Por que as caixas de vinho têm 12 garrafas? Qual tipo de vinho engorda mais: o tinto ou o branco? Por que encontramos rolhas de diferentes tamanhos? São as perguntas da semana, todas, de certo modo, relativas a tamanhos, a segunda, então, de particular importância para nós, pois diz respeito às calorias, ao tamanho de nossas cinturinhas. Olha, seria mais fácil responder o porquê dos 18 buracos dos campos oficiais de golfe.
Principalmente a primeira pergunta. A resposta mais simples seria: não sei. Não encontrei nenhuma referência, nada em enciclopédias de vinho, nem mesmo no Google e nem na “Bíblia”, o Oxford Companion to Wine, da Jancis Robinson, que tanto cito aqui. Apenas uma rápida dica antiga do Robin Garr. O jeito é improvisar a partir dessa dica.
Principalmente a primeira pergunta. A resposta mais simples seria: não sei. Não encontrei nenhuma referência, nada em enciclopédias de vinho, nem mesmo no Google e nem na “Bíblia”, o Oxford Companion to Wine, da Jancis Robinson, que tanto cito aqui. Apenas uma rápida dica antiga do Robin Garr. O jeito é improvisar a partir dessa dica.
As caixas com 12 garrafas. Elas teriam essa apresentação por uma questão de tradição, baseada no tamanho e formato da caixa, que é razoavelmente fácil para qualquer adulto levantar e guardar em algum canto com segurança. Pensando bem, o peso das garrafas de vinho varia um pouco, mas por uma verificação caseira podemos dizer que uma garrafa típica cheia possa pesar até 1,4 quilos. Assim, uma caixa de 12 chega a pesar quase 17 quilos. Não é tão fácil assim de carregá-la.
Mas como seria uma caixa com 11 garrafas ou com 13? Sobrariam espaços nas caixas, haveria desordem na arrumação das garrafas.
Uma caixa com 9 garrafas arrumadas em 3 fileiras de 3 garrafas ficaria muito pequena. Uma de 16 garrafas (4 fileiras de quatro garrafas) ficaria muito mais pesada. A de 10 garrafas (2 fileiras de 5) resultaria numa caixa longa e estreita demais: onde arrumar um canto para ela? Mas o citado Robin Garr já viu dessas caixas. Pior ainda seria uma caixa com 14 garrafas (duas fileiras de 7). Mas já vi ocasionalmente caixas de 15 garrafas (3 fileiras de 5).
E assim voltamos ao número mágico de 12, em 3 filas de 4 garrafas: a alternativa mais razoável.
Qual o mais calórico: o vinho tinto ou o branco? Nenhum dos dois, segundo o médico Geoff Kalish (o primeiro colunista sobre vinho e saúde, com uma coluna na revista Wine Spectator, onde debutou em 1980).
“A cor do vinho não faz diferença em termos de calorias”. O que pesa é o nível alcoólico. Uma taça com 120 ml de vinho com 12% de álcool terá umas 120 calorias. Uma taça com o mesmo volume de vinho (seja lá qual for a sua cor) mas com 14% terá entre 140 e 160 calorias. Com 16% de álcool ficamos entre 160 e 190 calorias. Nossa!
Para o especialista, o açúcar residual no vinho (nenhum vinho é totalmente seco: há sempre uma sobra de açúcar) não influencia muito. O problema é com o álcool, que proporciona mais calorias por grama do que o açúcar. Prosecco, Champagne Brut são exemplos de vinhos de baixa caloria.
Seria o caso, então, de eliminarmos os vinhos de nossa dieta para reduzirmos calorias? O médico afirma que não. “Pesquisas já demonstraram que uma pequena quantidade de vinho numa dieta para perda de peso pode na verdade agir como um supressor do apetite, tanto pelo nível alcoólico quanto pela quantidade de pectinas”. (A pectina é uma substância encontrada em frutos e vegetais e muito utilizada como espessante pela indústria alimentícia, em particular, nas gelatinas).
“Mas esse efeito supressor não acontece em tintos mais jovens e com muitos taninos”. O Dr. Geoff Kalish explica que os taninos são benéficos à nossa saúde, mas não atuam como supressores do apetite. (Essa entrevista apanhei em outro blogueiro, também muito citado aqui: o Dr. Vino).
