Pergunta: Sônia, um dos presentes que ganhei no Natal foi um maravilhoso jogo de taças de vinho, todas em cristal. Ouvi dizer que louças de cristal contêm chumbo, um veneno. Devo ou não usar essas taças?
Resposta: O mais seguro seria usar essas taças apenas no período de uma refeição. O cristal vai desprender mínimas partículas de chumbo com praticamente nenhum risco para a nossa saúde. Isso foi demonstrado por uma pesquisa realizada em 1991 pela Universidade de Colúmbia, Estados Unidos. O governo canadense também fez o mesmo teste e verificou que no espaço de tempo de uma refeição a quantidade de chumbo liberada por uma taça de cristal no vinho está bem abaixo da concentração de chumbo numa bebida permitida pelas leis do Canadá: 200 partes por bilhão.
A legislação brasileira a respeito, através de uma Portaria de março de 1996, da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (veja aqui) determina que vasilhames contendo metais pesados como o chumbo podem chegar até uma concentração de 4,0 mg/kg. Mas observa que “o cristal fica permitido para fabricação de artigos de uso doméstico, somente destinados a contatos breves e repetidos com alimentos”. As refeições estão entre esses “contatos breves”.
Isso porque não devemos colocar nessas taças (ou em qualquer vasilhame de cristal, com um decantador) bebidas ácidas (vinhos brancos, suco de laranja – ou de qualquer fruto cítrico) que tenha ficado nelas por mais de duas horas.
O cristal é um vidro que pode conter até 35% de óxido de chumbo, o que torna o vidro denso, menos quebradiço, translúcido e bem mais atraente, pelo seu intenso brilho. Se friccionarmos o corpo de uma taça de cristal com o dedo, ele vai ressoar como se fosse um sino. A taça de vidro comum não gosta muito de música.
Na União Européia, louças contendo menos de 4% de chumbo são definidas como vidro. A partir de 10% passam à categoria de cristais. Peças com mais 30% de chumbo são as de cristal de alta qualidade – categoria em que provavelmente estão as taças da leitora. Nos Estados Unidos, o rigor é maior: o vidro é considerado “cristal” com apenas 1% de chumbo.
No Brasil, apenas os vidros borossilicatos e sódio-cálcicos são permitidos para fabricação de embalagens e equipamentos para qualquer contato com os alimentos. Os de cristal, só por “breves momentos”.
Aqui, até o uso de chumbo em materiais de pesca (em anzóis e chumbadas) está proibido (serão substituídos por materiais como argila, areia e pó de pedra). Tintas à base de chumbo também estão sob controle.
Riscos. Exposição a níveis altos de chumbo podem causar vômitos, diarréia, convulsões, coma. E até a morte. Anemia é um problema comum, perda de apetite, dores abdominais, constipação, fadiga, insônia, irritabilidade, dores de cabeça, problemas nos rins, até danos ao sistema nervoso central.
As crianças são mais suscetíveis à contaminação, pois seus corpos absorvem o chumbo mais facilmente e seus sistemas nervosos, ainda em desenvolvimento, são rápida e permanentemente prejudicados pelos efeitos do metal. A Saúde Pública dos EUA estima que entre 5 e 10% das crianças americanas carregue uma quantidade nociva de chumbo em seu sangue.
Em concentrações maiores, o envenenamento pelo chumbo leva a ataques apoplécticos, coma e morte. Em níveis de baixos a moderados pode causar desvios de atenção, perda de audição, insônia, crescimento retardado, dificuldades de aprendizado, dores de cabeça e de estômago.
O vinho e o chumbo. Era prática comum na Europa “batizar” os vinhos com aditivos de chumbo, de modo a preservá-los e a adoçá-los – isso desde os tempos dos antigos romanos. Eles adoravam temperos doces. O mais popular deles era o defrutum, um xarope feito de suco de uvas: cozinhava-se o mosto em panelas de chumbo. Submetido a mais radical redução, esse xarope era chamado de sapa, que tinha sabor e aromas agradáveis. Pois a sapa era empregada regularmente como aditivo do vinho e também no preparo de vários pratos da cozinha romana.
