2.2.05

Vinho e moda

A colunista de vinhos norte-americana Leslie Sbracco, autora do “Wine for Women: A Guide to Buying, Pairing and Sharing” (“Vinho para Mulheres: Um Guia para Comprar, Harmonizar e Partilhar”), livro lançado em 2003, não aceita muito bem as analogias e terminologias criadas principalmente pelos homens. Acha que as mulheres entenderão melhor os vinhos se comparados à moda e a culinária, por exemplo.

Para ela, a sensibilíssima uva Pinot Noir, estrela dos tintos da Borgonha e da maioria dos grandes Champagnes e uma das principais personagens de “Sideways”, filme de grande sucesso, indicadíssimo para o Oscar, pois para ela essa uva é “luxuriante, toda cetim e seda”. A Sauvignon Blanc é “uma fresca e alvíssima camisa branca”.

Os produtores de vinho da Califórnia dão muita atenção ao que Sbracco fala e escreve, pois as mulheres norte-americanas são responsáveis por 80% dos dólares gastos em compras. E a jornalista tem grande audiência junto ao público feminino.

Sbracco acha que homens e mulheres têm diferentes pontos de vista com relação ao vinho. “Os homens falam de preços, cotações. Mulheres preocupam-se mais com estilos de vida, sabor e aromas e não com notas. Ficam mais na área do prazer que a bebida pode oferecer”, diz a autora.
“Quando falo que um vinho feito com a uva Zinfandel está mais para “a calça de couro”, tenho certeza que as mulheres, envolvidas com moda, entenderam direitinho que tipo de vinho é esse”.

O que Sbracco pretende é tornar os textos e as palestras sobre vinho mais interessantes, mais intrigantes, mais divertidas. Ela está mais do que certa. Às vezes acho que os comentários sobre vinhos, feitos por homens lembram as mesas redondas de futebol, onde meninas não entram.

Por outro lado, com o novo jargão da Leslie Sbracco, a dificuldade pula para o lado dos homens. Continua tudo na mesma. Não vejo nada de vintage na criação da colunista.

Vintage
. Por falar em moda e em vintage, vale a pena ler o Sérgio Rodrigues em sua imperdível coluna “A Palavra é...”, publicada no site no mínimo:

Vintage

20.01.2005 Eis uma palavra da moda nos dois sentidos: está na moda e pertence ao vocabulário da moda, aquele falado por gente ligada ao mundo dito fashion. Como se trata de uma subcultura em que, mais do que na sociedade em geral, ser não-jovem é considerado de profundo mau gosto, a palavra vintage, importada do inglês, cumpre a difícil missão de significar algo que consegue ser ao mesmo tempo antigo e, acredite se quiser, maravilhoso.

O sentido original de vintage é safra, o ano em que foi colhida a uva de determinado vinho. No fim das contas a palavra é herdeira do latim vindemia (colheita), que deu ainda, em português, “vindima”. Mas o uso operou uma extensão no sentido de vintage: além do ano de fabricação de algo, sua própria antiguidade.

Funciona assim: um Fusquinha 67 é um carro velho, mas um Cadillac do mesmo ano é um carro vintage.


Sonia Melier tem endereço novo:
soniamelier@terra.com.br .

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