revista inglesa Decanter, os vinhos mais equilibrados.
Vários tintos da Califórnia são feitos com uvas que ficam na vinha por muito, muito mais tempo, de modo a ganhar mais açúcar (e, assim, mais álcool) e a amaciar seus taninos ao ponto de se tornarem imperceptíveis. São vinhos que acabam com baixa acidez. Quanto maior o tempo que passam sob o sol, menor é a acidez das uvas. Assim, no final, nossa “bomba de frutas” não será nada refrescante e seu álcool em excesso aproximará a bebida de um vinho do Porto, algo para ser tomado antes ou depois das refeições. Durante, nem pensar.
O álcool é o fator invisível, o “gênio na garrafa” (mais uma vez, do Hugh Johnson), que em altos níveis vai tornar-se indesejável, um intruso na festa, fazendo o vinho parecer mais doce do que na verdade é, mais “quente” (sua garganta ferve, leitor) e, no final, completamente desequilibrado.
A inglesa Jancis Robinson, carinhosamente, disse que gostaria de presentear cada um dos produtores da Califórnia com um Chateau Latour 2004 para demonstrar que os taninos também podem ser deliciosos e refrescantes.
E esse é um debate que também voltará em 2007. Nos últimos meses do ano passado começamos a anotar comentários de que essa tendência estava já em declínio. Os produtores não estão gostando muito da possibilidade de afastar os vinhos das mesas de refeições. Vão perder muito dinheiro.
Vimos nessa série, até aqui, os principais temas a dominar o noticiário do vinho: aquecimento global, a questão das tampas (de cortiça, de roscas, sintéticas?), vinho e saúde, o valor da origem (ou do terroir). E agora, com muito álcool, chegou a hora de comentarmos outros fatos.
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