Apenas comentários sobre duas notícias que li recentemente e que dizem respeito à presença dos vinhos em nosso cotidiano e ao desenvolvimento da imagem que se faz dessa bebida, como elitista, esnobe, pretensiosa, um mundo nada banal, colocado no topo do Olimpo, livre de todas as mazelas. Será?
Uma polícia de sommeliers. A Associação Italiana de Sommeliers, em Roma, acaba de diplomar 25 oficiais de elite do seu esquadrão antifraude (lá chamados de Carabinieri del Nac) como sommeliers. Não é pouca coisa.
Pois é: a Polícia Militar italiana está se equipando com pessoal especializado para combater fraudes na indústria do vinho. Ainda agora, descobriram uma quadrilha internacional que contrabandeava vinhos da Itália para a Alemanha e Dinamarca. Eles transportavam vinhos de mesa simples, baratos e sem rótulo da Puglia e do Piemonte, mas com nova identidade, travestidos de Barolos, Brunellos di Montalcino, Amarones e Chiantis, vinhos famosos e bem mais caros.
Eles acabavam em supermercados, restaurantes e até na internet. Vinhos custando menos de dois euros eram vendidos ao público por 100 euros.
A produtora de um dos vinhos falsificados, Rafaella Bologna, disse que o trabalho era até sofisticado, que só poderia ter sido realizado por alguém bem familiar com o seu vinho. “Não só os rótulos com as caixas de madeira eram boas cópias, como a própria bebida, que, apesar de não ter nada com o seu Barbera, tinha o mesmo nível alcoólico mencionado no rótulo”.
E foi a nova brigada de policiais sommeliers que ajudou a acabar com essa rede de falsificadores. Essa equipe opera em parceria com o Ministério da Agricultura e participa de investigações especiais em conjunto com o Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF), como foi o caso dos vinhos vendidos na Alemanha e Dinamarca.
A missão é, no mínimo, muito difícil. As fraudes são limitadas apenas pela imaginação humana e acontecem desde que a bebida começou a ser um item importante no comércio entre os povos, desde os egípcios, fenícios, gregos, romanos etc., até hoje.
Mas as leis mudam conforme os tempos. Na Grécia antiga era impensável tomar um vinho sem diluí-lo com água. Hoje, na maioria dos países, é crime adicionar água à bebida. Acrescentar açúcar durante a fermentação melhorando a presença do álcool é outra controvérsia. Na França de Napoleão, o ministro Chaptal tornou a prática legal e respeitável (daí o termo chaptalização). Mas em regiões mais quentes, onde o fruto amadurece com boa quantidade de açúcar, esse uso é evitado ou ilegal. Era comum, no século XVIII, misturar os caros Bordeaux com vinhos mais baratos do Ródano ou do sul da França. Hoje é crime.
A revista Wine Spectator estima que 5% de todo o vinho produzido no mundo é falso. E adulterar rótulos seja talvez o crime mais comum. Os prósperos, nascentes e inexperientes mercados asiáticos, em particular o chinês, sofrem mais com essa prática. Em 2002, centenas de garrafas do Château Lafite-Rothschild, de uma safra pobre, a de 1991, receberam rótulos de uma colheita aclamada, a de 1982. E foram vendidas na China.
As autoridades italianas juram que seus policiais feitos sommeliers, mesmo disfarçados como civis, não vão beber em serviço. Será?
E aqui, como seria? A prática de “dar uma cervejinha” pro guarda seria abolida? Aquelas garrafas de cachaça sem rótulos nos pés-de-chinelo seriam apreendidas? Seriam chamados de “Milícia do Vinho”? Andariam em dupla, como faziam os “Cosme-Damião” de antanho? Um bebe e o outro é que fica tonto?
Relaxe e goze. Que tal degustar o Cabernet Seduction (Cabernet Sedução) ou o Chardonnay Foreplay (Chardonnay “Amasso” – ou “Preliminares” – não encontrei outras possibilidades para Foreplay)?
Sim, esses vinhos foram servidos, dia 15 último, a uma seleção de convidados lascivos, com um acompanhamento de queijos exóticos, trufas refinadas e frutos banhados em chocolate – tudo ao som de poesia erótica.
O local foi o mais apropriado possível: uma loja de produtos eróticos muito bem considerada em Nova York, a Babeland, que oferece, entre outros, cursos de sexo oral e uma centena de brinquedinhos eróticos de ponta (sem segundas intenções).
