Descobriram que você gosta de vinhos e, logo, logo, acabou presenteada com um decantador. É uma peça linda, decorativa, na qual qualquer vinho fica mais vistoso. Mas a pergunta é: a amiga alguma vez já usou o decantador?
Usar ou não usar, quando usar, para vinhos jovens, maduros, só para tintos, para tintos e brancos? Para espumantes? A controvérsia é grande.
Um dos mais reverenciados enólogos do planeta, o Professor Émile Peynaud, francês responsável por muitas das mais modernas idéias sobre vinificação, não achava necessário decantar – a não ser para eliminar sedimentos: cristais de tártaros nos brancos e partículas de componentes de cor e fenóis polimerizados (taninos, em sua maioria), nos tintos maduros. Jancis Robinson, no seu “The Oxford Companion to Wine” a define como “uma opção controversa para servir vinho”.
Começa a história. A origem dos decantadores está na Roma clássica, onde a técnica de produzir objetos e utensílios de vidro soprado foi bastante desenvolvida. O vinho era servido em jarras (ou decantadores) de prata ou de vidro, primeiro porque a bebida era armazenada em vasilhames enormes, em ânforas de argila ou em barris de madeira. Desse modo, algum tipo de recipiente era necessário para trazer o vinho desses grandes vasilhames, nas adegas, para as taças na mesa. Surgem então jarras de vidro (ou de metal) para fazer esse serviço. Seriam os primeiros decantadores. Mas lá pelo século V, o império Romano entrou em colapso e a produção de vidro declinou.
No século XVI, os Venezianos redescobriram a tecnologia do vidro de sopro e suas belas e rebuscadas taças, garrafas e outros vasilhames percorreram o mundo e foram largamente copiadas.
No início do século XVII, conseguiu-se produzir garrafas mais resistentes, além de muito escuras e pesadas, com um formato de cebola, com a base chata, e gargalo muito curto e corpo globular - um formato impossível de colocá-las na horizontal, mesmo que tivesse uma rolha tampando-as. Eram utilizadas mais para servir vinhos e não para guardá-los. Ou seja: uma espécie de decantadores.
Artefatos de cortiça, como as tampas, representavam uma tecnologia muito nova no século XVI e ninguém pensou em tampar as garrafas com rolhas de cortiça. Assim, tampas de vidro eram ocasionalmente utilizadas para selas essas garrafas, pelo menos temporariamente.
Com o costume de uma tampa de vidro para cada garrafa, tornou-se imperativo que os dois itens não mais se separassem, pois as tampas não eram intercambiáveis. Cada uma cabia apenas na garrafa para a qual havia sido feita. Assim, eram permanentemente presas por um cordame ou fio metálico ao gargalo. Podemos verificar vestígios dessa prática em algumas das garrafas de hoje, que possuem uma aba em suas bordas.
É no início do século XVIII que se redescobriu algo muito importante: as safras, a idade dos vinhos e o que pode acrescentar na qualidade da bebida. Se pudéssemos guardar os nossos melhores vinhos bem guardados eles poderiam melhorar enormemente. E a melhor maneira de armazenas um vinho seria numa garrafa de vidro se tampada com um novo e exótico material: a cortiça.
A guarda de vinhos, ótima para desenvolver a bebida, resultava, porém, num probleminha: camadas e mais camadas de sedimentos na garrafa. É compreensível: na época, as técnicas de filtragem, estabilização, afinamento não estavam ainda desenvolvidas e muitos vinhos liberavam sedimentos, cristais de tártaro, ficavam foscos, enevoados. A resposta para isso foi, naturalmente, decantar os vinhos num vasilhame límpido deixando para trás os detritos.
Assim, as pessoas podiam decantar seus vinhos bem antes de amigos ou visitas chegassem para um jantar. Os vinhos estariam dispostos em diferentes decantadores, cada um apropriado para os vários tipos de pratos, cada um com um etiqueta de identificação dependurada no gargalo.
