8.5.07

O que se perde

SARKOZY E OS VINHOS. Li na inglesa Decanter que a categoria dos vinicultores, produtores e negociantes de vinhos franceses votou em Nicolas Sarkozy, eleito novo presidente francês. Os principais órgãos de classe, a CIVC (Champagne), BIVB (Borgonha) e a CIVB (Bordeaux) ficaram em cima do muro, sem posição oficial. Mas muitos vinicultores acham que Sarkozy vai afrouxar as restrições quanto à publicidade de vinhos. Referem-se à famosa Lei Evin, instituída em 1991 com a finalidade de lutar contra o alcoolismo e proteger os jovens. Na prática, impede a publicidade de bebidas alcoólicas no país.
Os editoriais falam que a França passará por uma reforma radical, que o novo presidente é forte e não é paternalista. Sei não, mas no geral essa classe na França, ao menos pelo que leio, sempre gostou de se encostar na “viúva”. Se o governo lhes retira a ajuda, perdem a cabeça.
L’irrigation légalisée. Não sabia? A irrigação dos vinhedos franceses era proibida. Oficialmente, as autoridades viam uma boa chuvarada como uma bênção e a irrigação como uma maneira perigosa de fazer aumentar o volume de vinho. O aquecimento global, ao que parece, fez mudar essa atitude. A irrigação será permitida entre 15 de junho e 15 de agosto. Para irrigar, cada vinhedo AC (Appellation d’Origine Contrôlée) terá de obter autorização dos fiscais do governo. O curioso é que sistemas como a eficiente irrigação por gotejo, ecologicamente correta, estão fora da lei. É de perder a paciência.
ELA NÃO GOSTOU, ELE SIM. A consagrada Jancis Robinson baixou o sarrafo no que provou do Bordeaux 2006. “Diria que, com um punhado de exceções, essa é uma safra para ser comprada apenas se houver algum espaço na adega”. “Uma boa safra só para cogumelos e trufas, mas não para vinho”. A Wine Spectator, também acha que 2006 foi uma safra irregular.
Já o “imperador do vinho”, Robert Parker, saúda a safra como “superior à de 2004”. Seus destaques são: Mouton Rothschild, La Mission Haut Brion e Bellevue Mondotte de St. Emilion. Claro que nenhum desses está na lista de JR, que salienta, entre os brancos: Haut-Brion Blanc, Laville Haut-Brion, Margaux, Yquem. Entre os tintos: Cos d’Estournel, Haut-Brion, Lafite, Latour, Léoville Barton, Léoville Las Cases, Margaux, Palmer, Angélus, Le Pin, Vieux Château Certan, Lafleur, La Fleur Pétrus. Parker, parece, impediu que os bordelenses perdessem o sono.
O VINHO DE ANTONIETA. Enquanto isso, a realeza francesa revive dias de glórias. Um dos mais famosos pontos históricos do país, o Palácio de Versalhes, antiga residência de Maria Antonieta e do seu marido Luiz XVI, está produzindo vinho. Videiras foram plantadas ao redor do Trianon, a residência particular da rainha. Essas vinhas já deram frutos (Merlot e Cabernet Sauvignon) e o primeiro vinho (prensado, fermentado e amadurecido na Provence) é um Colheita Tardia rosado, o “Le Vin de Marie-Antoniette”. Preço: cada garrafa custará 11 mil reais. Por essas e outras é que Maria e Luiz perderam a cabeça.

Nenhum comentário: