12.6.07

O que fazer com as taças

Recebo muitas perguntas sobre taças de vinho. Agora, então, com o Dia dos Namorados quase todas foram sobre que tipo de taças presentear o bem-amado da ocasião. Acontece que a coluna está saindo depois do dia 12. Mas não perco a chance de falar novamente sobre as taças. Temos novidades.
A primeira delas é sobre o eterno problema de quebrar taças. Em primeiro lugar, é inevitável. É de vidro? Então, quebra. Só que as taças, as boas taças não são nada baratas.
Uma solução é importar taças inquebráveis. Isso é o que garante a Schott Zwiesel, fabricante da coleção Tritan Forte. Eles garantem que são inquebráveis, ou pelo menos mais fortes e mais duráveis do que qualquer outra. São também leves e delicadas, um pouco menores do que as Riedel. Um crítico americano que reputo da maior qualidade, o Dr. Vino, as testou (deixando-as cair de uma altura de uns 15 centímetros sobre um piso de cimento) e elas sequer racharam.
A explicação é a de que incorporam titânio e zircônio ao cristal, dando uma dureza à superfície maior do que a do aço, segundo o fabricante. Tudo isso sem perder o brilho.
E olha que já podemos comprar dessas maravilhas aqui mesmo. As encontrei no site de compras do Pepper. Uma flute de champanhe custa R$ 35,00. A Schott Zwiesel é um fabricante alemão com mais de 100 anos de história. Taí uma boa solução para as taças do dia-a-dia.
Uma segunda solução é não chorar pelo leite derramado e tentar reciclar. Se uma taça (uma de vinho tinto, por exemplo) teve a sua haste quebrada e o que sobrou foi o copo propriamente dito, considere a sugestão do Lifehacker, um site de dicas e sugestões para simplificar nossas vidas. Veja aqui o que ele recomenda quando esse tipo de acidente acontece (e está sempre acontecendo): coloque o seu celular no copo; quando o despertador ligar até o vizinho vai acordar. O copo funciona como um amplificador. Muita gente (eu, inclusive) reclama que os alarmes dos celulares são muito fraquinhos, baixinhos. Taí a solução.
Podemos beber vinho em qualquer tipo de copo, até em copo de papel. Os italianos são mestres em beber em copos comuns. Assim, podem brindar à vontade que se quebrarem o prejuízo é nenhum. Só de vinho.
Acontece que nos dobramos às taças de cristal, com formatos diferenciados para cada tipo e estilo de vinho. A variedade é imensa. E os preços não ajudam. E quando quebram, o prejuízo é grande. Como se resolve isso?
Taças para o dia-a-dia. Considere a qualidade, mas compre pelo preço. E compre mais taças além daquelas que você acha que precisa. A verdade é que, não importa quanto você é cuidadosa, suas taças vão quebrar. Crianças, tapetes, maridos, namorados, amigos, cachorros nunca são confiáveis. Ah, e lavagens também (tocaremos nesse item daqui a pouco). Por isso, uma boa regrinha é comprar algumas taças extras para essas eventualidades (e com isso a sua coleção não fica deformada, com taças de diferentes tamanhos ou estilos).
Brancos contra Tintos. É mais um dos mitos do vinho isso de precisarmos de taças diferentes para diferentes tipos de vinho. Catadupas de testes compravam que as taças ISO permitem que aromas e bouquets de brancos e tintos sejam identificados tão bem quanto nas melhores taças Riedel. ISO é a International Standards Organization, organização internacional para a definição de normas. É a utilizada pelos craques do vinho, pelos renomados críticos quando degustam a bebida profissionalmente. E elas têm um e só um mesmo tamanho, não importa o tipo de vinho.
Não concordo com essa história de que vinhos tintos precisam de mais espaço para liberar seus aromas. Os brancos precisam de tanto espaço quanto eles, gente! Agora, se o debate é estético, tudo bem, não se fala mais nisso. Como regra geral, se a taça é mais alta do que larga, qualquer uma que você escolha vai servir tanto para brancos quanto para tintos.
Quanto à cor. A maioria dos amantes do vinho prefere as taças completamente lisas e transparentes de modo a apreciar as cores do vinho. Mas seu o seu guru do momento disse que elas devem ser verdes, tudo bem.
