Um leitor viu na lista de vinhos do famoso Amadeus, restaurante português com uma medalha do Guia Michelin, o vinho Luis Pato Vinhas Velhas 1999. Ele não se interessou pelo, mas ficou intrigado com a expressão “Vinhas Velhas”.
Vinhas velhas, vielles vignes, alte Reben, old vines – são indicativos de que vinhos produzidos a partir de, óbvio, vinhas velhas, a partir do conceito de que possuem uma qualidade extra, de que produzem vinhos melhores. Essas videiras anciãs são facilmente reconhecíveis: muito nodosas, de troncos grossos e raízes longuíssimas.
O fato é que não existem nos Estados Unidos, Europa e, acho eu, em nenhuma outra parte do mundo, regras relativas a essa expressão. Se o vinicultor tem uma vinha com mais de 15, 20, 30 anos pode colocar esse termo no rótulo.
E porque ele faria isso? A lógica do produtor seria essa: uma vinha velha produz menos quantidade de frutos e daí resultar num vinho de maior qualidade (“menos é mais”). Isso faz algum sentido já que muita quantidade de um mesmo vinho pode resultar em sabores difusos. E uma concentração maior de sabores normalmente se origina de uma produção menor e dar, no fim das contas, um vinho mais saboroso.
O racional do produtor é o de que, na medida em que envelhecem, as raízes da videira penetram cada vez mais fundo no solo. Quando jovens, essas raízes estão mais próximas da superfície e podem ser rapidamente afetadas por doenças, fertilizantes. Seus frutos dificilmente resultarão em vinhos de qualidade. Se o solo próximo à superfície não fornece nutrientes suficientes, as raízes vão procurá-los mais abaixo, muitas vezes descobrindo fontes importantes para melhorar o sabor do fruto.
O produtor acredita nisso e imediatamente adorna o rótulo com essa informação, tal como fez o Luis Pato descoberto pelo leitor.
A realidade é a de que não existem quaisquer provas científicas de que vinhas mais velhas produzem frutos melhores e, por isso, vinhos melhores.
Essa linha de argumentação nos leva a pensar que quanto menor a produção, melhor o fruto e melhor o vinho. Acontece que, quando menininha, uma videira foi podada de modo a produzir menos frutos, fazer com que a árvore se concentrasse nos poucos frutos restantes e assim eles ficassem mais densos, mais saborosos. Logo, o que está acontecendo agora com um vinha velha já acontecia há 50, 80 anos. Não parece confuso?
A idéia de que velhas vinhas produzem um vinho melhor é cultuada na legislação das Appellation Contrôlée, o sistema francês que controla todo o plantio e produção de vinhos em regiões determinadas. A legislação de lá exclui a produção das vinhas com menos de três anos. Quando ainda muito jovens, essas vinhas serão utilizadas apenas para um simples vinho de mesa.
Como uma regra geral, o produtor do Velho do Novo Mundo acha que as nossas vinhas velhas oferecem a mesma qualidade do que as jovens videiras, respeitando-se que tenham ambas os mesmos cuidados no controle de qualidade.
Já do produtor do Velho Mundo, cujos vinhedos estão com a sua família há gerações, vamos ouvir que as velhas vinhas oferecem mais concentração e complexidade em seus vinhos, desde que, como vimos, sua produção seja menor e que tenham um sistema de raízes tão profundo que conseguem buscar o melhor daquele solo.
Uma vez que uma vinha produza de uma a três safras normais e tenha entre e seis anos de idade, ocupe o seu lugar acima do solo, o seu rendimento anual se vai se estabilizar (só se alterando se houver alguma grande mudança nas condições de cultivo, plantio ou de políticas por parte do vinicultor). Uma vez que essa vinha esteja devidamente protegida de estresses, pestes, doenças, de muita ou pouca irrigação e nutrida com os minerais suficientes, ela pode ter vida muito longa.
O vigor a produção de muitos vinhedos comerciais começam a declinar depois de 20 anos. E lá pelos seus 50 anos muitos deles produzem tão pouco que normalmente são considerados antieconômicos.
Assim, o curso normal das coisas é o das vinhas perderem vigor à medida que envelhecem, tal como nós. Mas em razão de sua pouca produção, com poucas uvas e folhas expostas ao sol, temos indiretamente uma explicação para o efeito da idade da vinha sobre a qualidade do vinho.
Quando uma vinha pode ser considerada velha? Muitos produtores afirmam que é a partir dos 35 anos. A mais antiga vinícola familiar da Austrália, a Yalumba, no Vale Barossa, quer codificar o termo “Velhas Vinhas” nos rótulos. Para ela, só as vinhas que tenham pelo menos 35 anos podem receber esse galardão.
