25.6.07

Que loucura!

Beba e não fique demente. Foi isso que li sobre um novo estudo realizado por cientistas do Departamento de Geriatria da Universidade de Bari, Itália.
O trabalho foi publicado em maio no jornal Neurology, mas li uma resenha a respeito na Wine Spectator. Em resumo: a notícia da WS (e de outras publicações) afirma que um ou dois drinques por dia pode nos ajudar a reduzir o desenvolvimento da demência. Mas, no final, somos tentados a substituir o “pode nos ajudar” por “vai acabar com a demência”.
Coço a cabeça: como é difícil entender que carboidratos, álcool, gorduras e um bando de outras coisas são considerados nocivos num dia e saudáveis no outro? Basta acompanhar os jornais. No meio dessa confusão, o álcool é o que mais se destaca. Estudos científicos proclamam que ele protege contra ataques cardíacos, enquanto outros sugerem que promove tendências à violência ou destrói o fígado.
Voltemos, porém, à pesquisa de Bari. Seus cientistas pesquisaram idosos italianos, 1.334 dos quais não apresentavam problemas de perda de função intelectual, seja como resultado de doenças ou de ferimentos. Mas 121 sofriam com o problema, embora levemente. A pesquisa coletou dados dos grupos relativos a um período de três anos e meio. E descobriu que no grupo dos 121 idosos, que bebiam menos de um drinque por dia (mas bebiam), a doença (demência) progredira numa taxa 8,5% menor do que aqueles que nada bebiam.
Beber mais do que aquele drinque diário não parecia melhor do que não beber nada. Mas isso as manchetes não falam. Elas proclamam coisas como “Beber melhora o cérebro”. “Um drinque por dia não deixa ninguém lelé”.
O que os cientistas de Bari disseram no documento publicado no Neurology foi que apenas um drinque por dia por dia poderia ajudar a controlar a demência. Poderia. Temos que prestar muita atenção com o que lemos, em particular sobre saúde.
Em muitos estudos desse tipo, os pesquisadores acompanham um grande grupo de pacientes sem que façam intervenções. No caso, analisaram dados médicos coletados num mesmo grupo ao longo de anos.
Por isso, pode ser difícil distinguir os efeitos do álcool de fatores derivados do estilo de vida dos pacientes.
O artigo da Neurology diz claramente: “É possível que estilos de vida moderados, que obviamente variam de acordo com diferentes ambientes culturais, protegem contra a demência. Por isso, pode ser que não seja devido ao efeito direto do álcool ou de substâncias específicas nas bebidas alcoólicas que essa proteção acontece”.
Isso é o que está escrito pelos cientistas de Bari. Mas não é o que se lê nas revistas: “um drinque por dia cura...”
O bom senso pode ajudar a explicar muita coisa. Um idoso de setenta anos que beba regularmente uma taça de vinho pode ser uma pessoa ainda está fisicamente em forma, sua dieta é saudável, come bem, sua saúde é suficientemente boa para dispensar remédios pesados o suficiente que os proíbam de beber. E ainda, por cima, têm vida social ativa. Todos esses fatores estão ligados a uma vida mental vigorosa. Até mesmo o beber moderadamente.
Os cientistas que estudam os efeitos de todos esses fatores (álcool, estilo de vida, saúde geral, remédios etc.) tentarão naturalmente separá-los. Mas não é fácil, pois há alguns problemas éticos no caminho deles, como forçar pacientes a consumir quantidades de álcool pré-determinadas e ver o que acontece. Sem esse tipo de controle sobre o assunto em estudo, os cientistas ficam limitados.
O caso, amiga, é que cientistas e editores de jornais quase nunca são as mesmas pessoas que anunciam relações inequívocas entre o álcool (ou qualquer outra substância) e boa saúde.
Os artigos na imprensa geralmente assumem que os leitores entendem que a correlação não é a causa, uma sutileza que se perde entre leigos como nós. Mas é preciso sutileza para apresentar esses estudos de modo justo.
O álcool pode oferecer alguma proteção contra o declínio intelectual. Já vimos aqui que o consumo moderado de álcool vem sendo relacionado com um declínio de doenças cardiovasculares, e uma boa saúde cardiovascular pode reduzir a progressão da demência. Pode reduzir, mas não curar.
O trabalho dos cientistas de Bari nota que algumas experiências mostram que o etanol encoraja a liberação de um elemento químico do cérebro que pode ser responsável por uma melhoria da memória. E que o álcool está associado a altos níveis de colesterol HDL (o bom), por sua vez relacionado com uma boa saúde das coronárias. E mais ainda que os antioxidantes no vinho, a principal bebida dos idosos italianos, pode também melhorar o desempenho cerebral.
Mas o que o estudo realmente fez foi identificar uma relação ente o consumo de álcool e a taxa de progressão de um leve problema cognitivo até a demência, segundo seus autores (um os autores é o Dr. Vincenzo Solfrizzi). É um estudo consistente com outros trabalhos indicando que um consumo moderado de álcool pode estar relacionado com um risco menor de demência, dependendo dos estilos de vida das pessoas.
Tudo isso é meio complicado para uma manchete. Por isso, amiga, com notícias sobre saúde é sempre bom ir à fonte. Caso contrário, quem fica lelé é você.
Da Adega
Um leitor admirador do Bolsa, enfrenta “um grande dilema”. Sua namorada não consegue gostar de vinho algum. Ela reclama que todos são secos, fortes, muito alcoólicos. Prefere vinhos doces, suaves. “Quais vinhos você me indicaria para começar a introduzi-la no mundo dos vinhos?” O prezado leitor recomenda que não me prenda a valores. Quer indicação de vinhos para tomar na serra, no mar, que “causassem a impressão de quero mais...”
Que bom, amigo, que sua namorada já tenha revelado a sua preferência: vinhos doces e com pouco álcool. Ou você pensa que os vinhos, para serem bons, têm de ser secos e fortes? O bonito nesse mundico é a possibilidade de variar. Já pensou beber coca-cola a vida inteira? É isso o que contribui para a demência.
Assim, eu recomendaria que você encontrasse urgente um Moscato d’Asti, um vinho do Piemonte, Itália, feito com a uva Moscato Bianco. Seu nível de álcool costuma ser apenas de 5,5%; é frutado e doce na medida certa. Ele é um frizzante (ou ligeiramente espumante), delicado, leve no paladar, um vinho perfeito até para o café da manhã. Os italianos até o bebem colocando gelo na taça. O Moscato é muito simples, com aquele jeito de quero mais, de beber na beira da piscina ou num piquenique.
Agora, você poderá escolher também outros vinhos doces naturais, verdadeiras maravilhas, mais caras, em sua maioria, do que o Moscato. Pesquise vinhos com os seguintes rótulos: Late Harvest, Barsac, Sauternes, Auslese, Banyuls, Beerenauslese, Bonnezeaux, Cadillac, Eiswein, Jurançon, Monbazillac, os vários Moscatel, Recioto, Vendame Tardive, Vin de Paille, Vin Santo, Vouvray. Pode tentar também os Portos, Madeira e Xerez. Só que o nível alcoólico, mais alto, vai atrapalhar. Ainda faço fé no Moscato d’Asti. Boa sorte.

