Li que o vinho está para ser classificado como alimento e não mais como bebida alcoólica, segundo projeto antigo do senador Pedro Simon, ora em votação. Acho uma ótima manobra para a redução dos impostos e dos preços da bebida, o que ajudaria bastante a nossa indústria vinícola e todos nós, consumidores.
A argumentação do veterano político concentra-se nos benefícios do vinho para a saúde, o que, em minha opinião, não justificaria que ele abandonasse a sua condição de bebida alcoólica: bastaria, talvez, uma informação no rótulo sobre alguns benefícios comprovados do vinho para a saúde.
Alimento, como substância nutritiva, que faz subsistir, o vinho não é. No máximo é o que chamam de “alimento de poupança”: apenas estimula o sistema nervoso e produz energia passageira, com poupança das reservas do organismo (como faz a rapadura para o sertanejo).
Se a lei passar, é provável que haja uma regulamentação obrigando o “novo alimento” a se comportar como todos os demais: tenha no rótulo uma lista de seus ingredientes e dos respectivos valores nutricionais. E aqui temos um primeiro problema.
Em contraste com a maioria dos alimentos e bebidas, a legislação sobre o vinho na maioria dos países não exige que os produtores apresentem essa lista nos rótulos da bebida. A indústria do vinho vem resistindo fortemente aos esforços de mudar essa atitude.
Em agosto desse ano, o governo norte-americano apresentou duas propostas que, se aprovadas, obrigarão todas as bebidas alcoólicas vendidas no país a informar sobre o conteúdo alcoólico e o que contem cada dose (calorias, carboidratos, gordura e proteína etc.).
Pelo menos, uma parte substancial da indústria do vinho de lá está protestando: falam que essa medida é uma faca de dois gumes, vai representar mais uma despesa para o pequeno produtor, o vinho é promovido como um produto agrícola e parte de um estilo de vida saudável. E, de fato, é difícil determinar o valor nutricional exato do que está numa garrafa. A vinícola teria que analisar praticamente tanque por tanque, barril por barril.
Com base em análises nutricionais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e de uma série de outras fontes cheguei a uma lista que representa os valores nutricionais da média dos vinhos. É uma idéia geral, embora saibamos que variações podem existir em função de estilos de vinho. Por exemplo, um Riesling tem mais calorias derivadas do açúcar e mais carboidratos do que um tinto e branco secos. Um vinho com 13,5% de álcool por volume tem um pouco mais de calorias do que o vinho médio apresentado aqui, com 12% de álcool.
Vejamos: o vinho é 85% água, 12% álcool e 3% todos os demais componentes. Numa garrafa (750 ml ou 750 gramas) de vinho tinto, com capacidade para cinco taças, de 147 gramas (147 ml) cada uma. Em cada taça, teremos:
Calorias: 102,06; gordura total: 0 g; gordura saturada: 0 g; colesterol: 0 g; sódio: 7,09 mg (0,3%); total de carboidratos: 2,41 g (1%); fibras: 0 g; açúcares: 0 g; proteína: 0,28 g (0,44%), vitamina A, C, cálcio e ferro: nada: 0%; tiamina: 0,1%; riboflavina: 0,4%; niacina: 0,11%, folato (ou ácido fólico): 0%.
Os rótulos deveriam também dar informações adicionais sobre os valores percentuais diários com base numa dieta de tantas mil calorias. Os ingredientes desse vinho seriam: suco de uva fermentado, sulfitos naturais usados como preservativos. Fermento e itens de clarificação (albumina, bentonita, gelatina ou cola de peixe) que poderiam ter sido utilizados embora desapareçam no vinho acabado.
No vinho branco, na mesma quantidade, temos menos calorias (96,39), o total de carboidratos também é menor (1,13 g ou 0,35%), proteínas um pouco mais baixas (0,14g ou 0,22%).
Nos vinhos doces, considerando a meia garrafa (375 ml ou 375 gramas), cada taça com 88 ml, tem: calorias (130,13 gramas); gordura total: 0 g; gordura saturada: 0 g; colesterol: 0 g; sódio: 7,65 mg (0,3%), total de carboidratos: 10,04 g (5%); fibras: 0 g; açúcares: 8 g; proteína: 0,17 g (0,27%); vitaminas A e C, cálcio e ferro: 0%; tiamina: 0,02%; riboflavina: 0,02%; niacina: 18%. folato: 0%.
