27.2.07

Álcool, direção e gravidez

1) Leitor quer saber quanto de vinho deve tomar para ficar no limite legal. Bom, aqui as leis de trânsito (resolução 476 de 1974) consideram dirigir em estado de embriaguez quando a concentração de álcool no sangue for igual ou superior a 0,8g/l.
A maioria dos estudos compreende o consumo de álcool muito rapidamente e com o estômago vazio. No trabalho mais citado (envolvendo oito homens, bebedores leves) o pique de concentração de álcool na corrente sangüínea aconteceu entre 30 e 60 minutos, chegando a 0,19 depois de um drinque; 0, 46 com dois e 0,70 após três taças – tudo consumido rapidamente. Com mulheres, essas taxas seriam 20% mais altas. Se tudo fosse bebido vagarosamente e com comida, a concentração de álcool no sangue cairia pela metade.
Para um homem de peso médio consumindo de duas a três taças de vinho (com 12% de álcool) num jantar, a estimativa é de que essa concentração alcance menos de 0,5 (nível em que, sugerem alguns estudos, começam os distúrbios motores). As mulheres chegariam a esse nível com menos vinho. Na média, três taças de vinho levariam cerca de 5 horas para serem completamente metabolizadas e para que o índice de concentração de álcool no sangue voltasse a zero.
Mas é bom lembrar que as respostas ao consumo de álcool vão variar segundo a idade, peso, sexo, estado de saúde, medicamentos em consumo, hábitos quanto às bebidas alcoólicas e níveis de certas enzimas e genes em nosso corpo. Com 200 mg de álcool (200 mg/dl) um bebedor esporádico já ficaria sem coordenação e legalmente intoxicado (início da fase “alegre”). Um habitual apresentaria apenas sinais mínimos. Com mais de 300, os primeiros poderão entrar em coma e os segundos em estado letárgico. Assim, beba sempre alimentado, vagarosamente e acompanhado de muita, muita água.
2) Leitora pergunta se pode beber vinho no período de gravidez. Pergunta difícil, mas freqüente. Não há nenhum estudo demonstrando que o consumo ocasional de uma taça de vinho durante a gravidez possa prejudicar o feto. Mas, a orientação “oficial” e a mais segura é evitar o vinho (ou o álcool) nesse período. O pior resultado do consumo de álcool durante a gravidez, que é a chamada síndrome alcoólica fetal, ocorre somente como resultado de alto consumo de álcool. As mães são geralmente alcoólicas e incapazes de parar de beber nesse período. Se a leitora decidir que quer continuar a ter o seu vinho na gravidez deve consumi-lo em pequenas quantidades, sempre vagarosamente e com comida, de modo a evitar um aumento da concentração alcoólica no sangue. Mas não deixe de consultar seu médico, leitora.
Para essas duas perguntas minhas referências vieram do reputadíssimo Dr. R. Curtis Ellison, professor de medicina e de saúde pública na Escola de Medicina da Universidade de Boston, onde também dirige o Instituto de Saúde e Estilo de Vida da escola.

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