Há um mérito nisso, pois como não existem padrões para o uso dessa expressão, os produtores podem promover essas vinhas de modo arbitrário e potencialmente confuso. Ele propõe um critério, onde define o que é velho (35 anos), indica o que é “antigo” (ou “muito velho”: 70 anos) e o que é “centenário” (ou “excepcionalmente velho”): 100 anos.
Quando a leitora estiver fazendo turismo pela Inglaterra, vale visitar a famosa videira do Hampton Court Palace, perto de Londres. É o maior palácio da Inglaterra, feito há 400 anos e lá residiram vários Tudors. A videira foi plantada em 1768, tem ramos de mais de 30 metros de comprimento, um tronco de 3 metros de circunferência, e produz 300 quilos de uvas tintas, doces, a cada ano. Estando lá, compre um cacho delas – são as mesmas uvas que serviam à realeza britânica do século XVIII. Com 239 anos, é a maior e mais antiga videira do mundo.
Se quiser perguntar sobre outras idades (que não seja a nossa) é só clicar aqui para a Soninha no soniamelier@terra.com.br
Da Adega.
Hora de ajudar. A Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, capítulo Rio de Janeiro está em busca de vinhos e afins para serem leiloados em benefício da Casa Maria de Magdala, (de Niterói), que atende a crianças e adultos portadores do vírus HIV. O evento será realizado dia 28 de novembro na sede da SBAV-Rio (Av. Nestor Moreira, 11, Botafogo).
O leilão será conduzido pelo vice-presidente da entidade, Marcelo Copello. Os interessados em contribuir para o leilão, através de vinhos, acessórios e afins, devem entrar em contato com a SBAV-Rio através do telefone: (21) 2543-2382 (13h às 18h) ou pelos e-mails: mcopello@mardevinho.com.br / secretaria@sbav-rio.com.br
A Casa Maria de Magdala, fundada em 1991, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos. Funciona como abrigo para crianças e adultos portadores da doença. Todos recebem assistência médica, acompanhamento farmacêutico e nutricional, cuidados de enfermagem e de uma equipe multidisciplinar composta de profissionais de diversas áreas, 24 horas por dia. São mais de 300 profissionais cuidadores. Atende também a 160 famílias, com distribuição de cestas básicas mensais, oferecendo palestras onde são abordados temas voltados à promoção humana e à superação de dificuldades pessoais e vícios.
Maiores informações com o Leo Caldeira, da MLR Comunicação, via 55 21 3027-2340 ou 55 21 8255-1855.
Duvido que a amiga não tenha uns vinhos sobrando em casa e, mais importante, não queira ajudar a Casa Maria de Magdala.
Vinhos Salton entre os melhores. Na degustação da quarta edição do Prazeres da Mesa ao Vivo, realizada em São Paulo, no último dia 25 de outubro, a especialista inglesa Jancis Robinson, Master of Wine, classificou a Salton como o fabricante do melhor vinho brasileiro, durante a degustação do vinho Salton Talento 2004.
Na maior feira de alimentos e bebidas do mundo, a Anuga Wine Special 2007, realizada em setembro, em Colônia, na Alemanha, a Salton ganhou medalha de ouro.
O Salton Talento tem produção limitada a 30 mil garrafas. É um corte de 60% de Cabernet Sauvignon, 30% de Merlot e 10% de Tannat. Passa por um ano em barris de carvalho e descansa nove meses em adegas caves subterrâneas. Mais informações com a Elisângela Lima (elisangela@mdassessoriacom.com.br), da MD Assessoria & Comunicação.
Pesquisa: valorização dos consumidores de vinhos. Recebi da Confraria Amigas do Vinho material relativo a uma pesquisa que vai certamente interessar a todas nós leitoras.
Essa pesquisa é parte de uma dissertação de mestrado, pré-requisito para titulação de mestre em agronegócios, orientada pelo Prof. Dr. Jean Philippe Revillion, que está sendo desenvolvida no Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios – CEPAN - da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O objetivo do questionário é identificar a percepção e a valorização dos consumidores de vinhos em relação à indicação geográfica, estratégia de diferenciação que vem sendo foco de muitas empresas brasileiras, seja no setor vitivinícola ou não.
Os resultados obtidos deste questionário possivelmente auxiliarão as empresas nacionais a melhor desenvolverem suas estratégias de mercado com relação aos diferentes segmentos de consumidores de vinhos.
Para que a pesquisa siga seu cronograma, é conveniente que a leitora encaminhe o questionário devidamente preenchido (não demora mais do que 15 minutos) 15 de novembro de 2007.