19.6.07

É isso aí, bicho!

Vou logo dizendo que não se trata do concurso de cachorros da Ana Maria Braga. É que volta e meia tropeço em sites ligando o mapa astral das pessoas às suas possíveis preferências por vinho. Até já andei publicando algumas colunas a respeito. Só que ainda não tinha encontrado nada sobre o horóscopo chinês e os vinhos.
Mas acabo de encontrar. Qual seria a conexão entre os vinhos e a astrologia chinesa, que além de tudo é um tantinho mais complicada do que a praticada desse lado do planeta?
Mas se você acredita que seus traços de temperamento e de caráter podem ser profetizados pelo ano em que nasceu no zodíaco chinês e se você também acredita que vinhos diferentes têm também temperamentos diferentes, então vale a pena dar uma olhada no que recolhemos de alguns sites.
Antes, porém, dê uma olhada nesse site para saber um pouco mais sobre o horóscopo chinês. Seus signos compreende 12 animais: Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Carneiro, Macaco, Galo, Cão e Porco, todos considerados um reflexo do universo. Eles aparecem cinco vezes durante um ciclo de 60 anos, cada vez de forma um pouco diferente.

Porco. É, sobretudo, uma pessoa sociável. leal, indulgente, imparcial, inteligente, sincera e bem informada. Um vinho significativo seria o branco da uva Gewürtztraminer. “Gerwürtz” quer dizer condimentado, temperado. São vinhos picantes e muito aromáticos, com sabores que lembram a lechia e rosas (ou flores em geral), além de especiarias como os cravos. Já “Traminer” vem de uma suposta origem da uva, o vilarejo de Tramim (ou Temeno), na região do Alto Adige, norte da Itália. É uva que dá excelentes vinhos nessa região e também na Alsácia, Áustria, Hungria, Nova Zelândia e até nas partes frias da Califórnia. Mas as pessoas desse signo gostam também de vinhos complexos, embora fáceis, como um Chateauneuf du Pape, do Ródano, França. Ou um Terranova Shiraz (medalha de ouro no 3º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil).

Rato. Você é charmosa, sedutora, ativa, meticulosa, sociável, alegre, persistente. Seu vinho original seria o Furmint (seco), feito com a uva do mesmo nome, responsável por um dos vinhos doces naturais mais famosos do mundo, o Tokaji. Gosta também de vinhos cativantes, como os Rieslings alemães, que vão do seco (trocken) ao super doce e complexo (trockenbeerenauslese). Ou o Aurora Varietal Colheita Tardia 2002 (também medalha de ouro no concurso internacional La Mujer Elige).

Boi. Sua marca é a tenacidade, paciente, resistente às situações adversas. É resoluta, decidida, irrepreensível. Para você, vinhos intensos, como os vinhos doces do Canadá (icewine) ou os com a Riesling. No dia-a-dia, vinhos inocentes: rosados como os da Família Piagentini, Coleção Varietais. Ou os do sul da França, além das versões italianas (da região de Cerasuolo di Vittoria), espanholas e australianas.

Tigre. Claro, com esse nome, você é corajosa, audaciosa. Mas também generosa, ardente, ativa, sensível, nobre. Para equilibrar as coisas, vinhos benevolentes, o brasileiro Dal Pizzol Tannat ou o Boscato Gran Reserva Cabernet Sauvignon (ambos com medalhas de ouro). Tente também vinhos de grande sensibilidade, como o Grüner Veltliner, o mais famoso vinho branco da Áustria. Não os vemos quase por aqui, pois os austríacos bebem quase toda a sua produção.

Coelho. Virtuosa, generosa, sensata, bondosa, sensível e cheia de imaginação e educadíssima, uma mulher que valoriza a tranqüilidade. Para você, vinhos apaixonantes, como os doces de Bordeaux: os Sauternes e os Barsacs. Ou, para contrabalançar, outro nacional, o tinto e encorpado Cave Ouvidor Cabernet-Merlot 2004.

Dragão. Uma moça de muito caráter e energia, um tanto excêntrica e extravagante, cheia de admiradores. Um vinho suave, aromático, como um Pinot Noir, flexível o bastante para ora combinar com carnes vermelhas, ora com as brancas. Vinhos para o cotidiano com a uva Tempranillo, com o Miolo Fortaleza do Seival Tempranillo (outro com ouro) ou os espanhóis tradicionalmente feitos essa uva: os Rioja, os Ribera del Duero.

Cachorro. É generosa, popular, confiável, idealista, cuidadosa, gentil, sempre querendo ajudar, faz amigos vagarosa e cuidadosamente. Você fica com os clássicos, feitos pela Cabernet Sauvignon, como o nacional Cave Antiga Gran Reserva Cabernet Sauvignon (mais um ouro). Para impressionar, um vinho do Porto, de preferência um LBV (Late Bottled Vintage), uma especialidade realmente.

Macaco. Muito inteligente, cheia de humor, astuta, com grande carisma, autoconfiança em excesso, resolve problemas facilmente e aproveita-se muito bem das oportunidades que aparecem. Vinhos animados: o Fortaleza do Seival Sauvignon Blanc ou os Chenin Blanc da África do Sul, localmente chamados de Steen. No dia-a-dia, vinhos de qualidade a baixo preço: um Miolo Reserva Merlot, por exemplo.

Cavalo. Trabalhadora, independente, talentosa, jovial, aventureira. Vinhos que resultem em vantagem (i.e.: bons e baratos), como os Malbec argentinos, os Tannat uruguaios, os Shiraz como o nacional Terranova Shiraz. Para equilibrar, um Chablis, o grande branco da Borgonha feito com a Chardonnay. Os melhores são bem caros. Uma ótima saída é experimentar o Miolo Reserva Chardonnay (também ouro).

Serpente. Você é uma pensadora profunda, com ambições intelectuais e filosóficas, com reputação de sabedoria, daí ter talvez pequenos problemas de comunicação, pois é mais fechada. Gosta de vinhos opulentos, como os Chardonnay encorpados e frutados da Austrália e da Califórnia. Para o trivial, vai mesmo de Beaujolais, desde que servido um pouco mais frio. Se não forem os franceses, opta pelos Gamay da Dal Pizzol ou da Miolo, sempre muito bons.