O chumbo pode causar, entre vários problemas, infertilidade e a uma alta taxa de mortalidade infantil. Daí que muitos autores concluem que a digestão do defrutum e o fato de comer-se e beber-se em utensílios de bronze contendo chumbo foi um fator a contribuir para o declínio do império romano.
O hábito de batizar o vinho com essa mistura rica em chumbo foi, sem dúvidas, responsável por um grande número de epidemias e mortes. Mas apenas no século 17 é que essa prática foi reconhecida como originária dos vinhos. Na época, esse mal era conhecido, entre outros nomes, como a “Cólica de Poitou”.
Quem descobriu a origem da doença foi Eberhard Gockel, médico da cidade de Ulm, Alemanha, na época o principal centro de comércio de vinho do país. Uma infestação de cólica na cidade, em 1690, resultou em sérias perdas econômicas para a cidade. E, em razão das descobertas de Gockel, o Duque Eberhard publicou uma lei rigorosamente proibindo a adulteração do vinho com óxido de chumbo. As punições incluíam até a morte.
O nome “Cólica de Poitou” tem origem na região em volta da cidade de Poitou (habitada no tempo dos romanos pela tribo dos Pictones), uma antiga província da França, cuja capital era Poitiers (é atualmente a região de Poitou-Charentes). Poitou tinha triste fama tanto pelos seus vinhos rançosos como pela longa endemia de cólica convulsiva e dolorosa sofrida há tempos pelos seus habitantes. A doença causava danos no sistema nervoso central, levando à paralisia, cegueira e, com freqüência, à morte.
O médico Gockel era, sobretudo, muito astuto. Ele cuidava dos monges de dois mosteiros em Ulm, cujos monges bebiam do mesmo vinho, na mesma quantidade, todos os dias. E caíram doentes ao mesmo tempo, com os sintomas da famosa cólica. Os monges que não bebiam desse vinho não foram afetados. Não foi difícil para o médico descobrir a origem do mal.
O Duque de Ulm merece também nossos aplausos: ele talvez tenha publicado a primeira lei da história em defesa dos consumidores.
Assim, leitora, use muito pouco os seus cristais. Apenas por “breves momentos”, durante as refeições. E evite guardar vinhos ou qualquer outra bebida em decantadores de cristal. Mas não jogue fora as suas taças. Elas podem virar lixo e o o seu chumbo contaminar o solo, as plantas e os animais. E, no fim, numa simplória alface, estar de volta à nossa mesa
Da Adega
Liquidação na Expand. A sua hora de ter um importado de qualidade por preços camaradas chegou. Todas as 35 lojas da importadora, entre 10 e 31 de janeiro, vão colocar mais de 70 rótulos com descontos que chegam aos 50%. Não duvide, veja só alguns exemplos:
Resposta: O mais seguro seria usar essas taças apenas no período de uma refeição. O cristal vai desprender mínimas partículas de chumbo com praticamente nenhum risco para a nossa saúde. Isso foi demonstrado por uma pesquisa realizada em 1991 pela Universidade de Colúmbia, Estados Unidos. O governo canadense também fez o mesmo teste e verificou que no espaço de tempo de uma refeição a quantidade de chumbo liberada por uma taça de cristal no vinho está bem abaixo da concentração de chumbo numa bebida permitida pelas leis do Canadá: 200 partes por bilhão.
A legislação brasileira a respeito, através de uma Portaria de março de 1996, da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (veja aqui) determina que vasilhames contendo metais pesados como o chumbo podem chegar até uma concentração de 4,0 mg/kg. Mas observa que “o cristal fica permitido para fabricação de artigos de uso doméstico, somente destinados a contatos breves e repetidos com alimentos”. As refeições estão entre esses “contatos breves”.
Isso porque não devemos colocar nessas taças (ou em qualquer vasilhame de cristal, com um decantador) bebidas ácidas (vinhos brancos, suco de laranja – ou de qualquer fruto cítrico) que tenha ficado nelas por mais de duas horas.