O link de acesso ao questionário é: http://cepa.ea.ufrgs.br/pesquisa/alunos/thays/
Vinhas velhas, vielles vignes, alte Reben, old vines – são indicativos de que vinhos produzidos a partir de, óbvio, vinhas velhas, a partir do conceito de que possuem uma qualidade extra, de que produzem vinhos melhores. Essas videiras anciãs são facilmente reconhecíveis: muito nodosas, de troncos grossos e raízes longuíssimas.
O fato é que não existem nos Estados Unidos, Europa e, acho eu, em nenhuma outra parte do mundo, regras relativas a essa expressão. Se o vinicultor tem uma vinha com mais de 15, 20, 30 anos pode colocar esse termo no rótulo.
E porque ele faria isso? A lógica do produtor seria essa: uma vinha velha produz menos quantidade de frutos e daí resultar num vinho de maior qualidade (“menos é mais”). Isso faz algum sentido já que muita quantidade de um mesmo vinho pode resultar em sabores difusos. E uma concentração maior de sabores normalmente se origina de uma produção menor e dar, no fim das contas, um vinho mais saboroso.
O racional do produtor é o de que, na medida em que envelhecem, as raízes da videira penetram cada vez mais fundo no solo. Quando jovens, essas raízes estão mais próximas da superfície e podem ser rapidamente afetadas por doenças, fertilizantes. Seus frutos dificilmente resultarão em vinhos de qualidade. Se o solo próximo à superfície não fornece nutrientes suficientes, as raízes vão procurá-los mais abaixo, muitas vezes descobrindo fontes importantes para melhorar o sabor do fruto.
O produtor acredita nisso e imediatamente adorna o rótulo com essa informação, tal como fez o Luis Pato descoberto pelo leitor.
A realidade é a de que não existem quaisquer provas científicas de que vinhas mais velhas produzem frutos melhores e, por isso, vinhos melhores.
Essa linha de argumentação nos leva a pensar que quanto menor a produção, melhor o fruto e melhor o vinho. Acontece que, quando menininha, uma videira foi podada de modo a produzir menos frutos, fazer com que a árvore se concentrasse nos poucos frutos restantes e assim eles ficassem mais densos, mais saborosos. Logo, o que está acontecendo agora com um vinha velha já acontecia há 50, 80 anos. Não parece confuso?
A idéia de que velhas vinhas produzem um vinho melhor é cultuada na legislação das Appellation Contrôlée, o sistema francês que controla todo o plantio e produção de vinhos em regiões determinadas. A legislação de lá exclui a produção das vinhas com menos de três anos. Quando ainda muito jovens, essas vinhas serão utilizadas apenas para um simples vinho de mesa.
Como uma regra geral, o produtor do Velho do Novo Mundo acha que as nossas vinhas velhas oferecem a mesma qualidade do que as jovens videiras, respeitando-se que tenham ambas os mesmos cuidados no controle de qualidade.
Já do produtor do Velho Mundo, cujos vinhedos estão com a sua família há gerações, vamos ouvir que as velhas vinhas oferecem mais concentração e complexidade em seus vinhos, desde que, como vimos, sua produção seja menor e que tenham um sistema de raízes tão profundo que conseguem buscar o melhor daquele solo.
Uma vez que uma vinha produza de uma a três safras normais e tenha entre e seis anos de idade, ocupe o seu lugar acima do solo, o seu rendimento anual se vai se estabilizar (só se alterando se houver alguma grande mudança nas condições de cultivo, plantio ou de políticas por parte do vinicultor). Uma vez que essa vinha esteja devidamente protegida de estresses, pestes, doenças, de muita ou pouca irrigação e nutrida com os minerais suficientes, ela pode ter vida muito longa.
O vigor a produção de muitos vinhedos comerciais começam a declinar depois de 20 anos. E lá pelos seus 50 anos muitos deles produzem tão pouco que normalmente são considerados antieconômicos.
Assim, o curso normal das coisas é o das vinhas perderem vigor à medida que envelhecem, tal como nós. Mas em razão de sua pouca produção, com poucas uvas e folhas expostas ao sol, temos indiretamente uma explicação para o efeito da idade da vinha sobre a qualidade do vinho.
Quando uma vinha pode ser considerada velha? Muitos produtores afirmam que é a partir dos 35 anos. A mais antiga vinícola familiar da Austrália, a Yalumba, no Vale Barossa, quer codificar o termo “Velhas Vinhas” nos rótulos. Para ela, só as vinhas que tenham pelo menos 35 anos podem receber esse galardão.