Para os espumantes. Não tem discussão, a opção é mesmo pelas “flutes”. Ora, champanhe ou espumante sem bolhas decepciona. E as flutes, aquelas taças parecidas com tulipas, mas com as bordas voltadas mais para dentro, são a segurança de que nossas bolinhas vão ficar lá por um tempo mais longo. Outro ponto é a altura delas: as bolinhas levam mais tempo viajando até a borda.
Lavando as taças. No caso de taças simples, de vidro, lave com água quente, enxágüe várias vezes até retirar todo o resíduo do vinho. Coloque-as de cabeça para baixo sobre o pano de prato. Deixe-as secar naturalmente. Se for o caso, use apenas sabão para retirar resíduos mais resistentes. Nesse caso, enxágüe ainda mais. Nenhum resíduo de sabão deve ficar na taça.
Quando a taça for de cristal, todo o cuidado é muito, muito pouco. O cristal é poroso e pode absorver sabores com facilidade, principalmente de sabão. Se isso acontecer, a sua taça ficará limpa, certamente, mas vai depois alterar o sabor do vinho.
Sempre evitei usar detergente. Prefiro usar a força da água quente e enxaguar repetidamente. Se algum resíduo ainda ficar, passo um pano macio. E, atenção, não use a lavadora para o cristal. Simplesmente, uma ou outra taça pode quebrar e com facilidade. E o uso detergente pode fazer escurecer a sua taça.
Vapor de água. O pessoal da Riedel (os fabricantes das mais famosas taças de cristal do mundo dos vinhos) recomenda que coloquemos as taças de cabeça para baixo sobre uma panela de água fervente. Um banho de vapor, portanto. Depois, seque-as com uma toalha de linho. Simples e eficiente.
Mais dicas sobre taças? Clique aqui para a Soninha no soniamlier@terra.com.br
Da Adega.
Lembram do Miles, o personagem do filme Sideways vidrado em Pinot Noir? Imagine só o que acharia ele de degustar um Pinot de outras paragens. Sim, o cenário dessa continuação do filme, o Sideways II, não seria o do belo Vale de Santa Ynez, em Santa Barbara, na Califórnia. A locação agora é num outro vale, igualmente belíssimo, na serra de Petrópolis.
Miles só quer saber de Pinot Noir: “É uma uva difícil de cultivar, casca fina, temperamental, amadurece logo. Não é uma sobrevivente como a Cabernet, que cresce em qualquer lugar, mesmo quando negligenciada. Não, a Pinot precisa de cuidados e atenções constantes. Só pode vingar em lugares específicos, em alguns cantos do mundo. Só os produtores mais pacientes e preparados podem com ela. Só alguém com tempo para entender o potencial da Pinot pode conseguir toda a sua expressão”. Reproduzo mais ou menos uma das fala do Miles para Maya (há um namorico entre os dois), que no filme é garçonete e enófila, uma discreta e sensata sommelier.
Corta para o Savigny-Les-Beaune Vieilles Vignes 2003, criado pelo jovem e dinâmico “negociant” Nicolas Potel, baseado em Nuits-Saint-Georges, Borgonha, considerado um dos melhores produtores de Grand Crus do país, fartamente elogiado pela crítica e pela imprensa especializada de todo o mundo.
Funde para o Rippon Lake Wanaka Pinot Noir 2003, um vinho dos Vinhedos Rippon, da sub-região de Wanaka, em Central Otago, Nova Zelândia, freqüentemente citado como o mais belo vinhedo daquele país. São ambos, por várias resenhas, consideradas expressões magníficas da Pinot Noir.
Corte para nova personagem, só que uma sommelier de verdade (e colunista de O Globo), Deise Novakosky, que esgotará o tema Pinot Noir, dia 16, esse sábado, a partir das 17.30 h, no
Tambo de Los Incas, no Vale do Cuiabá, Itaipava. Deise fará uma palestra sobre a casta Pinot Noir, seguida de degustação dos dois vinhaços acima, trazidos pela Premium Importadora. Essa é a parte imperdível desse filme. As reservas podem ser feitas pelos telefones: (24) 22225666/5667/5668. Ou pelo e-mail pousada@tambolosincas.com.br
O Miles, aparecendo, vai é se encantar com a surpreendente paisagem, com um hotel Premier Gran Cru e, claro, com esses novos Pinot Noir. Caso ele se engrace com a Deise, acho que vai acabar mal na fita, quase como no final do primeiro Sideways.
(Ah, e aproveite para testar as belas e funcionais taças oferecidas pelo hotel. Taí: são indicadas para namorados, desde que o tin-tin seja em meio a essa inesquecível locação. Isso é que é presente).

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