O decantador hoje. Ele ganhou uma nova função, a de fazer com que os vinhos despertem para seus aromas e sabores.
A maioria dos decantadores é feita de vidro transparente, incolor, com volume entre 30 a 50% maior do que o da garrafa padrão (750 ml), com bastante espaço para deixar o vinho “respirar”, esticar as pernas, liberar seus aromas. No caso dos sedimentos, a operação é mais delicada: você tem de despejar o conteúdo da garrafa no decantador e, com uma lanterna ou vela sob a o gargalo da garrafa, ficar atento para os sedimentos não passem para o decantador.
Pela minha experiência, esse “respiro” não apenas levanta os aromas, como ajuda também a eliminar o que eventualmente restou de dióxido de carbono (CO2) na garrafa (deixando o vinho um tantinho frisante). A bebida fica mais macia. Se ela apresenta uma apreciável quantidade de sulfitos, a decantação vai oxidá-los e eliminar esses aromas (de fósforo queimado). Isso acontece muito nos vinhos com rosca metálica (é a tal da “redução”, uma condição que resulta da ausência total de ar). Os vinhos marcados fortemente com sabores e aromas de madeira (como muitos Chardonnay do Novo Mundo) vão perder um pouco essa característica e mostrar mais as frutas. Aqueles muito tânicos ficarão menos adstringentes e mais amistosos, saborosos e aromáticos.
Decantar vinhos mais delicados, como um Pinot Noir, um Sauvignon Blanc, um Riesling ou um Beaujolais não vai melhorá-los. Mas um Chardonnay com muito carvalho, um Cabernet Sauvignon encorpado ou um Amarone vão se beneficiar. Alguns livros, inclusive, recomendam que o caríssimo toscano Brunello di Montalcino, feito com a Sangiovese, deve ser decantado um dia antes de servi-lo.
Ah, ia me esquecendo: até mesmo os espumantes podem ser decantados. Isso é feito de modo a que esses vinhos liberem um pouco do gás carbônico e se tornem mais cremosos, frutados e menos ácidos. O dono da Riedel, Maximiliam Riedel, criador das mais famosas taças de cristais para vinhos, homem refinadíssimo, diverte-se e espanta convidados quando decide decantar champagne. “Surpreendo meus amigos americanos quando decanto Champagne. Os americanos pensam que é necessários termos muitas bolhas, mas para mim uma Krug ou Dom Pérignon são até melhores sem elas, pois você então pode efetivamente provar o vinho”. Leia a entrevista de Riedel aqui.
O caso é que se decantam espumantes desde o século XIX. O objetivo, claro, não é fazer com que eles percam suas bolhas, mas que seus aromas e sabores se apurem mais, não se deixem esconder pela efervescência, fiquem mais macios. É só um tempinho no decantador (que tem o gargalo bem menor do que o feito para vinhos tranqüilos, como você pode ver aqui).
Afinal, decantar ou não? Tire a dúvida você mesma, amiga. Faça um teste e comece a usar o decantador que você ganhou e largou num canto. Com duas garrafas de um mesmo vinho, da mesma safra, decante o primeiro meia hora antes de servi-lo. Abra o segundo e sirva-o imediatamente. Compare-os. Pelo meu gosto, o do decantador sai-se melhor.
Da Adega.
Um gás para a vodca. A Orloff reformula a sua linha, o que compreende não só embalagens, mas uma família de vodcas cinco vezes destiladas (a bebida passa de três vezes destilada para cinco) e a Orloff Gás: uma vodca efervescente, mais refrescante. A Orloff é uma vodka nacional produzida no Brasil desde a década de 60. Elaborada a partir do álcool de cereais, a marca sempre é pioneira no mercado nacional. Em 2006, ganhou a sua primeira variante com sabor, a Orloff Mix Lemon e agora chega com fórmula evoluída (cinco vezes destilada) e a versão efervescente. Veja mais no site da Pernod-Ricard.