Galo. Você pode ser uma faladora, extrovertida, ou apenas uma observadora, ora indecisa, ora confiante, agressiva por fora, mas insegura por dentro. Gosta mesmo é de vinhos seguramente agradáveis, os espumantes de preferência. Mas escolha as nacionais, sempre premiadas. Exemplos: Peterlongo Espumante Moscatel, o Miolo Millesime Espumante Brut 2004 (ouro), o Casa Valduga Espumante Moscatel 2006 (prata), Cavalleri Espumante Brut 2004 (também prata). A relação não acaba. Borbulhantes como esses servem para qualquer hora e ocasião. Um vinho antes da champagne? Escolha o nacional Boscato Gran Reserva Cabernet Sauvignon.

Carneiro. É extremamente criativa, muito feminina, elegante, doce, amorosa, com sensibilidade artística. Daí que seus vinhos têm algo de estético. Por exemplo: os Merlot, que podem ser suculentos e perfumados ou apenas rápidos, mas deliciosos. Tente o nosso Fabian Reserva Merlot (prata). A contrapartida são vinhos refrescantes, em particular os Sauvignon Blanc, aromáticos. Ou, novamente, os espumantes nacionais, como o Cave Antiga Espumante Moscatel.

Vou continuar buscando paridades astrais. Da próxima vez, quem sabe, encontro algo envolvendo os periquitos de realejo ou os biscoitos da sorte.
Consulte o site que indicamos, amiga, para saber exatamente qual o seu signo. E clique aqui para a Soninha no soniamelier@terra.com.br e diga qual o seu bicho, que indicaremos quais vinhos escolher.
Da Adega
Campeão Mundial
. Pois nossos vizinhos uruguaios saem mais uma vez na frente. Seu vinho, Dinastia 2004, foi eleito o melhor tinto no concurso mais antigo do mundo, o Vino Ljubljana
2007, realizado em maio na Eslovênia. Concorreu entre 543 vinhos de 24 países produtores. O Dinastia 2004 é da vinícola H. Stagnari, que ainda recebeu mais três medalhas. Duas para o Tannat Viejo 2004 e La Puebla 2004 e uma, de prata, para o Tannat Viejo 2003.
Falei campeão? Na verdade, é bicampeão mundial: é a segunda vez que a Stagnari recebe ouro nesse concurso.
Os vinhos dessa vinícola chegam ao Brasil pela Cantu Importadora (ligue para Telefone 0300.210.1010 ou clique em www.cantu.com.br). Mais informações com minhas amigas Alessandra Casolato (alecasolato@ch2a.com.br) ou Denise de Almeida (ch2a@ch2a.com.br).

É isso aí, bicho!

