O crítico de vinhos do New York Times, Eric Asimov comenta sobre a pizza que comeu num restaurante da cidade, Una Pizza Napoletana, que só serve quatro tipos de pizza e vinhos, mas, como napolitano, do sul da Itália. Ele experimentou um Aglianico del Taburno (a aglianico é uva comum nessa região). Foi servido num copo de refrigerante, cheio quase que até a boca. E achou a experiência das mais perfeitas em termos de combinação vinho-comida.
O esnobe torceria o nariz para tomar vinho num copo que não fosse uma taça de cristal Riedel (pelo menos). Para muita gente, o mundo dos vinhos é mais feito mais de negativos do que de positivos. Não pode isso, não pode aquilo, a etiqueta torce o nariz para um monte de coisas, é um tal de Tsk, Tsk, Tsk. A vontade que dá é de chutar o balde. Vamos lá?
Use o copo correto. Faça como o Eric Asimov e o Anthony Mangieri (o dono do Napoletana) aí em cima. Serve qualquer copo, serve até beber direto da garrafa (numa emergência, quem sabe). A própria Riedel não respeitou tradições e lançou com sucesso a taça sem haste (chamada O glass), muito prática. Então, não tem taça, vá de copo de geléia mesmo (O glass é na verdade um copo, mas de cristal). O que interessa mesmo é o que está no copo.
Nada de pedra de gelo. Claro: não se deve diluir o vinho. Isso se ele já estiver na temperatura correta ou se dispormos de uns vinte minutos para ele gele no balde ou na geladeira. Mas se ele vier para mesa morno e quisermos algo refrescante naquele momento? A solução é colocar uma pedra de gelo na taça, girá-la algumas vezes, retirar o que sobrou da pedra e pronto. Se os vinicultores adicionam água no vinho, você também pode, não é? Harvey Steiman, editor da Wine Spectator, e Jennifer Rosen, a crítica mais iconoclasta que conheço, também. Eles é que me deram as dicas para esses chutes no balde. Não perdem tempo e pedem logo um copo com gelo na mesa. Tomar vinho morno nem pensar!
Gelados só os brancos. A propósito de temperaturas: os tintos devem ser servidos à temperatura ambiente, não é? Claro, todas moramos num gelado castelo dinamarquês com umidade escorrendo pelas paredes. O caso é que o calor vai destacar o álcool. Os tintos encorpados, com bons taninos, são bebíveis lá pelos seus 18º C. Os tintos mais leves e os rosados devem ser servidos ainda mais frios, a partir dos 16º C em diante (os rosés devem ter a mesma temperatura dos brancos). Afinal, como pode uma bebida morna ser refrescante com uma comida quente? Nos restaurantes, os vinhos ficam guardados, na maioria das vezes, em prateleiras lá no alto, perto do teto ou da cozinha: nos locais mais quentes. Assim, não dispense o uso de um balde com gelo.
Não dilua o vinho. Veja só: combinamos bourbon e uísque com água, não é? Uma gotinha d’água abre os sabores desses destilados. O mesmo acontece num tinto encorpado. Experimente.
Microondas? Pois é. Um vinho gelado demais, com taninos muito evidentes ou escondendo sabores de frutas ficam logo redondos depois de seis ou sete segundos num microondas. (Não esqueça de retirar a cápsula protetora da rolha; ou mesmo substituir tampas metálicas por rolha: no microondas nada de metal).
Nunca congele o vinho. Pois, sim. Cubos de gelo feitos a partir sobras de vinhos são ótimos para usar em saladas. O mesmo com espumante congelado. A bebida vai ficar como neve derretida dentro da garrafa, na verdade, uma saborosa raspa de gelo, ótima para ser usada em pratos frios, um toque muito especial e elegante.
Quanto mais velho, melhor. Quer dizer: você compra o vinho e o deixa na sua adega (ou debaixo da escada) por cinco, dois anos? Ou por cinco minutos? Pois saiba que 95% de todos os vinhos produzidos no mundo são feitos para serem bebidos assim que chegam em casa. Não perca tempo, amiga.
Gire a taça gentilmente. Mas se, de repente, você erra a mão, e vai vinho para tudo quanto é lado. Eu não penso duas vezes: tampo a boca da taça com a palma da mão e giro, giro bem. E aí é que vou sentir os aromas. Se ainda não se liberaram, repito a operação. Não tem vinho que não “fale” com você depois desse “susto”.
