24.7.07

Quais são as novas modas?

Leitora pergunta quais as novas tendências no mundo dos vinhos. Difícil de responder: a cada semana, uma nova moda ou tendência aparece. Se fizermos uma lista agora, quando você chegar ao seu final, ela já estará desatualizada. Tem sempre alguém promovendo uma nova uva ou um novo estilo de vinho, um novo conceito, rótulo ou embalagem. Moda, o nome diz, é coisa passageira. Tendência indica uma disposição, uma vocação. E, nesse caso, um pendor para ficar na moda. Vamos a algumas delas:
1. Varietais. Anteontem, a varietal da moda era a Pinot Noir, como resultado do filme Sideways. Ontem, era a Viognier, uma uva branca muito antiga, de origens desconhecidas, que teria origem na Dalmácia e foi parar em Condrieu, norte do Vale do Ródano. Aliás, é a única uva utilizada nas apelações de Condrieu e Château-Grillet. Ela é por vezes utilizada para dar mais aroma e amaciar aos vinhos com a uva Syrah. É também plantada no Languedoc, Roussillon e na Provence.
Em 2004, a Universidade da Califórnia, em Davis, fez um perfil do DNA da uva, pelo qual se demonstra que ela é parente próxima da Freisa, uva do Piemonte, Itália, e geneticamente ligada à outra italiana, a Nebbiolo. É hoje plantada também na Califórnia, Chile, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia e até no Japão.
Hoje, parece, a uva que está na bica para ficar na moda é a tinta Mourvedre. Seu nome deriva de uma cidade espanhola, Murviedro. De lá, chegou ao sul da França. Com a praga da phylloxera, no século XIX, seus vinhedos foram devastados e somente nos últimos 50 anos é que conseguiram replantá-la. E ela começou a ganhar popularidade. Está em muitos blends com a Grenache e a Syrah no sul do Vale do Ródano. Tem aromas rústicos, de animais de caça. Faz vinhos com boa capacidade de envelhecer. Na Espanha, é conhecida por Monastrell e na Califórnia por Mataro.
2. Os Rosados. Em termos de estilo, o que ainda está na moda são os vinhos Rosés: despontaram muito bem no nosso verão e são sucesso absoluto agora no verão do hemisfério norte. Um vinho para beber na piscina, num fim de tarde papeando com amigos, num piquenique. Mas atenção: existem rosados que chegam ao mercado após anos em carvalho, como o López de Heredia Crianza Rosé (o produtor é a respeitada R. López de Heredia Viña Tondonia, de Rioja).
3. Wine Bars. Continuam na moda, cada vez mais divertidos e promovendo a interatividade. Você já pode escolher por varietal – e não necessariamente por um rótulo. Por uma justa coincidência, o wine bar Varietal, de Nova York, oferece rodadas de varietais, uma delas é a “Rodada Misteriosa”. Se você acerta quais as uvas em três das taças oferecidas, recebe uma rodada grátis.
4. Restaurantes. Estão aprendendo com os wine bars: agora, encontramos mais meias-garrafas e quartinos, aquelas pequenas e elegantes jarras com capacidade para duas taças de vinho. Faz todo o sentido: às vezes, você escolhe peixe como aperitivo e prefere vinho branco para acompanhar. O tinto fica para o próximo quartino ou meia-garrafa escoltar o filé que está por chegar.
5. Listas de Vinho. Outro dia vi o Renato Machado e o Claude Troisgros num restaurante francês (isto é: vi na TV) levantando uma lista de vinho que era a soma do Velho e Novo Testamento mais a lista telefônica de Nova York. É demais! Vamos levar umas duas semanas consultando-as. A comida vai estragar. A tendência hoje é por listas bem mais magras, mais suaves, cordiais – e muitas vezes bem humoradas, compatíveis com as ofertas da cozinha. Muitas listas já são divididas por varietais, tornando mais fácil a escolha, principalmente de iniciantes no mundo dos vinhos.