Vou logo dizendo que não se trata do concurso de cachorros da Ana Maria Braga. É que volta e meia tropeço em sites ligando o mapa astral das pessoas às suas possíveis preferências por vinho. Até já andei publicando algumas colunas a respeito. Só que ainda não tinha encontrado nada sobre o horóscopo chinês e os vinhos.
Mas acabo de encontrar. Qual seria a conexão entre os vinhos e a astrologia chinesa, que além de tudo é um tantinho mais complicada do que a praticada desse lado do planeta?
Mas se você acredita que seus traços de temperamento e de caráter podem ser profetizados pelo ano em que nasceu no zodíaco chinês e se você também acredita que vinhos diferentes têm também temperamentos diferentes, então vale a pena dar uma olhada no que recolhemos de alguns sites.
Antes, porém, dê uma olhada nesse site para saber um pouco mais sobre o horóscopo chinês. Seus signos compreende 12 animais: Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Carneiro, Macaco, Galo, Cão e Porco, todos considerados um reflexo do universo. Eles aparecem cinco vezes durante um ciclo de 60 anos, cada vez de forma um pouco diferente.
Porco. É, sobretudo, uma pessoa sociável. leal, indulgente, imparcial, inteligente, sincera e bem informada. Um vinho significativo seria o branco da uva Gewürtztraminer. “Gerwürtz” quer dizer condimentado, temperado. São vinhos picantes e muito aromáticos, com sabores que lembram a lechia e rosas (ou flores em geral), além de especiarias como os cravos.
Já “Traminer” vem de uma suposta origem da uva, o vilarejo de Tramim (ou Temeno), na região do Alto Adige, norte da Itália. É uva que dá excelentes vinhos nessa região e também na Alsácia, Áustria, Hungria, Nova Zelândia e até nas partes frias da Califórnia. Mas as pessoas desse signo gostam também de vinhos complexos, embora fáceis, como um Chateauneuf du Pape, do Ródano, França. Ou um Terranova Shiraz (medalha de ouro no 3º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil).
Rato. Você é charmosa, sedutora, ativa, meticulosa, sociável, alegre, persistente. Seu vinho original seria o Furmint (seco), feito com a uva do mesmo nome, responsável por um dos vinhos doces naturais mais famosos do mundo, o Tokaji. Gosta também de vinhos cativantes, como os Rieslings alemães, que vão do seco (trocken) ao super doce e complexo (trockenbeerenauslese). Ou o Aurora Varietal Colheita Tardia 2002 (também medalha de ouro no concurso internacional La Mujer Elige).
Boi. Sua marca é a tenacidade, paciente, resistente às situações adversas. É resoluta, decidida, irrepreensível. Para você, vinhos intensos, como os vinhos doces do Canadá (icewine) ou os com a Riesling. No dia-a-dia, vinhos inocentes: rosados como os da Família Piagentini, Coleção Varietais. Ou os do sul da França, além das versões italianas (da região de Cerasuolo di Vittoria), espanholas e australianas.
Tigre. Claro, com esse nome, você é corajosa, audaciosa. Mas também generosa, ardente, ativa, sensível, nobre. Para equilibrar as coisas, vinhos benevolentes, o brasileiro Dal Pizzol Tannat ou o Boscato Gran Reserva Cabernet Sauvignon (ambos com medalhas de ouro). Tente também vinhos de grande sensibilidade, como o Grüner Veltliner, o mais famoso vinho branco da Áustria. Não os vemos quase por aqui, pois os austríacos bebem quase toda a sua produção.
Coelho. Virtuosa, generosa, sensata, bondosa, sensível e cheia de imaginação e educadíssima, uma mulher que valoriza a tranqüilidade. Para você, vinhos apaixonantes, como os doces de Bordeaux: os Sauternes e os Barsacs. Ou, para contrabalançar, outro nacional, o tinto e encorpado Cave Ouvidor Cabernet-Merlot 2004.
Dragão. Uma moça de muito caráter e energia, um tanto excêntrica e extravagante, cheia de admiradores. Um vinho suave, aromático, como um Pinot Noir, flexível o bastante para ora combinar com carnes vermelhas, ora com as brancas. Vinhos para o cotidiano com a uva Tempranillo, com o Miolo Fortaleza do Seival Tempranillo (outro com ouro) ou os espanhóis tradicionalmente feitos essa uva: os Rioja, os Ribera del Duero.
Cachorro. É generosa, popular, confiável, idealista, cuidadosa, gentil, sempre querendo ajudar, faz amigos vagarosa e cuidadosamente. Você fica com os clássicos, feitos pela Cabernet Sauvignon, como o nacional Cave Antiga Gran Reserva Cabernet Sauvignon (mais um ouro). Para impressionar, um vinho do Porto, de preferência um LBV (Late Bottled Vintage), uma especialidade realmente.
Macaco. Muito inteligente, cheia de humor, astuta, com grande carisma, autoconfiança em excesso, resolve problemas facilmente e aproveita-se muito bem das oportunidades que aparecem. Vinhos animados: o Fortaleza do Seival Sauvignon Blanc ou os Chenin Blanc da África do Sul, localmente chamados de Steen. No dia-a-dia, vinhos de qualidade a baixo preço: um Miolo Reserva Merlot, por exemplo.
Cavalo. Trabalhadora, independente, talentosa, jovial, aventureira. Vinhos que resultem em vantagem (i.e.: bons e baratos), como os Malbec argentinos, os Tannat uruguaios, os Shiraz como o nacional Terranova Shiraz.
Para equilibrar, um Chablis, o grande branco da Borgonha feito com a Chardonnay. Os melhores são bem caros. Uma ótima saída é experimentar o Miolo Reserva Chardonnay (também ouro).
Serpente. Você é uma pensadora profunda, com ambições intelectuais e filosóficas, com reputação de sabedoria, daí ter talvez pequenos problemas de comunicação, pois é mais fechada. Gosta de vinhos opulentos, como os Chardonnay encorpados e frutados da Austrália e da Califórnia. Para o trivial, vai mesmo de Beaujolais, desde que servido um pouco mais frio. Se não forem os franceses, opta pelos Gamay da Dal Pizzol ou da Miolo, sempre muito bons.
Galo. Você pode ser uma faladora, extrovertida, ou apenas uma observadora, ora indecisa, ora confiante, agressiva por fora, mas insegura por dentro. Gosta mesmo é de vinhos seguramente agradáveis, os espumantes de preferência. Mas escolha as nacionais, sempre premiadas. Exemplos: Peterlongo Espumante Moscatel, o Miolo Millesime Espumante Brut 2004 (ouro), o Casa Valduga Espumante Moscatel 2006 (prata), Cavalleri Espumante Brut 2004 (também prata). A relação não acaba. Borbulhantes como esses servem para qualquer hora e ocasião. Um vinho antes da champagne? Escolha o nacional Boscato Gran Reserva Cabernet Sauvignon.
Carneiro. É extremamente criativa, muito feminina, elegante, doce, amorosa, com sensibilidade artística. Daí que seus vinhos têm algo de estético. Por exemplo: os Merlot, que podem ser suculentos e perfumados ou apenas rápidos, mas deliciosos. Tente o nosso Fabian Reserva Merlot (prata). A contrapartida são vinhos refrescantes, em particular os Sauvignon Blanc, aromáticos. Ou, novamente, os espumantes nacionais, como o Cave Antiga Espumante Moscatel.
Vou continuar buscando paridades astrais. Da próxima vez, quem sabe, encontro algo envolvendo os periquitos de realejo ou os biscoitos da sorte.
Consulte o site que indicamos, amiga, para saber exatamente qual o seu signo. E clique aqui para o Bolsa ou para a Soninha no soniamelier@terra.com.br e diga qual o seu bicho, que indicaremos quais vinhos escolher.
Da Adega
Campeão Mundial
. Pois nossos vizinhos uruguaios saem mais uma vez na frente. Seu vinho, Dinastia 2004, foi eleito o melhor tinto no concurso mais antigo do mundo, o Vino Ljubljana 2007, realizado em maio na Eslovênia. Concorreu entre 543 vinhos de 24 países produtores. O Dinastia 2004 é da vinícola H. Stagnari, que ainda recebeu mais três medalhas. Duas para o Tannat Viejo 2004 e La Puebla 2004 e uma, de prata, para o Tannat Viejo 2003.
Falei campeão? Na verdade, é bicampeão mundial: é a segunda vez que a Stagnari recebe ouro nesse concurso.
Os vinhos dessa vinícola chegam ao Brasil pela Cantu Importadora (ligue para Telefone 0300.210.1010 ou clique em
www.cantu.com.br). Mais informações com minhas amigas Alessandra Casolato (alecasolato@ch2a.com.br) ou Denise de Almeida (ch2a@ch2a.com.br).

18.6.07

Não leia essa coluna

O que mais o influencia a comprar um vinho? Opiniões de críticos, de amigos, dicas de vendedores nas lojas e em supermercados, uma tira promocional numa prateleira, destacando um vinho mais do que outro? Um cartaz dizendo que aquele vinho ganhou 92 pontos de Robert Parker ou da revista Wine Spectator? Ou você acredita mais nos seus critérios do que nos da crítica especializada ou amigos?
Uma pesquisa bem recente sobre o assunto foi realizada pela norte-americana Wine Opinions, uma firma de pesquisa especializada apenas em vinhos, a partir da Internet. Ela fornece a profissionais do vinho pesquisas sobre os consumidores, suas tendências, preferências etc.
Apesar de estar voltada para o mercado dos EUA, o referido levantamento (“Trajetória do vinho na mídia e a influência dos críticos”) pode nos ajudar a pensar como seriam as respostas aqui. Acho que não seriam muito diferentes. Mas, vamos aos principais resultados:

1) As opiniões mais influentes junto aos consumidores que compram vinhos no varejo até um máximo de R$ 40,00 são as de “amigos com conhecimento de vinho” (70%).
2) A revista Wine Spectator (54%) tem mais influência do que o super crítico, Robert Parker (41%). Isto entre consumidores de vinhos finos (acima daqueles R$ 40,00).
3) 24% dos pesquisados são leitores de blogs de vinho. É uma quantidade surpreendente, o dobro dos que lêem a Wine Spectator e o site do Robert Parker.
4) 87% dos respondentes concordam com a afirmação: “Eu confio mais no meu gosto do que no da crítica”. Mas 49% concordam que: “Tento sempre evitar vinhos com notas baixas”.
5) É interessante o fato de que muitos (42%) não concordam que: “Há uma grande diferença de qualidade entre um vinho de 92 pontos e outro de apenas 88”. Nota-se, porém, que 39% ficaram indecisos quanto a essa declaração.