O cristal é um vidro que pode conter até 35% de óxido de chumbo, o que torna o vidro denso, menos quebradiço, translúcido e bem mais atraente, pelo seu intenso brilho. Se friccionarmos o corpo de uma taça de cristal com o dedo, ele vai ressoar como se fosse um sino. A taça de vidro comum não gosta muito de música.
Na União Européia, louças contendo menos de 4% de chumbo são definidas como vidro. A partir de 10% passam à categoria de cristais. Peças com mais 30% de chumbo são as de cristal de alta qualidade – categoria em que provavelmente estão as taças da leitora. Nos Estados Unidos, o rigor é maior: o vidro é considerado “cristal” com apenas 1% de chumbo.
No Brasil, apenas os vidros borossilicatos e sódio-cálcicos são permitidos para fabricação de embalagens e equipamentos para qualquer contato com os alimentos. Os de cristal, só por “breves momentos”.
Aqui, até o uso de chumbo em materiais de pesca (em anzóis e chumbadas) está proibido (serão substituídos por materiais como argila, areia e pó de pedra). Tintas à base de chumbo também estão sob controle.
Riscos. Exposição a níveis altos de chumbo podem causar vômitos, diarréia, convulsões, coma. E até a morte. Anemia é um problema comum, perda de apetite, dores abdominais, constipação, fadiga, insônia, irritabilidade, dores de cabeça, problemas nos rins, até danos ao sistema nervoso central.
As crianças são mais suscetíveis à contaminação, pois seus corpos absorvem o chumbo mais facilmente e seus sistemas nervosos, ainda em desenvolvimento, são rápida e permanentemente prejudicados pelos efeitos do metal. A Saúde Pública dos EUA estima que entre 5 e 10% das crianças americanas carregue uma quantidade nociva de chumbo em seu sangue.
Em concentrações maiores, o envenenamento pelo chumbo leva a ataques apoplécticos, coma e morte. Em níveis de baixos a moderados pode causar desvios de atenção, perda de audição, insônia, crescimento retardado, dificuldades de aprendizado, dores de cabeça e de estômago.
O vinho e o chumbo. Era prática comum na Europa “batizar” os vinhos com aditivos de chumbo, de modo a preservá-los e a adoçá-los – isso desde os tempos dos antigos romanos. Eles adoravam temperos doces. O mais popular deles era o defrutum, um xarope feito de suco de uvas: cozinhava-se o mosto em panelas de chumbo. Submetido a mais radical redução, esse xarope era chamado de sapa, que tinha sabor e aromas agradáveis. Pois a sapa era empregada regularmente como aditivo do vinho e também no preparo de vários pratos da cozinha romana.
O chumbo pode causar, entre vários problemas, infertilidade e a uma alta taxa de mortalidade infantil. Daí que muitos autores concluem que a digestão do defrutum e o fato de comer-se e beber-se em utensílios de bronze contendo chumbo foi um fator a contribuir para o declínio do império romano.
O hábito de batizar o vinho com essa mistura rica em chumbo foi, sem dúvidas, responsável por um grande número de epidemias e mortes. Mas apenas no século 17 é que essa prática foi reconhecida como originária dos vinhos. Na época, esse mal era conhecido, entre outros nomes, como a “Cólica de Poitou”.
Quem descobriu a origem da doença foi Eberhard Gockel, médico da cidade de Ulm, Alemanha, na época o principal centro de comércio de vinho do país. Uma infestação de cólica na cidade, em 1690, resultou em sérias perdas econômicas para a cidade. E, em razão das descobertas de Gockel, o Duque Eberhard publicou uma lei rigorosamente proibindo a adulteração do vinho com óxido de chumbo. As punições incluíam até a morte.
O nome “Cólica de Poitou” tem origem na região em volta da cidade de Poitou (habitada no tempo dos romanos pela tribo dos Pictones), uma antiga província da França, cuja capital era Poitiers (é atualmente a região de Poitou-Charentes). Poitou tinha triste fama tanto pelos seus vinhos rançosos como pela longa endemia de cólica convulsiva e dolorosa sofrida há tempos pelos seus habitantes. A doença causava danos no sistema nervoso central, levando à paralisia, cegueira e, com freqüência, à morte.