6. Sommeliers. A moda, já há muito tempo, é de profissionais do vinho bem mais próximos dos clientes, dedicados a ajudá-los a encontrar uma garrafa que lhes sejam confortáveis, em termos de preço e combinação com o prato escolhido. Nada de nariz em pé. Já até me esqueci da época em que os que se classificavam como sommeliers tentavam empurrar os vinhos mais caros das cartas. Nessa área, a moda é a mudança de nome: de sommelier passa a ser diretor de vinho do restaurante.
7. Tampas de Rosca. É seguramente uma tendência estabelecida. Produtores neozelandeses, australianos e californianos estão mudando da cortiça para a tampa de rosca metálica, embora a maioria dos consumidores em todo o mundo ainda associem as segundas com vinho barato. As tampas de rosca começaram a ser utilizadas como alternativa para solucionar o problema do TCA, um fungo que ataca as rolhas, praticamente inutilizando o vinho. Como 95% dos vinhos produzidos em todo o mundo são feitos para consumo imediato, não há porque se perder muito tempo com a questão: as tampas de rosca podem ser uma saída, pelo menos bem mais práticas.
8. Vinhos com muito álcool. Foi uma forte tendência até ano passado, principalmente no hemisfério norte (e, em particular, na Califórnia, onde em dez anos a média de álcool subiu de 12,5% para 15%). Agora, os vinhos com taxas “normais” de álcool estão voltando a ocupar os seus devidos lugares. Decisiva nessa volta a taxas mais amenas foi a posição de restaurantes importantes de não mais servirem esses vinhos, muito difíceis de acompanhar qualquer prato.
9. Celebridades. Hoje, até o Emile, o ratinho do Ratatouille, está num rótulo de vinhos (pareceria da Disney com a Costco). A moda de rótulos com bichos (cachorro, gatos, cangurus, vários pássaros etc.) é coisa de 2005. Agora o que temos são o que chamam de “vinhos dos paparazzi”, das celebridades. Temos vinhos para (ou a eles diretamente relacionados) músicos vivos (Bob Dylan, Sting, Madonna, Mick Hucknall, o líder do Simple Red etc.), para músicos já falecidos (Frank Sinatra, Jerry Garcia), para outros que talvez ainda estejam vivos (Elvis Presley). E, claro, vinhos para estrelas de Hollywood, as vivas (Fess Parker) e as imortais (Marilyn Monroe). Temos vinhos relacionados ou sendo produzidos por golfistas, pilotos de corrida. E aqueles sendo produzidos por personalidades de cinema, como o “chefão” Francis Ford Coppola, dono há 30 anos, de uma das maiores vinícolas norte-americanas.
10. Pontos. Quase que a totalidade dos críticos encerra seus comentários com uma nota, ou um sistema de notas, sejam os pontos do sistema decimal, estrelas, taças etc. A mesma coisa fazem os comerciantes: anunciando que o vinho tal recebeu tantos pontos de Robert Parker ou da Wine Spectator. Mas esses sistemas estão sendo criticados, colocados em dúvida, pela sua falta de objetividade. Recentemente, o crítico e professor Tyler Colman (o Dr. Vino) descobriu que o próprio Robert Parker, criador do mais famoso sistema de pontuação, admitiu que avaliar vinhos depende da “emoção do momento”. Mais subjetivo impossível. Numa entrevista dada há ao jornal Naples Daily News, em agosto desse ano, Parker explica:

"Sempre procurei explicar que sou uma pessoa muito
apaixonada e emocional. Acho realmente que a única diferença entre um vinho com
96, 97, 98, 99 e 100 pontos é realmente a emoção do momento”.

Parker admite, na entrevista, que não é nenhum ciborgue. E, portanto, parece reconhecer o relativismo sistema que ele próprio criou. E que gerou filhotes em todo o mundo. Esse mesmo mundo que agora, descobre-se, ele mesmo ameaça a colocar por terra, para gosto de uma parte importante da crítica que não admite toda essa “objetividade”. Mas ninguém se arrisca em antecipar o que virá em lugar desses sistemas.
Se souber de alguma outra tendência ou moda, conta pasra a Soninha, no soniamelier@terra.com.br

3 comentários:

Anônimo disse...

jeu achei ridicula

Anônimo disse...

muito se grasa

Anônimo disse...

tem fazer lançamentos melhores