Conclusões: em termos de comunicação, se poderia tentar utilizar uma “rede social” (a tal da “social networking”) na Internet para influenciar grupos de pessoas ligadas pelo vinho.
Os blogs sobre vinhos já ganharam crédito significativo, crescente. Não é à-toa que os colunistas da Wine Spectator têm agora seus blogs. Curioso é que os blogs são feitos por críticos e também dão notas. É a informalidade do blog que convence?
O papel do varejista está bem valorizado. Porém, os consumidores confiam mais nas suas próprias opiniões e param para pensar se usam ou não os critérios de pontos antes de tomar uma decisão de compra.
Os críticos não ficaram muito bem na fita. Eu deveria ter publicado outra coisa.

14.6.07

Gostei

Já pensou em acessar perto de um milhão e meio de vinhos, com resenhas, notas, comentários de várias fontes? Pois agora temos o Snooth. É um buscador e também um sistema de recomendações de vinhos, que podemos receber inclusive em nosso computador (basta que nos registremos no site e ofereçamos um mínimo de cinco recomendações pessoais).
O site foi lançado recentemente, ainda está sendo testado (versão beta), mas promete bastante. É bom que tenhamos na web um lugar onde buscar opiniões sobre produtos (no caso, vinhos) originárias de várias fontes.
A americana Wine Spectator oferece notas para 176 mil vinhos, que você pode procurar por nome, vinícola, região, varietal, safra, preço ou nota. A inglesa Decanter tem um arquivo com avaliações de 20.000 vinhos, dos quais seleciona e recomenda quatro mil anualmente.
Nas duas, as recomendações são feitas pelos colunistas da casa. A Snooth declara ter catalogado mais de 300 mil vinhos e analisado mais de um milhão de resenhas e notas. São análises de produtores, vinicultores, varejistas, importadores – e dos próprios leitores (ou “amigos”, como são chamados), além de dos seus próprios críticos. Você pode procurar por varietal, região, estilo, preço, tipo de remessa, mas também por “verão”, “churrasco”, “pouco álcool”, “carvalho”, “encorpado” etc. Vai encontrar os vinhos indicados para aquela estação ou especialidade culinária, ou estilo. A empresa está baseada em Nova York e não vende vinhos diretamente, mas associou-se a companhias (Astor Wines & Spirit) e wine.com para oferecer dicas de compras no varejo.
Snooth importa avaliações de outros sites e blogs e também as analisa até chegar ao seu próprio resultado, o “Snooth Rank”, um número simbolizado por uma taça de vinho. A nota máxima soma cinco taças (“Amei”). Seguem-se: 4 taças (“Gostei”), 3 taças (“Neutro”), 2 taças (“Não gostei”) e 1 taça (“Odiei”).
Esse foi o site onde encontrei, até hoje, o maior número de avaliações de vinhos brasileiros: 67, o que é estupendo. Exemplos: Rio Sol Paralelo 8 2004, com 3,5 taças; Casa Valduga Cabernet Sauvignon Seculum (2000), 3,5; Salton Cabernet-Merlot Talento 2003, 3,5; Amadeu Espumante Brut 2002, 3,5; Casa Valduga Espumante Brut (2002), 3,5; Miolo Reserva Cabernet Sauvignon 2004, 3,5; Persona Luiz 2002, da Casa Valduga, também com 3,5.
E também até algumas de nossas branquinhas. A Leão de Ouro (da Piagentini), com 3,5; a Sagatiba Velha Cachaça Preciosa, 3,5, e a Optimum Cachaça, 3,5.
Como sempre, faço restrições aos sistemas de pontuações, seja o dos 100 pontos, dos 20, das estrelas e esse das cinco taças. A maioria dos vinhos brasileiros citados merecia pelo menos 4 taças, um real e honesto “Gostei”.