O médico Gockel era, sobretudo, muito astuto. Ele cuidava dos monges de dois mosteiros em Ulm, cujos monges bebiam do mesmo vinho, na mesma quantidade, todos os dias. E caíram doentes ao mesmo tempo, com os sintomas da famosa cólica. Os monges que não bebiam desse vinho não foram afetados. Não foi difícil para o médico descobrir a origem do mal.
O Duque de Ulm merece também nossos aplausos: ele talvez tenha publicado a primeira lei da história em defesa dos consumidores.
Assim, leitora, use muito pouco os seus cristais. Apenas por “breves momentos”, durante as refeições. E evite guardar vinhos ou qualquer outra bebida em decantadores de cristal. Mas não jogue fora as suas taças. Elas podem virar lixo e o o seu chumbo contaminar o solo, as plantas e os animais. E, no fim, numa simplória alface, estar de volta à nossa mesa
Da Adega
Liquidação na Expand. A sua hora de ter um importado de qualidade por preços camaradas chegou. Todas as 35 lojas da importadora, entre 10 e 31 de janeiro, vão colocar mais de 70 rótulos com descontos que chegam aos 50%. Não duvide, veja só alguns exemplos:
Terralis Bi-varietal – Trivento Bodegas (Argentina) - De R$ 13,90 Por R$ 9,90
Viña Enterizo Crianza – Bodegas Coviñas (Espanha) – De R$ 38,00 Por R$ 26,60
Montefino Reserva – Monte da Penha (Portugal) - De R$ 89,00 Por R$ 60,50
Fortant de France Syrah – Robert Skalli (França) - De R$ 35,00 por R$ 24,50
Prosecco VSAQ La Pieve – Wisco (Itália) - De 45,00 por R$ 31,50
O nome do evento é Expand Sale. Você pode parcelar os pagamentos em duas vezes para compras acima de R$ 200,00. De R$ 300,00 para cima, divide em 3 vezes. Valem cartões (VISA, Mastercard, Dinners e American Express).
Mais informações pelo telefone (11) 3847-4747. Saiba onde estão as lojas Expand aqui.
Curso Intensivo de Vinhos. Não perca o Curso Intensivo do Grupo de Estudos e Degustação de Vinhos. Vai de 14 a 18 de janeiro, no Hotel Porto Bay Rio Internacional (Av. Atlântica, 1.500, Copacabana). Serão degustados 40 vinhos, ministradas 30 horas de aulas – que cobrirão, com degustações e almoços harmonizados, os vinhos do Novo e Velho mundo e os vários estilos de vinho.
Mais informações com pelo telefone (21) 8606-1506 ou com o Mike, via riomikewines@yahoo.com.
Viña Enterizo Crianza – Bodegas Coviñas (Espanha) – De R$ 38,00 Por R$ 26,60
Montefino Reserva – Monte da Penha (Portugal) - De R$ 89,00 Por R$ 60,50
Fortant de France Syrah – Robert Skalli (França) - De R$ 35,00 por R$ 24,50
Prosecco VSAQ La Pieve – Wisco (Itália) - De 45,00 por R$ 31,50
O nome do evento é Expand Sale. Você pode parcelar os pagamentos em duas vezes para compras acima de R$ 200,00. De R$ 300,00 para cima, divide em 3 vezes. Valem cartões (VISA, Mastercard, Dinners e American Express).
Mais informações pelo telefone (11) 3847-4747. Saiba onde estão as lojas Expand aqui.
Curso Intensivo de Vinhos. Não perca o Curso Intensivo do Grupo de Estudos e Degustação de Vinhos. Vai de 14 a 18 de janeiro, no Hotel Porto Bay Rio Internacional (Av. Atlântica, 1.500, Copacabana). Serão degustados 40 vinhos, ministradas 30 horas de aulas – que cobrirão, com degustações e almoços harmonizados, os vinhos do Novo e Velho mundo e os vários estilos de vinho.
Mais informações com pelo telefone (21) 8606-1506 ou com o Mike, via riomikewines@yahoo.com.
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