O tamanho das rolhas. Sim, temos rolhas de vários tamanhos. E isso quer dizer o quê? Essas variações podem indicar diferenças na qualidade dos vinhos. É claro que o leitor já topou ora com rolhas curtas, ora mais longas e por vezes as que ficam na entre umas e outras.
Talvez a primeira coisa que notamos ao retirar uma rolha seja o seu tamanho. E daí: sejam compridas ou curtas cumprirão sempre a sua missão de impedir a entrada do ar, certo?
Em princípio, sim. Mas pelo tamanho da rolha dá para deduzirmos com alguma segurança o que o vinicultor tinha em mente ao escolher uma determinada dimensão de rolha para tampar o vinho que você acabou de abrir. Se a rolha é curta, o provável é que o vinho que protege foi feito para ser consumido imediatamente. Nada de ficar “envelhecendo” na adega.
O vinho faz contato com a superfície inferior da rolha, se devidamente armazenado na horizontal, de modo a que a cortiça não se resseque, deixe entrar o ar e facilitar a saída do líquido. E essa é outra observação a fazer: se essa ponta está seca é um sinal de que o vinho foi guardado na vertical. Um mau sinal.
Mas esse contato vai aos poucos como que corroendo, degradando a base da rolha. E se ela for curta poderá facilitar a entrada do ar mais rapidamente, inutilizando o vinho. Podemos verificar esse tipo de dano ao retirá-la: sua superfície costuma estar um tanto esfacelada.
Ocorre que as rolhas curtas costumam ser mais ordinárias, não apresentando a densidade das mais longas: e esse é outro indício das intenções do produtor ao escolher que rolha utilizar.
Fica claro que se a rolha é mais longa (e densa) o produtor antecipa um vinho de maior qualidade, feito para consumo em alguns meses, talvez alguns anos. Alguns contra-rótulos costumam dar essa informação. Com a rolha mais longa o processo de desgaste vai continuar existindo, só que resistirá um tempo bem maior e, com sua maior densidade, as possibilidades de danos serão bem menores.
Contudo, como sempre, pode haver algum truque nessa história. Não necessariamente uma tramóia contra o consumidor. Alguns produtores se utilizam de rolhas bem longas para efeito de imagem, um “exibicionismo”, como ensina Jancis Robinson no seu Oxford Companion to Wine. É o caso, por exemplo, do Barolo do famoso Gaja, o mais renomado produtor de vinhos de qualidade do Piemonte. Enquanto as rolhas curtas têm em média 45 mm e as longas chegam aos 52 mm, as dele são exclusivas e chegam aos 60 mm. Haja saca-rolhas (e força no braço)!
Um terceiro tipo de observação é dado pelo que vem impresso nas rolhas: ora é algo do tipo “Engarrafado na propriedade”, apenas a safra, um logotipo, ditos de humor. Ou nada: outro mau indício.
E, de volta à questão do tamanho: você já deve saber que 80% dos vinhos foram feitos para consumo rápido. E grande parte deles é deliciosa. É quando tamanho não é documento. Beba logo o seu vinho.Em que ocasiões, amigas, tamanho é documento? Vale qualquer resposta.
Mas como seria uma caixa com 11 garrafas ou com 13? Sobrariam espaços nas caixas, haveria desordem na arrumação das garrafas.
Uma caixa com 9 garrafas arrumadas em 3 fileiras de 3 garrafas ficaria muito pequena. Uma de 16 garrafas (4 fileiras de quatro garrafas) ficaria muito mais pesada. A de 10 garrafas (2 fileiras de 5) resultaria numa caixa longa e estreita demais: onde arrumar um canto para ela? Mas o citado Robin Garr já viu dessas caixas. Pior ainda seria uma caixa com 14 garrafas (duas fileiras de 7). Mas já vi ocasionalmente caixas de 15 garrafas (3 fileiras de 5).
E assim voltamos ao número mágico de 12, em 3 filas de 4 garrafas: a alternativa mais razoável.
Qual o mais calórico: o vinho tinto ou o branco? Nenhum dos dois, segundo o médico Geoff Kalish (o primeiro colunista sobre vinho e saúde, com uma coluna na revista Wine Spectator, onde debutou em 1980).
“A cor do vinho não faz diferença em termos de calorias”. O que pesa é o nível alcoólico. Uma taça com 120 ml de vinho com 12% de álcool terá umas 120 calorias. Uma taça com o mesmo volume de vinho (seja lá qual for a sua cor) mas com 14% terá entre 140 e 160 calorias. Com 16% de álcool ficamos entre 160 e 190 calorias. Nossa!