12.6.07

O que fazer com as taças

Recebo muitas perguntas sobre taças de vinho. Agora, então, com o Dia dos Namorados quase todas foram sobre que tipo de taças presentear o bem-amado da ocasião. Acontece que a coluna está saindo depois do dia 12. Mas não perco a chance de falar novamente sobre as taças. Temos novidades.
A primeira delas é sobre o eterno problema de quebrar taças. Em primeiro lugar, é inevitável. É de vidro? Então, quebra. Só que as taças, as boas taças não são nada baratas.
Uma solução é importar taças inquebráveis. Isso é o que garante a Schott Zwiesel, fabricante da coleção Tritan Forte. Eles garantem que são inquebráveis, ou pelo menos mais fortes e mais duráveis do que qualquer outra. São também leves e delicadas, um pouco menores do que as Riedel. Um crítico americano que reputo da maior qualidade, o Dr. Vino, as testou (deixando-as cair de uma altura de uns 15 centímetros sobre um piso de cimento) e elas sequer racharam.
A explicação é a de que incorporam titânio e zircônio ao cristal, dando uma dureza à superfície maior do que a do aço, segundo o fabricante. Tudo isso sem perder o brilho.
E olha que já podemos comprar dessas maravilhas aqui mesmo. As encontrei no site de compras do Pepper. Uma flute de champanhe custa R$ 35,00. A Schott Zwiesel é um fabricante alemão com mais de 100 anos de história. Taí uma boa solução para as taças do dia-a-dia.
Uma segunda solução é não chorar pelo leite derramado e tentar reciclar. Se uma taça (uma de vinho tinto, por exemplo) teve a sua haste quebrada e o que sobrou foi o copo propriamente dito, considere a sugestão do Lifehacker, um site de dicas e sugestões para simplificar nossas vidas. Veja aqui o que ele recomenda quando esse tipo de acidente acontece (e está sempre acontecendo): coloque o seu celular no copo; quando o despertador ligar até o vizinho vai acordar. O copo funciona como um amplificador. Muita gente (eu, inclusive) reclama que os alarmes dos celulares são muito fraquinhos, baixinhos. Taí a solução.
Podemos beber vinho em qualquer tipo de copo, até em copo de papel. Os italianos são mestres em beber em copos comuns. Assim, podem brindar à vontade que se quebrarem o prejuízo é nenhum. Só de vinho.
Acontece que nos dobramos às taças de cristal, com formatos diferenciados para cada tipo e estilo de vinho. A variedade é imensa. E os preços não ajudam. E quando quebram, o prejuízo é grande. Como se resolve isso?
Taças para o dia-a-dia. Considere a qualidade, mas compre pelo preço. E compre mais taças além daquelas que você acha que precisa. A verdade é que, não importa quanto você é cuidadosa, suas taças vão quebrar. Crianças, tapetes, maridos, namorados, amigos, cachorros nunca são confiáveis. Ah, e lavagens também (tocaremos nesse item daqui a pouco). Por isso, uma boa regrinha é comprar algumas taças extras para essas eventualidades (e com isso a sua coleção não fica deformada, com taças de diferentes tamanhos ou estilos).
Brancos contra Tintos. É mais um dos mitos do vinho isso de precisarmos de taças diferentes para diferentes tipos de vinho. Catadupas de testes compravam que as taças ISO permitem que aromas e bouquets de brancos e tintos sejam identificados tão bem quanto nas melhores taças Riedel. ISO é a International Standards Organization, organização internacional para a definição de normas. É a utilizada pelos craques do vinho, pelos renomados críticos quando degustam a bebida profissionalmente. E elas têm um e só um mesmo tamanho, não importa o tipo de vinho.
Não concordo com essa história de que vinhos tintos precisam de mais espaço para liberar seus aromas. Os brancos precisam de tanto espaço quanto eles, gente! Agora, se o debate é estético, tudo bem, não se fala mais nisso. Como regra geral, se a taça é mais alta do que larga, qualquer uma que você escolha vai servir tanto para brancos quanto para tintos.
Quanto à cor. A maioria dos amantes do vinho prefere as taças completamente lisas e transparentes de modo a apreciar as cores do vinho. Mas seu o seu guru do momento disse que elas devem ser verdes, tudo bem.
Para os espumantes. Não tem discussão, a opção é mesmo pelas “flutes”. Ora, champanhe ou espumante sem bolhas decepciona. E as flutes, aquelas taças parecidas com tulipas, mas com as bordas voltadas mais para dentro, são a segurança de que nossas bolinhas vão ficar lá por um tempo mais longo. Outro ponto é a altura delas: as bolinhas levam mais tempo viajando até a borda.
Lavando as taças. No caso de taças simples, de vidro, lave com água quente, enxágüe várias vezes até retirar todo o resíduo do vinho. Coloque-as de cabeça para baixo sobre o pano de prato. Deixe-as secar naturalmente. Se for o caso, use apenas sabão para retirar resíduos mais resistentes. Nesse caso, enxágüe ainda mais. Nenhum resíduo de sabão deve ficar na taça.
Quando a taça for de cristal, todo o cuidado é muito, muito pouco. O cristal é poroso e pode absorver sabores com facilidade, principalmente de sabão. Se isso acontecer, a sua taça ficará limpa, certamente, mas vai depois alterar o sabor do vinho.
Sempre evitei usar detergente. Prefiro usar a força da água quente e enxaguar repetidamente. Se algum resíduo ainda ficar, passo um pano macio. E, atenção, não use a lavadora para o cristal. Simplesmente, uma ou outra taça pode quebrar e com facilidade. E o uso detergente pode fazer escurecer a sua taça.
Vapor de água. O pessoal da Riedel (os fabricantes das mais famosas taças de cristal do mundo dos vinhos) recomenda que coloquemos as taças de cabeça para baixo sobre uma panela de água fervente. Um banho de vapor, portanto. Depois, seque-as com uma toalha de linho. Simples e eficiente.
Mais dicas sobre taças? Clique aqui para a Soninha no soniamlier@terra.com.br
Da Adega.
Lembram do Miles, o personagem do filme Sideways vidrado em Pinot Noir? Imagine só o que acharia ele de degustar um Pinot de outras paragens. Sim, o cenário dessa continuação do filme, o Sideways II, não seria o do belo Vale de Santa Ynez, em Santa Barbara, na Califórnia. A locação agora é num outro vale, igualmente belíssimo, na serra de Petrópolis.
Miles só quer saber de Pinot Noir: “É uma uva difícil de cultivar, casca fina, temperamental, amadurece logo. Não é uma sobrevivente como a Cabernet, que cresce em qualquer lugar, mesmo quando negligenciada. Não, a Pinot precisa de cuidados e atenções constantes. Só pode vingar em lugares específicos, em alguns cantos do mundo. Só os produtores mais pacientes e preparados podem com ela. Só alguém com tempo para entender o potencial da Pinot pode conseguir toda a sua expressão”. Reproduzo mais ou menos uma das fala do Miles para Maya (há um namorico entre os dois), que no filme é garçonete e enófila, uma discreta e sensata sommelier.
Corta para o Savigny-Les-Beaune Vieilles Vignes 2003, criado pelo jovem e dinâmico “negociant” Nicolas Potel, baseado em Nuits-Saint-Georges, Borgonha, considerado um dos melhores produtores de Grand Crus do país, fartamente elogiado pela crítica e pela imprensa especializada de todo o mundo.
Funde para o Rippon Lake Wanaka Pinot Noir 2003, um vinho dos Vinhedos Rippon, da sub-região de Wanaka, em Central Otago, Nova Zelândia, freqüentemente citado como o mais belo vinhedo daquele país. São ambos, por várias resenhas, consideradas expressões magníficas da Pinot Noir.
Corte para nova personagem, só que uma sommelier de verdade (e colunista de O Globo), Deise Novakosky, que esgotará o tema Pinot Noir, dia 16, esse sábado, a partir das 17.30 h, no
Tambo de Los Incas, no Vale do Cuiabá, Itaipava. Deise fará uma palestra sobre a casta Pinot Noir, seguida de degustação dos dois vinhaços acima, trazidos pela Premium Importadora. Essa é a parte imperdível desse filme. As reservas podem ser feitas pelos telefones: (24) 22225666/5667/5668. Ou pelo e-mail pousada@tambolosincas.com.br
O Miles, aparecendo, vai é se encantar com a surpreendente paisagem, com um hotel Premier Gran Cru e, claro, com esses novos Pinot Noir. Caso ele se engrace com a Deise, acho que vai acabar mal na fita, quase como no final do primeiro Sideways.
(Ah, e aproveite para testar as belas e funcionais taças oferecidas pelo hotel. Taí: são indicadas para namorados, desde que o tin-tin seja em meio a essa inesquecível locação. Isso é que é presente).