Nunca misture vinhos. Em Bordeaux, França, os vinhos por lei são misturados: Cabernet Sauvignon com Merlot, com Cabernet Franc, com Petit Verdot, com Malbec, com Carmenère. Os blends mais comuns hoje são os da Cabernet com Merlot e com a Cabernet Franc. Ora, se temos na mesa, um tinto áspero e outro mais suave, vale misturá-los para ver como é que fica. Brinque de cientista. Descubra sabores novos e entenda melhor o trabalho dos vinicultores.
Não bagunce o vinho. Aprendi sobre acidez lendo livros da famosa Jancis Robinson. Numa limonada sem açúcar, você vai ajustando a acidez colocando açúcar. Faça o mesmo com seu vinho. Se achar que um branco poderia ficar melhor mais ácido, coloque umas gotinhas de limão. Se estiver pra lá de ácido, coloque um tantinho de açúcar. Nada de desistir da taça à sua frente.
Vinho barato é vinho ordinário. Os esnobes garantem isso: vinho bom é caro. Verdade? Alguns vinhos são caros ora porque são escassos, ora porque o famoso crítico deu-lhe mais de 90 pontos, ora porque ficaram na moda. Às vezes, a razão está na longínqua região onde foram produzidos ou do alto custo da mão-de-obra. Mas hoje em dia, no mesmo instante em que um produtor fica na moda e encarece seu vinho, aparece outro com um vinho fabuloso bem baratinho. O segredo é procurar, buscar dicas com pessoal informado, inclusive na sua loja de confiança.
Fuja da caixa. Besteira: os vinhos em caixa devem ser apreciados. As caixas (ou “bag-in-box”, com um saco plástico lá dentro à prova de oxigênio) são hoje uma das mais confiáveis maneiras de conservar vinhos. E os produtores estão cada vez mais utilizando vinhos de boa qualidade. As versões nacionais são ótimas: o Marco Luigi Bag-in-box Tributo Cabernet Sauvignon vem numa caixa de 5 litros. A Valduga também (linha Alto Vale, para tintos e brancos). Idem, a Amadeu, a Aurora, a Dal Pizzol, a Garibaldi, entre outras. Você não sabe como é prático, econômico, seguro. E igualmente delicioso. Conserva o vinho durante meses e inalterado da primeira à última gota.
Também quer chutar o balde? Clique aqui para a Soninha.
O esnobe torceria o nariz para tomar vinho num copo que não fosse uma taça de cristal Riedel (pelo menos). Para muita gente, o mundo dos vinhos é mais feito mais de negativos do que de positivos. Não pode isso, não pode aquilo, a etiqueta torce o nariz para um monte de coisas, é um tal de Tsk, Tsk, Tsk. A vontade que dá é de chutar o balde. Vamos lá?
Use o copo correto. Faça como o Eric Asimov e o Anthony Mangieri (o dono do Napoletana) aí em cima. Serve qualquer copo, serve até beber direto da garrafa (numa emergência, quem sabe). A própria Riedel não respeitou tradições e lançou com sucesso a taça sem haste (chamada O glass), muito prática. Então, não tem taça, vá de copo de geléia mesmo (O glass é na verdade um copo, mas de cristal). O que interessa mesmo é o que está no copo.
Nada de pedra de gelo. Claro: não se deve diluir o vinho. Isso se ele já estiver na temperatura correta ou se dispormos de uns vinte minutos para ele gele no balde ou na geladeira. Mas se ele vier para mesa morno e quisermos algo refrescante naquele momento? A solução é colocar uma pedra de gelo na taça, girá-la algumas vezes, retirar o que sobrou da pedra e pronto. Se os vinicultores adicionam água no vinho, você também pode, não é? Harvey Steiman, editor da Wine Spectator, e Jennifer Rosen, a crítica mais iconoclasta que conheço, também. Eles é que me deram as dicas para esses chutes no balde. Não perdem tempo e pedem logo um copo com gelo na mesa. Tomar vinho morno nem pensar!