Há um mérito nisso, pois como não existem padrões para o uso dessa expressão, os produtores podem promover essas vinhas de modo arbitrário e potencialmente confuso. Ele propõe um critério, onde define o que é velho (35 anos), indica o que é “antigo” (ou “muito velho”: 70 anos) e o que é “centenário” (ou “excepcionalmente velho”): 100 anos.
Quando a leitora estiver fazendo turismo pela Inglaterra, vale visitar a famosa videira do Hampton Court Palace, perto de Londres. É o maior palácio da Inglaterra, feito há 400 anos e lá residiram vários Tudors. A videira foi plantada em 1768, tem ramos de mais de 30 metros de comprimento, um tronco de 3 metros de circunferência, e produz 300 quilos de uvas tintas, doces, a cada ano. Estando lá, compre um cacho delas – são as mesmas uvas que serviam à realeza britânica do século XVIII. Com 239 anos, é a maior e mais antiga videira do mundo.
Se quiser perguntar sobre outras idades (que não seja a nossa) é só clicar aqui para a Soninha no soniamelier@terra.com.br
Da Adega.
Hora de ajudar. A Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, capítulo Rio de Janeiro está em busca de vinhos e afins para serem leiloados em benefício da Casa Maria de Magdala, (de Niterói), que atende a crianças e adultos portadores do vírus HIV. O evento será realizado dia 28 de novembro na sede da SBAV-Rio (Av. Nestor Moreira, 11, Botafogo).
O leilão será conduzido pelo vice-presidente da entidade, Marcelo Copello. Os interessados em contribuir para o leilão, através de vinhos, acessórios e afins, devem entrar em contato com a SBAV-Rio através do telefone: (21) 2543-2382 (13h às 18h) ou pelos e-mails: mcopello@mardevinho.com.br / secretaria@sbav-rio.com.br
A Casa Maria de Magdala, fundada em 1991, é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos. Funciona como abrigo para crianças e adultos portadores da doença. Todos recebem assistência médica, acompanhamento farmacêutico e nutricional, cuidados de enfermagem e de uma equipe multidisciplinar composta de profissionais de diversas áreas, 24 horas por dia. São mais de 300 profissionais cuidadores. Atende também a 160 famílias, com distribuição de cestas básicas mensais, oferecendo palestras onde são abordados temas voltados à promoção humana e à superação de dificuldades pessoais e vícios.
Maiores informações com o Leo Caldeira, da MLR Comunicação, via 55 21 3027-2340 ou 55 21 8255-1855.
Duvido que a amiga não tenha uns vinhos sobrando em casa e, mais importante, não queira ajudar a Casa Maria de Magdala.
Vinhos Salton entre os melhores. Na degustação da quarta edição do Prazeres da Mesa ao Vivo, realizada em São Paulo, no último dia 25 de outubro, a especialista inglesa Jancis Robinson, Master of Wine, classificou a Salton como o fabricante do melhor vinho brasileiro, durante a degustação do vinho Salton Talento 2004.
Na maior feira de alimentos e bebidas do mundo, a Anuga Wine Special 2007, realizada em setembro, em Colônia, na Alemanha, a Salton ganhou medalha de ouro.
O Salton Talento tem produção limitada a 30 mil garrafas. É um corte de 60% de Cabernet Sauvignon, 30% de Merlot e 10% de Tannat. Passa por um ano em barris de carvalho e descansa nove meses em adegas caves subterrâneas. Mais informações com a Elisângela Lima (elisangela@mdassessoriacom.com.br), da MD Assessoria & Comunicação.
Pesquisa: valorização dos consumidores de vinhos. Recebi da Confraria Amigas do Vinho material relativo a uma pesquisa que vai certamente interessar a todas nós leitoras.
Essa pesquisa é parte de uma dissertação de mestrado, pré-requisito para titulação de mestre em agronegócios, orientada pelo Prof. Dr. Jean Philippe Revillion, que está sendo desenvolvida no Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios – CEPAN - da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O objetivo do questionário é identificar a percepção e a valorização dos consumidores de vinhos em relação à indicação geográfica, estratégia de diferenciação que vem sendo foco de muitas empresas brasileiras, seja no setor vitivinícola ou não.
Os resultados obtidos deste questionário possivelmente auxiliarão as empresas nacionais a melhor desenvolverem suas estratégias de mercado com relação aos diferentes segmentos de consumidores de vinhos.
Para que a pesquisa siga seu cronograma, é conveniente que a leitora encaminhe o questionário devidamente preenchido (não demora mais do que 15 minutos) 15 de novembro de 2007.
O link de acesso ao questionário é: http://cepa.ea.ufrgs.br/pesquisa/alunos/thays/
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