5.6.07

O certo é o que está perto

E se naquele restaurante cinco estrelas começarem a servir apenas água da bica (filtrada, naturalmente)? Nada de San Pellegrino, Perrier, Evian, Fiji etc. E se os vinhos forem apenas os mais próximos, só os gaúchos ou pernambucanos. E nada de importados.
É um feliz acaso que estejamos falando de uma ação envolvendo aquecimento global logo após o 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Falamos de um movimento correspondente e que começou na Califórnia, já chegou à Nova York e, no caso dos vinhos, está gerando grande ruído entre ingleses e neozelandeses.
A causa é vital: reduzir-se as emissões de gás carbônico (e o efeito estufa, o aquecimento global). Um carro 1.4, a gasolina, fazendo 250 km por semana emite anualmente 2,1 toneladas de gás carbônico. Se você utilizar apenas gás nesse mesmo carro e andar a mesma coisa semanalmente despejaria algo menos: 1,7 toneladas de CO2 por ano na atmosfera. Um caminhão a diesel, fazendo 2 000 km por semana (o que é pouco), despejaria anualmente no ar que respiramos 19,8 toneladas de gás carbônico. Agora, multiplica isso por milhares e mais milhares de automóveis e caminhões.
(Calcule no site da The CarbonNeutral Company o quanto de dióxido de carbono o seu carro despeja anualmente na atmosfera).
Grupos ambientalistas estão fazendo grande pressão para que nós e as indústrias reduzamos as emissões de CO2 ou encontremos maneiras naturais de neutralizar esse dano.
Você já sabe o que vem por aí. O planeta vai aquecer mais, a temperatura vai aumentar, tempestades vão devastar regiões, partes de cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro, vão desaparecer. Com tudo isso, teremos mais epidemias de doenças tropicais. Mais desastres.
A lógica do movimento dos restaurantes (entre outros segmentos) é controlar os passos do CO2: se consumirmos itens originários de locais mais próximos estaremos contribuindo para reduzir essas emissões.
Servir água em jarras reutilizáveis faz mais sentido para o meio ambiente do que fabricar milhares de garrafas de água (90% delas de plástico) que alguém vai usar e jogar fora (e degradar o meio ambiente). Além disso, para cada litro de água produzido, o fabricante gasta mais cinco. Estaríamos desperdiçando água, além de petróleo e gás natural e jogando mais material tóxico na atmosfera, os excedentes da fabricação. Pense: beber água mineral ajuda a aumentar o preço do combustível, utilizado no fabrico e transporte da água.
Os donos do Del Posto (segundo o New York Times, o mais elegante e caro dos restaurantes do grupo de Joseph Bastianich e Mario Batali) aderiram ao movimento e vão colocar em cada jarra da sua água da bica (devidamente filtrada e carbonatada) a razão pela qual não dispõem mais de água engarrafada. "Enchendo navios com água e fazendo-os viajar milhares de quilômetros é ridículo”, diz um dos sócios.
Mas a idéia ainda está tomando corpo, em parte porque há grande lucro em vender água engarrafada. Os restaurantes (em Nova York) compram por um ou dois dólares a garrafa e a vende por oito e até mais. É o item com a maior margem de lucro das casas.
Os restaurantes ainda têm de contornar os fregueses: 50 a 60% deles preferem água engarrafa com gás.
Isso porque a indústria de água engarrafada não dorme no ponto: vende pureza e tenta convencer o consumidor que o seu produto é mais conveniente e mais seguro do que água encanada.
Contudo, uma das principais cientistas do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, um grupo ambientalista norte-americano (tem um milhão e 200 mil filiados), Dra. Gina Solomon, afirma que não há motivos para acreditar que água engarrafada seja melhor do que água da bica. Para começar, o suprimento de águas encanadas é mais fiscalizado do que as águas engarrafadas. Os testes feitos são apresentados ao público. Já os testes envolvendo as águas engarrafadas não precisam ser apresentados ao público.
Tomara que esse movimento ganhe força por lá. Um americano gera, em média, mais de 20 toneladas de dióxido de carbono (ou gases relacionados) por ano. Um cidadão de qualquer outra parte do planeta produz cerca de 4,5 toneladas no mesmo período.
Os caminhos do vinho. O Times, de Londres, publicou agora uma tabela sugerindo aos consumidores ingleses que trocassem os vinhos da Nova Zelândia pelos da França, pois assim ajudariam a reduzir emissões de CO2.
Os neozelandeses contra-argumentam: seus vinhos respeitam o meio ambiente de modo a compensar o impacto produzido pelo transporte da bebida por navio: são 18.331 km entre Auckland, a cidade mais importante da Nova Zelândia, e Londres; e 742 km entre Bordeaux e Londres).
E já temos vinícolas com projetos para ficar de bem com o planeta. As chilenas Cono Sur e Undurraga são, ao que parece, as líderes nesse processo. Fizeram parceria com a Londrina The CarbonNeutral Company (que citamos acima) especializada em processos para reduzir, eliminar ou compensar as emissões de gás carbônico.
Seus vinhos chegarão ao mercado com o selo da CarbonNeutral, garantindo que esses vinhos compensaram de algum modo o que de nocivo emitiram na produção e no transporte da bebida.
Nenhuma vinícola pode zerar suas emissões de CO2, já que liberar dióxido de carbono é parte do processo de fermentação. Mas pode limitar outras emissões, passando a utilizar biocombustíveis, energia solar e eólica e plantando mais árvores (que absorvem dióxido de carbono, tirando-o da atmosfera, como parte do processo de fotossíntese).
Uma simples árvore de bordo (cuja seiva é rica em açúcar) pode absorver o equivalente a 200 quilos de CO2 anualmente.
O processo compreende você plantar um número suficiente de árvores de modo a compensar o CO2 que a sua vinícola (ou a sua indústria) jogou na atmosfera.
Será, leitora, que o Fasano também vai passar a servir água da bica (filtrada, naturalmente)? E o que você fará a respeito dos vinhos: passará a comprar apenas os nacionais? Vai proibir o namorado beber a deliciosa Cerpinha, que vem lá do Amazonas? Responda aqui para a Soninha no soniamelier@terra.com.br
Da Adega
MundoVinho
. Não deixe de visitar um novo e útil serviço para vinhos. É o portal
MundoVinho, em funcionamento desde o último dia 4. Ele apresenta vinhos de todos os tipos, do Novo e Velho Mundo. É produzido e administrado por jornalistas sem vínculos com produtores, importadores, comerciantes ou outros agentes desse mercado. Busca facilitar a decisão de compras, qual o vinho combina melhor com um momento ou com um prato.
É interessante que o pessoal do portal não dá nota aos vinhos que comenta. Mas fala da região, do clima, do tipo de solo, das uvas, dos produtores, faixa de preço e faz uma avaliação final. Você chega a salivar. Melhor do que dar pontos.