Usar ou não usar, quando usar, para vinhos jovens, maduros, só para tintos, para tintos e brancos? Para espumantes? A controvérsia é grande.
Um dos mais reverenciados enólogos do planeta, o Professor Émile Peynaud, francês responsável por muitas das mais modernas idéias sobre vinificação, não achava necessário decantar – a não ser para eliminar sedimentos: cristais de tártaros nos brancos e partículas de componentes de cor e fenóis polimerizados (taninos, em sua maioria), nos tintos maduros. Jancis Robinson, no seu “The Oxford Companion to Wine” a define como “uma opção controversa para servir vinho”.
Começa a história. A origem dos decantadores está na Roma clássica, onde a técnica de produzir objetos e utensílios de vidro soprado foi bastante desenvolvida. O vinho era servido em jarras (ou decantadores) de prata ou de vidro, primeiro porque a bebida era armazenada em vasilhames enormes, em ânforas de argila ou em barris de madeira. Desse modo, algum tipo de recipiente era necessário para trazer o vinho desses grandes vasilhames, nas adegas, para as taças na mesa. Surgem então jarras de vidro (ou de metal) para fazer esse serviço. Seriam os primeiros decantadores. Mas lá pelo século V, o império Romano entrou em colapso e a produção de vidro declinou.
No século XVI, os Venezianos redescobriram a tecnologia do vidro de sopro e suas belas e rebuscadas taças, garrafas e outros vasilhames percorreram o mundo e foram largamente copiadas.
No início do século XVII, conseguiu-se produzir garrafas mais resistentes, além de muito escuras e pesadas, com um formato de cebola, com a base chata, e gargalo muito curto e corpo globular - um formato impossível de colocá-las na horizontal, mesmo que tivesse uma rolha tampando-as. Eram utilizadas mais para servir vinhos e não para guardá-los. Ou seja: uma espécie de decantadores.
Artefatos de cortiça, como as tampas, representavam uma tecnologia muito nova no século XVI e ninguém pensou em tampar as garrafas com rolhas de cortiça. Assim, tampas de vidro eram ocasionalmente utilizadas para selas essas garrafas, pelo menos temporariamente.
Com o costume de uma tampa de vidro para cada garrafa, tornou-se imperativo que os dois itens não mais se separassem, pois as tampas não eram intercambiáveis. Cada uma cabia apenas na garrafa para a qual havia sido feita. Assim, eram permanentemente presas por um cordame ou fio metálico ao gargalo. Podemos verificar vestígios dessa prática em algumas das garrafas de hoje, que possuem uma aba em suas bordas.
É no início do século XVIII que se redescobriu algo muito importante: as safras, a idade dos vinhos e o que pode acrescentar na qualidade da bebida. Se pudéssemos guardar os nossos melhores vinhos bem guardados eles poderiam melhorar enormemente. E a melhor maneira de armazenas um vinho seria numa garrafa de vidro se tampada com um novo e exótico material: a cortiça.
A guarda de vinhos, ótima para desenvolver a bebida, resultava, porém, num probleminha: camadas e mais camadas de sedimentos na garrafa. É compreensível: na época, as técnicas de filtragem, estabilização, afinamento não estavam ainda desenvolvidas e muitos vinhos liberavam sedimentos, cristais de tártaro, ficavam foscos, enevoados. A resposta para isso foi, naturalmente, decantar os vinhos num vasilhame límpido deixando para trás os detritos.
Assim, as pessoas podiam decantar seus vinhos bem antes de amigos ou visitas chegassem para um jantar. Os vinhos estariam dispostos em diferentes decantadores, cada um apropriado para os vários tipos de pratos, cada um com um etiqueta de identificação dependurada no gargalo.