A Babeland, propriedade exclusiva de um grupo de mulheres, foi o lugar escolhido pela Perfect Palate New York para apresentar a sua soirée especial, a “Degustação de Vinho Erótico”. A Perfect Palate é uma empresa que planeja eventos privados envolvendo o vinho. Quer fazer uma degustação (por assim dizer) no seu jatinho? Chame-os: o serviço é completo, das taças, aos vinhos e ao serviço. Ah, esse então: eles oferecem as suas (e seus) Sexy Sommeliers, que fazem as coelhinhas do Playboy parecerem moças do colégio Sion (a ministra Marta Suplicy passou por lá – pelo Sion, bem entendido). São garotas e rapazes que qualquer crítico daria 90 pontos ou mais. A empresa diz que seu objetivo é mudar a maneira pela qual o vinho é visto, “eliminar a associação comum com a pretensiosidade”.
Sim, é verdade que a indústria do vinho sofre com essa imagem de elitismo, esnobismo – que afasta o consumidor, em particular os mais jovens. Há esse jargão estranho dos críticos, a maneira pela qual a bebida é reverenciada, a etiqueta rebuscada do serviço – uma imagem de “alta cultura” jogando o vinho para um Olimpo difícil de escalar.
Mas aí é que está: moravam no Olimpo deuses e deusas pra lá de sacanas. Eles odiavam, amavam, invejavam, guerreavam, gatunavam, fuxicavam, extrapolavam tal como os mortais. O antropomorfismo era completo.
É antiga essa história de vinho e sexo. Não estou falando do mundo clássico, das orgias dionisíacas. Temos, hoje, sites “de vinho” especializados em encontros amorosos (veja o Wine Lovers Meet), bem como revistas (como a Wine Adventure Magazine, onde colabora a Baronesa Sheri de Borchgrave, autora do autobiográfico “Uma ligação perigosa”, de corar o fauno mais libidinoso), jornais, blogs etc. A lista é grande.E o sexo é o destaque.
Sim, muitos tratam o vinho como sedução, sensualidade, romance, quando querem dizer sexo. A Perfect Palate diz que busca eliminar o nexo do vinho com esnobismo, mas, claro, sem perder de vista maiores vendas.
Se não há “pretensiosidade”, há o risco da banalização: do sexo e do vinho. E o vinho pode ser muitas coisas, menos uma bebida banal.
Só espero que os convidados no Babeland tenham evitado os brinquedinhos de origem chinesa. Quanto ao tema vinho e sexo, a alternativa é relaxar e gozar.
A amiga já fez alguma degustação erótica? Conte aqui para a Soninha, no soniamelier@terra.com.br
Da Adega
Associe-se à SBAV. Não perca essa oportunidade, amigas: quem se associar à SBAV-Rio ainda esse mês estará isenta da taxa de adesão, pagando mensalmente o valor de R$40,00, semestralmente R$ 200,00 (isenta de uma mensalidade) e anualmente R$400,00 (isenta de 2 mensalidades).
A SBAV, Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho, surgiu em 1980, formada por pessoas que se reuniram com a intenção de agrupar apreciadores de vinho que quisessem aprender e aprofundar seus conhecimentos num assunto tão vasto, além de difundi-lo. A entidade cresceu e hoje existem SBAVs em São Paulo, Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Blumenau, Serra Gaúcha, Novo Hamburgo e São Leopoldo), Pará (Belém), Ceará (Fortaleza), Minas Gerais (Belo Horizonte), Rio Grande do Norte (Natal), Brasília, Pernambuco (Recife), Amazonas (Manaus), Alagoas (Maceió) e recentemente no Rio de Janeiro.
A SBAV-Rio oferece cursos, degustações, harmonizações, viagens orientadas e vinícolas, entre um variado cardápio de serviços.
Fale com a Alice Nunes: SBAV-Rio, Av. Repórter Nestor Moreira, 11, Botafogo - Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22.290-210. Telefone: 21-2543-2382 ou sbav-rio@sbav-rio.com.br e www.sbav-rio.com.br
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Mas as leis mudam conforme os tempos. Na Grécia antiga era impensável tomar um vinho sem diluí-lo com água. Hoje, na maioria dos países, é crime adicionar água à bebida. Acrescentar açúcar durante a fermentação melhorando a presença do álcool é outra controvérsia. Na França de Napoleão, o ministro Chaptal tornou a prática legal e respeitável (daí o termo chaptalização). Mas em regiões mais quentes, onde o fruto amadurece com boa quantidade de açúcar, esse uso é evitado ou ilegal. Era comum, no século XVIII, misturar os caros Bordeaux com vinhos mais baratos do Ródano ou do sul da França. Hoje é crime.
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2 comentários:
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