Gelados só os brancos. A propósito de temperaturas: os tintos devem ser servidos à temperatura ambiente, não é? Claro, todas moramos num gelado castelo dinamarquês com umidade escorrendo pelas paredes. O caso é que o calor vai destacar o álcool. Os tintos encorpados, com bons taninos, são bebíveis lá pelos seus 18º C. Os tintos mais leves e os rosados devem ser servidos ainda mais frios, a partir dos 16º C em diante (os rosés devem ter a mesma temperatura dos brancos). Afinal, como pode uma bebida morna ser refrescante com uma comida quente? Nos restaurantes, os vinhos ficam guardados, na maioria das vezes, em prateleiras lá no alto, perto do teto ou da cozinha: nos locais mais quentes. Assim, não dispense o uso de um balde com gelo.
Não dilua o vinho. Veja só: combinamos bourbon e uísque com água, não é? Uma gotinha d’água abre os sabores desses destilados. O mesmo acontece num tinto encorpado. Experimente.
Microondas? Pois é. Um vinho gelado demais, com taninos muito evidentes ou escondendo sabores de frutas ficam logo redondos depois de seis ou sete segundos num microondas. (Não esqueça de retirar a cápsula protetora da rolha; ou mesmo substituir tampas metálicas por rolha: no microondas nada de metal).
Nunca congele o vinho. Pois, sim. Cubos de gelo feitos a partir sobras de vinhos são ótimos para usar em saladas. O mesmo com espumante congelado. A bebida vai ficar como neve derretida dentro da garrafa, na verdade, uma saborosa raspa de gelo, ótima para ser usada em pratos frios, um toque muito especial e elegante.
Quanto mais velho, melhor. Quer dizer: você compra o vinho e o deixa na sua adega (ou debaixo da escada) por cinco, dois anos? Ou por cinco minutos? Pois saiba que 95% de todos os vinhos produzidos no mundo são feitos para serem bebidos assim que chegam em casa. Não perca tempo, amiga.
Gire a taça gentilmente. Mas se, de repente, você erra a mão, e vai vinho para tudo quanto é lado. Eu não penso duas vezes: tampo a boca da taça com a palma da mão e giro, giro bem. E aí é que vou sentir os aromas. Se ainda não se liberaram, repito a operação. Não tem vinho que não “fale” com você depois desse “susto”.
Nunca misture vinhos. Em Bordeaux, França, os vinhos por lei são misturados: Cabernet Sauvignon com Merlot, com Cabernet Franc, com Petit Verdot, com Malbec, com Carmenère. Os blends mais comuns hoje são os da Cabernet com Merlot e com a Cabernet Franc. Ora, se temos na mesa, um tinto áspero e outro mais suave, vale misturá-los para ver como é que fica. Brinque de cientista. Descubra sabores novos e entenda melhor o trabalho dos vinicultores.
Não bagunce o vinho. Aprendi sobre acidez lendo livros da famosa Jancis Robinson. Numa limonada sem açúcar, você vai ajustando a acidez colocando açúcar. Faça o mesmo com seu vinho. Se achar que um branco poderia ficar melhor mais ácido, coloque umas gotinhas de limão. Se estiver pra lá de ácido, coloque um tantinho de açúcar. Nada de desistir da taça à sua frente.
Vinho barato é vinho ordinário. Os esnobes garantem isso: vinho bom é caro. Verdade? Alguns vinhos são caros ora porque são escassos, ora porque o famoso crítico deu-lhe mais de 90 pontos, ora porque ficaram na moda. Às vezes, a razão está na longínqua região onde foram produzidos ou do alto custo da mão-de-obra. Mas hoje em dia, no mesmo instante em que um produtor fica na moda e encarece seu vinho, aparece outro com um vinho fabuloso bem baratinho. O segredo é procurar, buscar dicas com pessoal informado, inclusive na sua loja de confiança.
Fuja da caixa. Besteira: os vinhos em caixa devem ser apreciados. As caixas (ou “bag-in-box”, com um saco plástico lá dentro à prova de oxigênio) são hoje uma das mais confiáveis maneiras de conservar vinhos. E os produtores estão cada vez mais utilizando vinhos de boa qualidade. As versões nacionais são ótimas: o Marco Luigi Bag-in-box Tributo Cabernet Sauvignon vem numa caixa de 5 litros. A Valduga também (linha Alto Vale, para tintos e brancos). Idem, a Amadeu, a Aurora, a Dal Pizzol, a Garibaldi, entre outras. Você não sabe como é prático, econômico, seguro. E igualmente delicioso. Conserva o vinho durante meses e inalterado da primeira à última gota.
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