De qualquer modo, o projeto do senador Pedro Simon poderá reduzir pela metade as alíquotas de impostos atualmente pagas nossa indústria, fazendo-a mais produtiva, ajudando-a a modernizar-se.
Mas podemos desde já esperar que o segmento da saúde proteste. Pois sempre há quem abuse, amiga. Sob a cínica desculpa de que “estou me alimentando”, muita gente vai encher cara.
Nas vinícolas da Califórnia começa a haver um controle maior para acabar com excessos. Turistas entram lá para visitar, degustar vinho e eventualmente comprá-lo. Mas acabam entornando demais. Ninguém degusta, todos bebem mesmo. Então, numa turma de turistas, que chega de ônibus, ninguém está preocupado em dirigir e ser pego na estrada. Mas se os problemas não existem nas rodovias, existem dentro das vinícolas. Barulho, bagunça, briga etc.
O argumento utilizado pelo senador, os benefícios para a saúde do vinho, também pode ser utilizado de maneira abusiva. A desculpa será na base do “bebo para me tratar”.
Para mim, o vinho vai continuar sendo a bebida mais deliciosa, variada e a mais rica em sutilezas que existe. É incrível como uma bebida, quase 90% água, ser tão leve, cheia de vida, rica, aparecendo em várias cores e estilos, e que pode durar décadas e mesmo madurona ainda surpreender.
O leitor vai passar a se “alimentar”, a “se tratar” ou apenas a apreciar os vinhos? Opine!!
Da Adega.
II Encontro do Fórum de Eno-Gastronomia. Esse não dá para perder. Vai acontecer no Rio, de 8 a 11 de novembro, no Hotel Rio Internacional. São degustações de vinhos e comidas, palestras, exposições, shows musicais, não apenas no Hotel Rio Internacional, mas em outros hotéis e em restaurantes. Você poderá adquirir ingresso para um dos dias (70,00) ou para todos (135,00). O passaporte (válido para os 3 dias) dá livre acesso às palestras, show rooms, mesas redondas, exposições, ao almoço de confraternização no domingo, 11 de novembro, e ao pocket show na 6ª feira. Saiba mais, faça reservas e compras de ingressos ou passaportes via forumenogastronomia@yahoo.com
Papa da Gastronomia Molecular no Brasil. A Universidade Anhembi Morumbi está trazendo ao Brasil o químico-físico francês Hervé This, famoso por suas descobertas científico-culinárias. Estará no país de 28 de outubro a 1º de novembro e fará palestra aberta ao público na Universidade (29 de outubro) sobre Os Fundamentos da Gastronomia Molecular: O Fazer Culinário e a Nova Fisiologia do Gosto. Se a amiga quer saber o porquê da sua maionese desandar, como seu suflê pode crescer mais ou se o bife deve ser salgado antes ou depois de ir para a frigideira, basta assistir ao seminário do professor This. Ele vai deslindar essas questões e muito mais. This é doutor em Gastronomia Molecular e Física e trabalha no Laboratório de Química de Interações Moleculares do College de France, Paris.
Inscreva-se já no seminário, dia 29 de outubro, a partir das 20h30, no Campus Vila Olímpio, Auditório Theatro Casa do Ator. Procure o site da Universidade ou peça informações pelo telefone: 11-3847-3050.
Mumm Cordon Rouge Magnum. Pois não é que a Pernod Ricard está importando para cá a versão de 1,5 litro dessa preciosidade, em edição limitada? Apenas 200 garrafas serão comercializada no país – todas em estojos especiais. Ela terá um preço médio de R$ 400,00 e poderá ser encontrada em restaurantes, delicatessens e empórios. No seu rótulo, a lendária faixa vermelha da Légion D`Honneur (Legião de Honra), a mais alta distinção francesa, concedida por Napoleão Bonaparte – que não saia de casa para suas batalhas em passar por Reims e se abastecer com a Mumm. A Mumm Cordon Rouge também é a marca oficial de Champagne da Fórmula I. Saiba mais com o SAC da Pernod Ricard (0800 014 20 11) ou através do seu site.
Helicópteros salvam vinhedos. Na Nova Zelândia 100 helicópteros foram utilizados recentemente para livrar da geada alguns vinhedos na região de Marlborough. As hélices dos helicópteros fazem o ar quente descer e circular pelos vinhedos.
Veja o filme feito por uma emissora de TV da NZ.
A argumentação do veterano político concentra-se nos benefícios do vinho para a saúde, o que, em minha opinião, não justificaria que ele abandonasse a sua condição de bebida alcoólica: bastaria, talvez, uma informação no rótulo sobre alguns benefícios comprovados do vinho para a saúde.
Alimento, como substância nutritiva, que faz subsistir, o vinho não é. No máximo é o que chamam de “alimento de poupança”: apenas estimula o sistema nervoso e produz energia passageira, com poupança das reservas do organismo (como faz a rapadura para o sertanejo).
Se a lei passar, é provável que haja uma regulamentação obrigando o “novo alimento” a se comportar como todos os demais: tenha no rótulo uma lista de seus ingredientes e dos respectivos valores nutricionais. E aqui temos um primeiro problema.
Em contraste com a maioria dos alimentos e bebidas, a legislação sobre o vinho na maioria dos países não exige que os produtores apresentem essa lista nos rótulos da bebida. A indústria do vinho vem resistindo fortemente aos esforços de mudar essa atitude.
Em agosto desse ano, o governo norte-americano apresentou duas propostas que, se aprovadas, obrigarão todas as bebidas alcoólicas vendidas no país a informar sobre o conteúdo alcoólico e o que contem cada dose (calorias, carboidratos, gordura e proteína etc.).
Pelo menos, uma parte substancial da indústria do vinho de lá está protestando: falam que essa medida é uma faca de dois gumes, vai representar mais uma despesa para o pequeno produtor, o vinho é promovido como um produto agrícola e parte de um estilo de vida saudável. E, de fato, é difícil determinar o valor nutricional exato do que está numa garrafa. A vinícola teria que analisar praticamente tanque por tanque, barril por barril.
Com base em análises nutricionais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e de uma série de outras fontes cheguei a uma lista que representa os valores nutricionais da média dos vinhos. É uma idéia geral, embora saibamos que variações podem existir em função de estilos de vinho. Por exemplo, um Riesling tem mais calorias derivadas do açúcar e mais carboidratos do que um tinto e branco secos. Um vinho com 13,5% de álcool por volume tem um pouco mais de calorias do que o vinho médio apresentado aqui, com 12% de álcool.
Vejamos: o vinho é 85% água, 12% álcool e 3% todos os demais componentes. Numa garrafa (750 ml ou 750 gramas) de vinho tinto, com capacidade para cinco taças, de 147 gramas (147 ml) cada uma. Em cada taça, teremos:
Calorias: 102,06; gordura total: 0 g; gordura saturada: 0 g; colesterol: 0 g; sódio: 7,09 mg (0,3%); total de carboidratos: 2,41 g (1%); fibras: 0 g; açúcares: 0 g; proteína: 0,28 g (0,44%), vitamina A, C, cálcio e ferro: nada: 0%; tiamina: 0,1%; riboflavina: 0,4%; niacina: 0,11%, folato (ou ácido fólico): 0%.
Os rótulos deveriam também dar informações adicionais sobre os valores percentuais diários com base numa dieta de tantas mil calorias. Os ingredientes desse vinho seriam: suco de uva fermentado, sulfitos naturais usados como preservativos. Fermento e itens de clarificação (albumina, bentonita, gelatina ou cola de peixe) que poderiam ter sido utilizados embora desapareçam no vinho acabado.
No vinho branco, na mesma quantidade, temos menos calorias (96,39), o total de carboidratos também é menor (1,13 g ou 0,35%), proteínas um pouco mais baixas (0,14g ou 0,22%).
Nos vinhos doces, considerando a meia garrafa (375 ml ou 375 gramas), cada taça com 88 ml, tem: calorias (130,13 gramas); gordura total: 0 g; gordura saturada: 0 g; colesterol: 0 g; sódio: 7,65 mg (0,3%), total de carboidratos: 10,04 g (5%); fibras: 0 g; açúcares: 8 g; proteína: 0,17 g (0,27%); vitaminas A e C, cálcio e ferro: 0%; tiamina: 0,02%; riboflavina: 0,02%; niacina: 18%. folato: 0%.