O decantador hoje. Ele ganhou uma nova função, a de fazer com que os vinhos despertem para seus aromas e sabores.
A maioria dos decantadores é feita de vidro transparente, incolor, com volume entre 30 a 50% maior do que o da garrafa padrão (750 ml), com bastante espaço para deixar o vinho “respirar”, esticar as pernas, liberar seus aromas. No caso dos sedimentos, a operação é mais delicada: você tem de despejar o conteúdo da garrafa no decantador e, com uma lanterna ou vela sob a o gargalo da garrafa, ficar atento para os sedimentos não passem para o decantador.
Pela minha experiência, esse “respiro” não apenas levanta os aromas, como ajuda também a eliminar o que eventualmente restou de dióxido de carbono (CO2) na garrafa (deixando o vinho um tantinho frisante). A bebida fica mais macia. Se ela apresenta uma apreciável quantidade de sulfitos, a decantação vai oxidá-los e eliminar esses aromas (de fósforo queimado). Isso acontece muito nos vinhos com rosca metálica (é a tal da “redução”, uma condição que resulta da ausência total de ar). Os vinhos marcados fortemente com sabores e aromas de madeira (como muitos Chardonnay do Novo Mundo) vão perder um pouco essa característica e mostrar mais as frutas. Aqueles muito tânicos ficarão menos adstringentes e mais amistosos, saborosos e aromáticos.
Decantar vinhos mais delicados, como um Pinot Noir, um Sauvignon Blanc, um Riesling ou um Beaujolais não vai melhorá-los. Mas um Chardonnay com muito carvalho, um Cabernet Sauvignon encorpado ou um Amarone vão se beneficiar. Alguns livros, inclusive, recomendam que o caríssimo toscano Brunello di Montalcino, feito com a Sangiovese, deve ser decantado um dia antes de servi-lo.
Ah, ia me esquecendo: até mesmo os espumantes podem ser decantados. Isso é feito de modo a que esses vinhos liberem um pouco do gás carbônico e se tornem mais cremosos, frutados e menos ácidos. O dono da Riedel, Maximiliam Riedel, criador das mais famosas taças de cristais para vinhos, homem refinadíssimo, diverte-se e espanta convidados quando decide decantar champagne. “Surpreendo meus amigos americanos quando decanto Champagne. Os americanos pensam que é necessários termos muitas bolhas, mas para mim uma Krug ou Dom Pérignon são até melhores sem elas, pois você então pode efetivamente provar o vinho”. Leia a entrevista de Riedel aqui.
O caso é que se decantam espumantes desde o século XIX. O objetivo, claro, não é fazer com que eles percam suas bolhas, mas que seus aromas e sabores se apurem mais, não se deixem esconder pela efervescência, fiquem mais macios. É só um tempinho no decantador (que tem o gargalo bem menor do que o feito para vinhos tranqüilos, como você pode ver aqui).
Afinal, decantar ou não? Tire a dúvida você mesma, amiga. Faça um teste e comece a usar o decantador que você ganhou e largou num canto. Com duas garrafas de um mesmo vinho, da mesma safra, decante o primeiro meia hora antes de servi-lo. Abra o segundo e sirva-o imediatamente. Compare-os. Pelo meu gosto, o do decantador sai-se melhor.
Da Adega.
Um gás para a vodca. A Orloff reformula a sua linha, o que compreende não só embalagens, mas uma família de vodcas cinco vezes destiladas (a bebida passa de três vezes destilada para cinco) e a Orloff Gás: uma vodca efervescente, mais refrescante. A Orloff é uma vodka nacional produzida no Brasil desde a década de 60. Elaborada a partir do álcool de cereais, a marca sempre é pioneira no mercado nacional. Em 2006, ganhou a sua primeira variante com sabor, a Orloff Mix Lemon e agora chega com fórmula evoluída (cinco vezes destilada) e a versão efervescente. Veja mais no site da Pernod-Ricard.
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