Para o especialista, o açúcar residual no vinho (nenhum vinho é totalmente seco: há sempre uma sobra de açúcar) não influencia muito. O problema é com o álcool, que proporciona mais calorias por grama do que o açúcar. Prosecco, Champagne Brut são exemplos de vinhos de baixa caloria.
Seria o caso, então, de eliminarmos os vinhos de nossa dieta para reduzirmos calorias? O médico afirma que não. “Pesquisas já demonstraram que uma pequena quantidade de vinho numa dieta para perda de peso pode na verdade agir como um supressor do apetite, tanto pelo nível alcoólico quanto pela quantidade de pectinas”. (A pectina é uma substância encontrada em frutos e vegetais e muito utilizada como espessante pela indústria alimentícia, em particular, nas gelatinas).
“Mas esse efeito supressor não acontece em tintos mais jovens e com muitos taninos”. O Dr. Geoff Kalish explica que os taninos são benéficos à nossa saúde, mas não atuam como supressores do apetite. (Essa entrevista apanhei em outro blogueiro, também muito citado aqui: o Dr. Vino).
O tamanho das rolhas. Sim, temos rolhas de vários tamanhos. E isso quer dizer o quê? Essas variações podem indicar diferenças na qualidade dos vinhos. É claro que o leitor já topou ora com rolhas curtas, ora mais longas e por vezes as que ficam na entre umas e outras.
Talvez a primeira coisa que notamos ao retirar uma rolha seja o seu tamanho. E daí: sejam compridas ou curtas cumprirão sempre a sua missão de impedir a entrada do ar, certo?
Em princípio, sim. Mas pelo tamanho da rolha dá para deduzirmos com alguma segurança o que o vinicultor tinha em mente ao escolher uma determinada dimensão de rolha para tampar o vinho que você acabou de abrir. Se a rolha é curta, o provável é que o vinho que protege foi feito para ser consumido imediatamente. Nada de ficar “envelhecendo” na adega.
O vinho faz contato com a superfície inferior da rolha, se devidamente armazenado na horizontal, de modo a que a cortiça não se resseque, deixe entrar o ar e facilitar a saída do líquido. E essa é outra observação a fazer: se essa ponta está seca é um sinal de que o vinho foi guardado na vertical. Um mau sinal.
Mas esse contato vai aos poucos como que corroendo, degradando a base da rolha. E se ela for curta poderá facilitar a entrada do ar mais rapidamente, inutilizando o vinho. Podemos verificar esse tipo de dano ao retirá-la: sua superfície costuma estar um tanto esfacelada.
Ocorre que as rolhas curtas costumam ser mais ordinárias, não apresentando a densidade das mais longas: e esse é outro indício das intenções do produtor ao escolher que rolha utilizar.
Fica claro que se a rolha é mais longa (e densa) o produtor antecipa um vinho de maior qualidade, feito para consumo em alguns meses, talvez alguns anos. Alguns contra-rótulos costumam dar essa informação. Com a rolha mais longa o processo de desgaste vai continuar existindo, só que resistirá um tempo bem maior e, com sua maior densidade, as possibilidades de danos serão bem menores.
Contudo, como sempre, pode haver algum truque nessa história. Não necessariamente uma tramóia contra o consumidor. Alguns produtores se utilizam de rolhas bem longas para efeito de imagem, um “exibicionismo”, como ensina Jancis Robinson no seu Oxford Companion to Wine. É o caso, por exemplo, do Barolo do famoso Gaja, o mais renomado produtor de vinhos de qualidade do Piemonte. Enquanto as rolhas curtas têm em média 45 mm e as longas chegam aos 52 mm, as dele são exclusivas e chegam aos 60 mm. Haja saca-rolhas (e força no braço)!
Um terceiro tipo de observação é dado pelo que vem impresso nas rolhas: ora é algo do tipo “Engarrafado na propriedade”, apenas a safra, um logotipo, ditos de humor. Ou nada: outro mau indício.
E, de volta à questão do tamanho: você já deve saber que 80% dos vinhos foram feitos para consumo rápido. E grande parte deles é deliciosa. É quando tamanho não é documento. Beba logo o seu vinho.Em que ocasiões, amigas, tamanho é documento? Vale qualquer resposta.
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