De qualquer modo, o projeto do senador Pedro Simon poderá reduzir pela metade as alíquotas de impostos atualmente pagas nossa indústria, fazendo-a mais produtiva, ajudando-a a modernizar-se.
Mas podemos desde já esperar que o segmento da saúde proteste. Pois sempre há quem abuse, amiga. Sob a cínica desculpa de que “estou me alimentando”, muita gente vai encher cara.
Nas vinícolas da Califórnia começa a haver um controle maior para acabar com excessos. Turistas entram lá para visitar, degustar vinho e eventualmente comprá-lo. Mas acabam entornando demais. Ninguém degusta, todos bebem mesmo. Então, numa turma de turistas, que chega de ônibus, ninguém está preocupado em dirigir e ser pego na estrada. Mas se os problemas não existem nas rodovias, existem dentro das vinícolas. Barulho, bagunça, briga etc.
O argumento utilizado pelo senador, os benefícios para a saúde do vinho, também pode ser utilizado de maneira abusiva. A desculpa será na base do “bebo para me tratar”.
Para mim, o vinho vai continuar sendo a bebida mais deliciosa, variada e a mais rica em sutilezas que existe. É incrível como uma bebida, quase 90% água, ser tão leve, cheia de vida, rica, aparecendo em várias cores e estilos, e que pode durar décadas e mesmo madurona ainda surpreender.
O leitor vai passar a se “alimentar”, a “se tratar” ou apenas a apreciar os vinhos? Opine!!
Da Adega.
II Encontro do Fórum de Eno-Gastronomia. Esse não dá para perder. Vai acontecer no Rio, de 8 a 11 de novembro, no Hotel Rio Internacional. São degustações de vinhos e comidas, palestras, exposições, shows musicais, não apenas no Hotel Rio Internacional, mas em outros hotéis e em restaurantes. Você poderá adquirir ingresso para um dos dias (70,00) ou para todos (135,00). O passaporte (válido para os 3 dias) dá livre acesso às palestras, show rooms, mesas redondas, exposições, ao almoço de confraternização no domingo, 11 de novembro, e ao pocket show na 6ª feira. Saiba mais, faça reservas e compras de ingressos ou passaportes via forumenogastronomia@yahoo.com
Papa da Gastronomia Molecular no Brasil. A Universidade Anhembi Morumbi está trazendo ao Brasil o químico-físico francês Hervé This, famoso por suas descobertas científico-culinárias. Estará no país de 28 de outubro a 1º de novembro e fará palestra aberta ao público na Universidade (29 de outubro) sobre Os Fundamentos da Gastronomia Molecular: O Fazer Culinário e a Nova Fisiologia do Gosto. Se a amiga quer saber o porquê da sua maionese desandar, como seu suflê pode crescer mais ou se o bife deve ser salgado antes ou depois de ir para a frigideira, basta assistir ao seminário do professor This. Ele vai deslindar essas questões e muito mais. This é doutor em Gastronomia Molecular e Física e trabalha no Laboratório de Química de Interações Moleculares do College de France, Paris.
Inscreva-se já no seminário, dia 29 de outubro, a partir das 20h30, no Campus Vila Olímpio, Auditório Theatro Casa do Ator. Procure o site da Universidade ou peça informações pelo telefone: 11-3847-3050.
Mumm Cordon Rouge Magnum. Pois não é que a Pernod Ricard está importando para cá a versão de 1,5 litro dessa preciosidade, em edição limitada? Apenas 200 garrafas serão comercializada no país – todas em estojos especiais. Ela terá um preço médio de R$ 400,00 e poderá ser encontrada em restaurantes, delicatessens e empórios. No seu rótulo, a lendária faixa vermelha da Légion D`Honneur (Legião de Honra), a mais alta distinção francesa, concedida por Napoleão Bonaparte – que não saia de casa para suas batalhas em passar por Reims e se abastecer com a Mumm. A Mumm Cordon Rouge também é a marca oficial de Champagne da Fórmula I. Saiba mais com o SAC da Pernod Ricard (0800 014 20 11) ou através do seu site.
Helicópteros salvam vinhedos. Na Nova Zelândia 100 helicópteros foram utilizados recentemente para livrar da geada alguns vinhedos na região de Marlborough. As hélices dos helicópteros fazem o ar quente descer e circular pelos vinhedos.
Veja o filme feito por uma emissora de TV da NZ.
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