O certo é que está perto

E se naquele restaurante cinco estrelas começarem a servir apenas água da bica (filtrada, naturalmente)? Nada de San Pellegrino, Perrier, Evian, Fiji etc. E se os vinhos forem apenas os mais próximos, só os gaúchos ou pernambucanos. E nada de importados.
É um feliz acaso que estejamos falando de uma ação envolvendo aquecimento global logo após o 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Falamos de um movimento correspondente e que começou na Califórnia, já chegou à Nova York e, no caso dos vinhos, está gerando grande ruído entre ingleses e neozelandeses.
A causa é vital: reduzir-se as emissões de gás carbônico (e o efeito estufa, o aquecimento global). Um carro 1.4, a gasolina, fazendo 250 km por semana emite anualmente 2,1 toneladas de gás carbônico. Se você utilizar apenas gás nesse mesmo carro e andar a mesma coisa semanalmente despejaria algo menos: 1,7 toneladas de CO2 por ano na atmosfera. Um caminhão a diesel, fazendo 2 000 km por semana (o que é pouco), despejaria anualmente no ar que respiramos 19,8 toneladas de gás carbônico. Agora, multiplica isso por milhares e mais milhares de automóveis e caminhões.
(Calcule no site da The CarbonNeutral Company o quanto de dióxido de carbono o seu carro despeja anualmente na atmosfera).
Grupos ambientalistas estão fazendo grande pressão para que nós e as indústrias reduzamos as emissões de dióxido de carbono, o CO2, ou encontremos maneiras naturais de neutralizar esse dano.
Você já sabe o que vem por aí. O planeta vai aquecer mais, a temperatura vai aumentar, tempestades vão devastar regiões, partes de cidades litorâneas, como o Rio de Janeiro, vão desaparecer. Com tudo isso, teremos mais epidemias de doenças tropicais. Mais desastres.
A lógica do movimento dos restaurantes (entre outros segmentos) é controlar os passos do CO2: se consumirmos itens originários de locais mais próximos estaremos contribuindo para reduzir essas emissões.
Servir água em jarras reutilizáveis faz mais sentido para o meio ambiente do que fabricar milhares de garrafas de água (90% delas de plástico) que alguém vai usar e jogar fora (e degradar o meio ambiente). Além disso, para cada litro de água produzido, o fabricante gasta mais cinco. Estaríamos desperdiçando água, além de petróleo e gás natural e jogando mais material tóxico na atmosfera, os excedentes da fabricação. Pense: beber água mineral ajuda a aumentar o preço do combustível, utilizado no fabrico e transporte da água.
Os donos do Del Posto (segundo o New York Times, o mais elegante e caro dos restaurantes do grupo de Joseph Bastianich e do badalado Mario Batali) aderiram ao movimento e vão colocar em cada jarra da sua água da bica (devidamente filtrada e carbonatada) a razão pela qual não dispõem mais de água engarrafada. "Enchendo navios com água engarrafada e fazendo-os viajar milhares de quilômetros é ridículo”, diz um dos sócios.
Mas a idéia ainda está tomando corpo, em parte porque há grande lucro em vender água engarrafada. Os restaurantes (em Nova York) compram por um ou dois dólares a garrafa e a vende por oito e até mais. É o item com a maior margem de lucro das casas.
Os restaurantes ainda têm de contornar os fregueses: 50 a 60% deles preferem água engarrafa com gás.
Isso porque a indústria de água engarrafada não dorme no ponto: vende pureza e tenta convencer o consumidor que o seu produto é mais conveniente e mais seguro do que água encanada.
Contudo, uma das principais cientistas do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, um grupo ambientalista norte-americano (tem um milhão e 200 mil filiados), Dra. Gina Solomon, afirma que não há motivos para acreditar que água engarrafada seja melhor do que água da bica. Para começar, o suprimento de águas encanadas é mais fiscalizado do que as águas engarrafadas. Os testes feitos são apresentados ao público. Já os testes envolvendo as águas engarrafadas não precisam ser apresentados ao público.
Tomara que esse movimento ganhe força por lá. Um americano gera, em média, mais de 20 toneladas de dióxido de carbono (ou gases relacionados) por ano. Um cidadão de qualquer outra parte do planeta produz cerca de 4,5 toneladas no mesmo período.
Os caminhos do vinho. O Times, de Londres, publicou agora uma tabela sugerindo aos consumidores ingleses que trocassem os vinhos da Nova Zelândia pelos da França, pois assim ajudariam a reduzir emissões de CO2.
Os neozelandeses contra-argumentam: seus vinhos respeitam o meio ambiente de modo a compensar o impacto produzido pelo transporte da bebida por navio: são 18.331 km entre Auckland, a cidade mais importante da Nova Zelândia, e Londres; e 742 km entre Bordeaux e Londres).
E já temos vinícolas com projetos para ficar de bem com o planeta. As chilenas Cono Sur e Undurraga são, ao que parece, as líderes nesse processo. Fizeram parceria com a Londrina “The CarbonNeutral Company” (que citamos acima) especializada em processos para reduzir, eliminar ou compensar as emissões de gás carbônico.
Seus vinhos chegarão ao mercado com o selo da CarbonNeutral, garantindo que esses vinhos compensaram de algum modo o que de nocivo emitiram na produção e no transporte da bebida.
Nenhuma vinícola pode zerar suas emissões de CO2, já que liberar dióxido de carbono é parte do processo de fermentação. Mas pode limitar outras emissões, passando a utilizar biocombustíveis, energia solar e eólica e plantando mais árvores (que absorvem dióxido de carbono, tirando-o da atmosfera, como parte do processo de fotossíntese).
Uma simples árvore de bordo (cuja seiva é rica em açúcar) pode absorver o equivalente a 200 quilos de CO2 anualmente.
O processo compreende você plantar um número suficiente de árvores de modo a compensar o CO2 que a sua vinícola (ou a sua indústria) jogou na atmosfera.
Será, leitora, que o Fasano também vai passar a servir água da bica (filtrada, naturalmente)? E o que você fará a respeito dos vinhos: passará a comprar apenas os nacionais? Vai proibir o namorado beber a deliciosa Cerpinha, que vem lá do Amazonas?
Da Adega
MundoVinho. Não deixe de visitar um novo e útil serviço para vinhos. É o portal
MundoVinho, em funcionamento desde o último dia 4. Ele apresenta vinhos de todos os tipos, do Novo e Velho Mundo. É produzido e administrado por jornalistas sem vínculos com produtores, importadores, comerciantes ou outros agentes desse mercado. Busca facilitar a decisão de compras, qual o vinho combina melhor com um momento ou com um prato.
É interessante que o pessoal do portal não dá nota aos vinhos que comenta. Mas fala da região, do clima, do tipo de solo, das uvas, dos produtores, faixa de preço e faz uma avaliação final. Você chega a salivar. Melhor do que dar pontos.